After Us

31. Ignore?

Neymar

Já eram 21:29 e como esperado, estávamos atrasados para a viagem.
Eu iria para Espanha com eles, obviamente, e pegaria um vôo para França.

Bruna ainda não tinha descido desde que tinha se trancando no quarto por minha culpa.
E depois de segundinhos, já estava entrando no carro para nos levar sem sequer, falar com alguém.

Grandes merdas.

Apenas arrumamos tudo e entramos no carro. E eu — claramente — me sentei ao seu lado, no banco de passageiro.

“Quer conversar sobre aquilo?” sussurrei enquanto ligava o rádio e ela continuou olhando os edifícios por quais passávamos sem responder. “Bruna, eu tô falando com você.”

Bufei ao constatar de que ela estava me ignorando e não fazia nem questão de olhar para mim naquele trajeto.

“Tia, quando podemos voltar?” ouvi Enzo perguntar.

“É, eu quero voltar também!” Maria se intrometeu.

“Quando quiserem! Falem com os pais de vocês e podem visitar a tia quando quiserem.” ela comentou olhando para trás por breves segundos e então olhou para frente novamente enquanto ouvíamos o coro infantil dizer “oba”.

“Quando tivermos férias podemos perturbar a tia Bruninha.” Marcelo falou fazendo cócegas em seus filhos que logo gargalharam.

E o caminho de sua casa ao aeroporto foi preenchido por gargalhadas, cantoria e piadas enquanto eu me mantinha quieto, sem querer atrapalhar o momento feliz de Bruna depois da nossa pequena briga.

Agora, estávamos no aeroporto e já eram 21:49 e esperando nossa chamada.

“Fala com ela, anda!” Philippe falou se aproximando com Maria em seu colo, que estava adormecida.

“Eu já tentei no carro mas ela me ignorou.” falei cabisbaixo enquanto mexia o celular.

“E como você tem certeza de que ela ouviu o que você disse?” insistiu.

“Porque quando o Enzo perguntou quando podiam voltar, ela respondeu na hora enquanto eu perguntava se ela quer conversar sobre o que aconteceu.” dei de ombros, guardando o celular no bolso da calça.

“E o que aconteceu exatamente? Eu só apanhei ela chorando e gritando com você. Fiquei mó confuso... Barraco da porra! Osh.” ele falou parecendo estar indignado e eu gargalhei.

“Eu falei merda do trabalho dela. Indiquei que a nossa distância era por conta do emprego dela e ela se defendeu dizendo que era o que ela gostava de dizer e...” me cortei automaticamente.

“Não fala as coisas na metade senão quem te deixa na metade sou eu.” ameaçou e eu mordi o lábio.

“Eu falei que o que ela gosta de fazer me perturba.” dei de ombros vendo ele quase deixar cair Maria que pelo sono pesado, não resmungou.

“Você ficou maluco, cara?” ele perguntou incrédulo.

“Eu me desculpei mas ela é cabeça dura demais...” falei e ele rolou os olhos.

“Depois de praticamente você chamar o emprego dela de merda, você acha que ela vai correr pros seus braços? Ah, vai tomar um chá.” se exaltou.

“E não foi só isso.” sussurrei.

“Porra, você é uma máquina de fazer merda mano. Qual foi?”

“Eu falei que ela ficava arranjando motivo pra gente terminar e depois ela dizia que me amava. E ela chorou nessa parte porque pensou que eu estivesse dizendo que ela não me amava.” falei rápido demais mas pelo olhar bruto, pude perceber que ele compreendeu.

“Não adianta falar com um jumento desse. Você me irrita, pô!” ele murmurou se afastando e caminhando até sua mulher.

A chamada foi feita e já começaram as despedidas na Bruna.

Apenas caminhei até ela, respirando fundo e desejando que ela não me ignorasse dessa vez.

“Então vou nessa...” falei assim que todos se afastaram, ficando a sós com ela.

“Boa viagem, Preto!” ela sorriu tristonha.

Eu senti que ela tinha perdoado, mas não esquecido e suspirei.

“Desculpa mesmo. Eu nunca desconfiaria de você.” insisti e ela assentiu.

“Sim, claro que não.” ela assentiu compreensiva e respirou fundo.

“Eu sei que ainda tá brava mas quando chegar eu ligo pra você e faço questão que seja vídeo-chamada.” falei e ela apenas assentiu.

Ouvi a chamada novamente e voltei a realidade, a abraçando e dando um beijo rápido, ouvindo alguns gritos e correndo logo depois.

(N/A): FELIZ ANO NOVO GALEROUS!