- A Tempestade -

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Já se passaram três dias desde aquele ataque ao porto de Heafalls, onde o capitão Hriggi e mais um monte de pessoas acabaram morrendo, inclusive Elirah que não estava mais com o bando desde então.

Humple não havia pregado os olhos, apesar dele não ter sono normalmente agora com tudo isso acontecendo, não dormiria tão logo, ainda mais por que estavam nas águas do Mar Turbulento, onde poucos navios conseguem fazer a travessia para o outro lado, que é o continente de Bahavia.

Animal estava na gávea e sempre ficou por lá, Jon e Symes sempre ajudavam o agora capitão a fazer os serviços do navio assim como Helenna que fazia a supervisão dos elfos. Bapolda estava um pouco adoecida e estava deitada, Filícia cuidava da velha, Linstiel e Trina estavam na cozinha, a missão das duas era cozinhar. Juunl e Jeffle trabalhavam no convés, limpavam, enrolavam algumas cordas e deixavam o navio em ordem e também pescavam, para suprir as necessidades deles e entregar os peixes para as cozinheiras.

Já era cerca de meio dia, pois o sol quente já estava no topo dos céus bem ao meio, ele banhava tudo e todos com seus raios solares, mas os piratas dali pouco se importavam com aquilo, o problema deles era o mar e o sol ali queimando tudo era sinal de que tempestades não se aproximariam.

- Humple, está tudo bem? – Perguntou Symes ao homem, sua aparência era de cansaço e de desgaste, estava também a alguns dias sem dormir direito ali. – Você não diz nada desde quando partimos.

O homem negro continuou calado observando o horizonte e os céus com nuvens e o sol, ele logo se virou para o companheiro, estava com a expressão neutra, era difícil distinguir o que ele estava sentindo.

- Estou bem, Symes. Não estou a falar, por que estou preocupado com esse mar. Nós nunca sabemos quando uma tempestade virá, mas creio que por hora estamos livres delas. – Ele bateu no ombro do amigo. – Onde estão as elfas?

- Na cozinha, senhor. – Disse o homem.

- Assuma o leme por mim, irei conversar com elas. – Mais a frente estava Jon que ajudava Jeffle e Juunl com algumas cordas e passar um esfregão no convés, o navio estava imundo de verdade. – Depois quero falar com você, Jon. – Tocou as costas do rapaz.

- Pois não, capitão. – Disse ele largando uma corda que estava enrolando.

- Em particular, se possível. – Ele disse sério e continuou a caminhar em rumo ao deque para ir até a cozinha.

Abriu a primeira porta em sua frente e logo viu Trina e Linstiel na cozinha, preparavam alguns peixes com batatas e algumas frutas, as garrafas de vinho e de rum eram poucas, portanto, não podiam abusar da bebida durante esse tempo ao mar. Humple pigarreou para chamar a atenção de ambas que olharam assustadas para ele.

- Humple! – Trina fazia uma expressão de susto. – O que faz por aqui, aconteceu algo por lá?

- Não, nada demais. Vim para dizer que quero conversar a sós com vocês duas, esta noite. – Humple pegou uma maça e a abocanhou. – Vão até minha cabine ao anoitecer.

- Algo de errado, capitão? – Disse Linstiel, estava meio assustada, parecia saber de algo, mas não demonstrava nada.

- Saberão quando precisarem saber, agora preciso ir. – Ele disse, dando outra mordida na fruta. – Até mais tarde então, elfas.

Elas assentiram com a cabeça e continuaram a preparação da comida, ainda era de manhã, mas no barco, não se podia comer muito, até por que, o balanço das águas podia causar certo enjôo em alguns, principalmente em Bapolda. O capitão seguiu para fora e adentrou o deque, foi até as camas e observou a velha, essa estava completamente desacordada, um pano molhado em sua testa indicava que a febre dele era constante, o homem pegou o pano e sentiu que o mesmo estava bastante quente, torceu-o em um balde ao lado da cama e pegou outro pano, molhou na água de um segundo balde e colocou o pano sob a testa da mulher, logo depois, voltou ao convés.

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