- A Anciã: Três. -

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( Revisado )

Chegando aos arredores de Muzga, a cidade luz, a velha começava a novamente se prevenir. Abach já sobrevoava os céus, o dia começava a amanhecer e desde que partiu de Thodia, passou-se três dias. Fez os caminhos mais difíceis, para que não fosse perseguida, tinha em sua consciência que alguém sempre estivesse a persegui-la, mas isso nem sempre era certo.

De sua saída de Thodia à aproximação de Muzga, a pedra que usou a três dias atrás ficou inativa, não emitindo luz alguma desde então, para a alegria da anciã.

Caminhando pelo árido deserto e suas trilhas monótonas, a velha segurava seu cajado e algumas bolsas com dinheiro, sua ave rodeava os ares e de longe já começava a avistar Muzga, a cidade luz. De longe conseguia ver as quatro monumentais torres do fogo, uma delas, bem alta onde uma chama ficava acesa durante um período indeterminado, todos os dias homens levavam madeiras e coisas sem importância para essas chamas continuarem a queimar, segundo a crença local que as chamas atraem os devotos de Tendar'nyx.

A cidade de Muzga era muito aberta, como entrada da cidade, grandes arcos de pedras, formando como se fossem dragões colossais, era grande o fluxo das pessoas e das carroças que traziam e levavam mercadorias para dentro da cidade e para fora dela, a velha foi se aproximando e Abach a seguindo pelos céus, percebia que ela era pouco notada, que era o seu desejo. Caminhando vagarosamente pelas ruas e observando tudo atentamente enquanto segurava seu cajado, que era uma espécie de madeira meio entortada, via as barracas de frutas, barracas de jóias e também ferreiros, muitos deles espalhados, observou uma enorme catedral na cidade, chamada de Catedral dos Dragões uma espécie de seita do quais os dragões eram louvados, ela resolveu entrar para conferir, já que também era devota dos tais.

Abach pousou sob a face de um dragão quando a velha entrou na catedral, já entrando pelas enormes portas de madeira com enfeites em ouro e bronze, observou um grande salão, inúmeros bancos de madeira e um imenso altar com castiçais com velas, feitos de prata e alguns de bronze também, no fundo em cima do altar um enorme quadro de um dragão maior que os outros quatro dragões, o fundo preto com tons azuis e também pequenas esferas de carnes, que talvez fossem os humanos.

A velha retirou seu capuz, revelou um rosto já cansado e levemente enrugado, cabelos extremamente brancos e finos, alguns fios se soltaram quando o capuz arrastava pelo cabelo levando-os. Ela ficava impressionada com aquilo tudo, seus olhos não estavam acostumados a ver tamanha beleza e monstruosidade, ela caminhou lentamente até um imenso corredor, de enfeites com pedras e incensos como mirra e almíscar.

– Em que posso ajudá-la senhora?

A velha assustou-se com a voz, olhou rapidamente e quase acertou o jovem com seu cajado que estava portando. O jovem era de uma estatura média, devia ter entre seus treze ou catorze anos, uma pele queimada de sol e olhos extremamente azuis.

– Nada. Obrigado. – Uma voz suave, porém, rouca a velha pronunciou.

– Então tudo bem. – Ele se virou, estava vestindo uma calça e camisa bege, a calça era amarrada com um tecido azul, seus braços estavam de fora, ele carregava uma caixa de madeira e ia caminhando em direção ao altar, havia algo nas costas que chamou a atenção da velha.

Ela então olhou para aquilo com certa curiosidade, logo abaixo de sua nuca, uma marca, ou melhor, uma cicatriz. Ela rapidamente pegou sua pedra que estava guardada e virou-se para olhá-la, sem que os outros percebessem, a pedra começava a emitir uma luz amarelada, a velha logo a guardou e ficou encarando o jovem.

– Menino... Você... Poderia me ajudar?

Ele então estranhando as pausas entre as palavras da velha, olhou vagarosamente para ela, deixava suas caixas ao chão ali, caminhou em direção à velha.

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