- A Anciã: Um -

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( Revisado )

Após uma longa noite de sono, acordou. Levantou pegou seu manto e colocou-o sobre seus ombros, naquela altura, onde morava era incrivelmente frio, pegou o que sempre se tinha para comer, pão e água. Raramente tinha algo diferenciado disso, algumas frutas ou plantas comestíveis, carnes, nem pensar. Sua alimentação sempre foi saudável por isso a experiência na idade.

– Mais um dia... Mais um dia...

Como de costume estava na varanda de sua casa, lá tinha uma cadeira onde ficava observando o mundo todo de sua casa, que fica no pico de uma montanha, a montanha mais alta do mundo. A montanha chegava a ultrapassar as nuvens do céu, e ela vivia a sós ali, não havia ninguém e já havia um longo tempo de que não tinha contato com ninguém a não ser seu único amigo, uma ave de rapina.

Tratava da ave todos os dias, pegava algumas espécies de grãos e sementes de plantas e frutas as colocando para a ave comer, diariamente duas vezes por dia ela fazia isso. Após alimentar a ave, saía um pouco de moradia, dava uma duas voltas pelo caminho da montanha que levava até o pico, até certa parte para vigiar se não existem invasores ou saqueadores por ali. Sempre ia vigiar, parecia esconder algo em sua casa, mas era somente questão de prevenção mesmo. Ela escolheu essa vida, e decidiria que iria morrer assim mesmo.

Pegou um pedaço linha, já velho por causa dos anos, uma espécie de cachecol inacabado, pegou dois paus que serviam como agulhas de crochê, e começou a tecer. Passava horas tecendo, quando percebeu o sol já estava no topo do céu, hora programada para se alimentar novamente. De novo, pegou um pouco de frutas e dessa vez misturou com grãos, bateu tudo com uma espécie de pilão e aquilo formou uma pasta gosmenta. Colocou-a em um copo feito de madeira das árvores próximas a sua residência, colocou o copo próximo a ela e voltou a tecer seu cachecol.

Novamente foi até a varanda deixando seu cachecol de lado, percebeu uma rápida movimentação das nuvens, o sol era coberto pelas nuvens, mesmo em sua casa onde elas estavam abaixo de seus pés, elas subiram a ponto de fazer um completo nublado em sua moradia. Ela ficou observando aquilo, não demorou muito para que começassem a ficar mais escuras, como ela estava no meio da neblina, podia sentir a umidade nelas, chuva viria e seria logo. Entrou novamente para sua casa, fechou algumas portas, pegou sua ave que estava bem agitada devido ao mau tempo. Guardou a ave dentro de um quarto, onde era bem compacto, trancou a porta com as chaves que viviam em seus bolsos de sua única túnica cinzenta e velha. Começou a andar pela casa desesperada, de um lado para o outro, começou a morder a parte superior do seu polegar, umas espécie de ritual para aliviar a tensão, voltou novamente para a varanda para contemplar a neblina.

Desta vez a neblina estava mais densa, como ela se encontrava em uma região bem elevada os ventos chegavam a quase ser cortantes de tão fortes, seu corpo era quase levado pelo vento, mas se agarrou em um pilar feito da mesma madeira do copo. As nuvens começaram a ficarem pretas, carregadas, e então a chuva começou a cair, no início era leve e fina, ela correu e fechou toda a sua casa pegou mais um manto velho que tinha ali e correu para a varanda de novo. Logo a chuva já apertou, os pingos grossos e grandes caíam sobre o telhado de sua casa, a cada pingo parecia que estavam jogando pedras, logo os trovões começaram a surgir, ela de perto os via e a cada trovão seus olhos percebiam algo de anormal.

Após algum tempo assistindo os trovões, ela novamente voltou para dentro da casa, retirou seu manto todo molhado e o jogou no próprio chão, estava meio desesperada, pegou um pouco de grãos e abriu a porta onde sua ave estava, colocou-os para ela comer e novamente fechou a porta. Procurou por ali um alçapão, retirou um armário de madeira do lugar e abriu dando origem a um baú escondido no chão, ela o pegou com certa dificuldade, sua idade já era bem avançada e as dores na coluna a incomodando não era algo novo. Abriu o baú e procurou por algo com apenas a vista, aparentemente não o encontrou, começou a jogar rapidamente algumas coisas no chão como livros antigos, colares, anéis e ouro. Os pingos, que pareciam pedras, tomavam conta do desespero da mulher, a deixavam além de agitada, e nervosa, também impaciente. Ao terminar de retirar quase metade dos objetos daquele baú que era até um pouco maior do que o normal e todo preto, feito de um metal bem antigo e resistente. Ela então finalmente achou o que queria uma luz quase no fundo do baú, sendo coberta por um pano branco, a luz emitida era vermelha com tons de amarelo. Ela arregalou seus olhos, pegou aquilo e então amarrou um pedaço de couro em volta e prendeu em sua cintura, pegou mais alguns pedaços de couro e colocou em sua cintura também, foi até a sala onde seu animal de estimação estava e então o cobriu com um manto cor de pele, pegou-o e saiu casa a fora no meio daquela tremenda tempestade.

As Crônicas de Zaz - O Arauto da Magia - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora