- O Continente Gelado. -

23 3 42
                                    

De Tarvos até a Ponte da União, eram alguns dias, cada dia mais que passavam pelas florestas e campos, mais gelados ficavam, o norte era extremamente frio e congelante. Passaram então três dias, sofridos dias para Agamenon, Ney e Dun'Ha, comiam pouco, pois a comida era difícil naquele frio mortal.

Durante esses dias, Ney não era mais o mesmo, após o ocorrido com Elirah e Jeffle, ele se tornou mais compacto, se tornou mais quieto e estrategista, em um dia ele conseguiu dominar sua habilidade, agora ele já entendia como as coisas funcionavam, nesses dias saqueadores tentaram o pegar, mas nenhum foi capaz de pegar o Fantasma, Dun'Ha o apelidou assim, já que sua habilidade permitia que ele atravessasse qualquer coisa, sem se ferir.

Dun'Ha ainda não havia descoberto sua magia, tentou de muitas maneiras provar do que era capaz, mas nada conseguia fazer, o mesmo dizia que ele podia controlar a neve, mas não passava de uma brincadeira sem graça do homem. Agamenon continuava o mesmo, ele era sempre aquele velho homem que era tratado como mestre por todos.

Estavam próximos a tal ponte, as plantas já com pouco de neve sobre elas e o chão que anteriormente era de terra árida, agora se unia com uma neve rasa e gelada. Seus pés já não conseguiam se aquecer, suas botas de couro fino já não eram capazes de fazer o serviço que lhe cabiam. A grandeza da ponte era impressionante, foi construída na era passada quando ainda os homens buscavam uma união entre eles. Construída com imensos blocos de pedras e com cordas e cipós amarrados, fazendo com que as pedras se unissem em uma só, a extensão da ponte era incontável, muitos metros, talvez até mesmo milhas, haviam alguns pilares representando os homens que ajudaram a trabalhar cada pilar continha mais ou menos de quinhentos a seiscentos nomes esculpidos fazendo-os serem eternamente conhecidos.

O velho homem estava na frente como de costume, Ney e Dun'Ha o seguiam, já haviam pisado na ponte fazia algum tempo, porém, a neblina por ali era completamente intensa, mal viam um palmo na frente dos olhos, quanto mais o que os aguardava lá na frente.

- Ainda vai demorar? – Perguntou com um tom de voz neutro, Dun'Ha.

- Acabamos de começar a caminhada pela ponte. Acredito que daqui algum tempo conseguiremos estar do outro lado. – Disse Agamenon esfregando as duas mãos, para se aquecer. – Isso é, se não morrermos de frio.

- Como assim? – Assustado, levantou uma das sobrancelhas e questionou a posição do velho homem.

- Muitos já morreram congelados nessa ponte. Abaixo de nós, está o mar, logo, quando mais próximo da água o clima é sempre mais refrescante e frio, como o norte propõe, o acúmulo de ventos dos oceanos nessa direção é extremamente freqüente, a ponte tem mais de seiscentos pés de altura, logo, quanto mais alto, mais frio e como estaremos bem ao meio do fluxo do vento. Estaremos completamente ferrados. – Balbuciou o velho homem e depois soltou uma leve gargalhada. – Temos dois impuros aqui, um vento gelado não vai nos matar. – Voltou a gargalhar.

- Quanto à isso, não sei ao certo, mas não estou sentindo tanto frio assim. – Revelou Dun'Ha, que arregaçava as mangas de seu casaco de pele de carneiro. – Na verdade não estou sentindo muita coisa faz tempo. Será que essa não é minha magia?

- O que quer dizer?

- Não tenho certeza, mas quando não penso sobre o assunto e não faço minha mente lembrar do que aconteceu aquele dia, eu sinto frio e sinto qualquer outra coisa, mas quando vou utilizar minha magia assim como Ney e Elirah faziam, eu passo a não sentir nada, nem frio, nem calor, nem mesmo dor. – Revelou Dun'Ha encarando os olhos de Agamenon que agora parava para ouvir a notícia.

- Então quer dizer que se eu cortar o seu braço, você não vai sentir dor alguma? Mas vai continuar a perder sangue e morrer. – Falou Ney, meio que debochando dos poderes do companheiro. – Acredito que pode ser um fator surpresa, mas não uma grande magia.

As Crônicas de Zaz - O Arauto da Magia - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora