27. Why?

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Bruna

Meus pensamentos estavam agitados. Felizmente, não estava exausta como pensei que ficaria depois da minha volta a Londres.

Tinha dormido o suficiente na viagem de Inglaterra até Brasil mas ainda sentia um leve cansaço disposta a relaxar um pouco até chegar em casa.

Eu já tinha conhecimento de que não conseguiria chegar no mesmo dia como planejado para aproveitar os últimos dia deles cá.

Ao chegar, a casa estava silenciosa já imaginando que todos nela estariam dormindo.

Carreguei as malas até ao quarto e por fim me joguei na cama, respirando fundo.

“Pensei que ia morar lá, huh?” ouvi alguém dizer e me virei lentamente para ele, sorrindo de forma fraca.

“Eu pensei que voltaria o mais cedo possível porque queria voltar assim que o desfile acabasse mas... Digamos que eu dormi por umas horinhas depois dele.” sorri desajeitada e ele gargalhou, fechando a porta do quarto.

“E está tudo bem?”

“Ah, sim. Não estou com sono mais... Só preciso de descansar.” expliquei.

“Por que não conversou comigo sobre isso de voltarmos?” ele perguntou depois de um tempo em silêncio e eu semicerrei os olhos incrédula.

“Quê?” perguntei confusa.

“Marcelo conversou com você depois daquilo da cave, suponho... E nesta tarde, falou que você havia pensado na idéia de voltarmos. A minha pergunta é: por que você não falou comigo sobre isso antes?” explicou e senti meus lábios secarem pela quantidade de tempo que ficara de boca aberta absorvendo aquela informação.

“Eu... Você vai acreditar em tudo que Marcelo diz?” mudei de humor, gargalhando de forma fria.

“Tem razão... Eu devia ter analisado o que esse merda disse.” ele falou em tom receoso e eu ri com aquilo.

“Foi tão ruim assim?” perguntei curiosa.

“Por que a pergunta?” ele questionou o confuso.

“Porque se veio pro meu quarto assim, parecendo que vai explodir é porque foi grave ou algo do gênero.” expliquei gesticulando e ele riu se aproximando.

“Na verdade não... Eles só estouraram um champanhe sem álcool e as crianças beberam o resto comemorando a nossa suposta volta.” ele comentou divertido e embora estivesse surpresa, ri com aquilo.

“Eles estavam torcendo tanto assim para a nossa volta?” ironizei e ele sorriu de lado.

“Eles e eu...” comentou me olhando diretamente e senti meu peito inflar com a pequena confissão vinda do jogador.

Eu claramente não esperava por aquilo.

“O que quer dizer com isso, Neymar?” perguntei com uma enorme necessidade de confirmar.

“Desculpa. Eu sonhei muito alto.” riu sem humor enquanto se sentava na beira da cama.

“E que sonho foi esse? Posso realizar se quiser.” brinquei sorrindo fraco vendo ele me olhar sério.

“Não brinca com isso, Bruna.” ele implorou.

“Desculpa, eu não quis te machucar.” confessei e ele deu de ombros respirando fundo.

“Lembra de quando eu fiquei bravo pelo jeito que me tratou lá embaixo?” perguntou e eu assenti.

“Lembro.” falei devagar.

“E você acabou vindo atrás de mim por reparar nisso. Aí eu expliquei por que estava bravo e você falou que era tudo automático. Que você provavelmente me maltrataria de propósito mas não foi o caso...?” perguntou novamente e eu fiquei curiosa com aquilo.

“Sim, Neymar... Eu lembro.”

“Você acabou por estourar e confessou que me tratava assim porque não suporta ficar ao meu lado e quando ia explicar o porquê, Gabriel entrou pela porra daquela porta.” ele relembrou e eu mordi o lábio receosa, sabendo onde ele queria chegar.

“Você quer saber por que não suporto ficar perto de você, certo?” questionei e ele assentiu lentamente enquanto eu me preparava psicologicamente para aquilo.

Minutos. Se passaram minutos enquanto nada saía de minha boca.

Eu estava ficando louca com aquilo. Com aquele silêncio, com ele me olhando...

“Fala alguma coisa, Bruna.” ele pediu em sussuros e eu não pude evitar desejar que alguém entrasse por aquela porta e interrompesse tudo.

Eu não tinha saída.

Novamente, me assemelhava à um animal indefeso.

Que não tinha escapatória.

“Tudo bem, Neymar. Eu só quero antes dizer que não estou te pressionando à nada. É apenas como eu me sinto.” falei piscando devagar e ele bufou.

“Para de enrolar e fala logo, caralho!” ele insistiu e eu sorri de lado.

“Foram seis anos ao seu lado e nunca me acostumei com sua distância. A verdade é que eu me sinto estranha quando estou ao seu lado por precisamente estar ao seu lado e não como sua namorada. Depois que terminamos, digo, você terminou comigo, eu não consegui raciocinar direito. Era como se uma parte de mim tivesse esvaído e aquela sensação não me era nova. Sempre que terminavámos eu me sentia mal, me arrependia e sentia uma tremenda vontade de voltar atrás e pedir desculpa mesmo que fosse você o errado. Pedido desculpa por ter concordado com a idéia estúpida de acabarmos com o nosso relacionamento. Ney, eu não suporto ficar ao seu lado porque quando estou, sinto que devia estar te abraçando, te beijando e te dando as devidas carícias como temos feito durante o namoro. Eu não suporto você por isso... Por ter esses lábios que me fazem apaixonar neles. Por ter esse seu jeito rude e sincero que eu compreendo plenamente. Eu não suporto você por você ser você. Alguém por quem estou apaixonada e amo incondicionalmente.” desabei e ele me encarou surpreso, sorrindo lentamente enquanto eu olhava para baixo, também surpresa por ter tomado coragem.

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