Lembro...

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Deixa eu falar um pouco sobre minha vida fora do ambiente profissional, afinal tenho família, amigos e um crush, o Rodrigo. Inclusive, ele era muito parecido comigo na questão da organização, então por esse motivo ainda nos entendíamos. Ainda.

Meu mozão daquela época era o tipo de homem que eu gosto, aquele que a química é inevitável, começando pelos olhos pretos, o bocão carnudo, pele negra bem escura, firme, gostosa de tocar. Alto e grandão em vários sentidos, estudante de Educação Física com físico invejável, voz grave e alta que me fazia tremer nas bases.

O conheci no ônibus quando eu estava iniciando o ensino médio e ele no terceirão. Só pra vocês terem noção, eu era virgem até então, teria continuado porque era muito tímido e inseguro com minha aparência e achava tudo meio nojento no contato físico. Só que demorei quase dois anos pra deixa-lo chegar mais perto e aceitar as caronas quando ele saía da faculdade e passava no colégio estadual onde eu estudava.

No primeiro amasso eu já me perdi todo. Rodrigo é grande, sempre aproveitando-se disso pra me abraçar muito e fazer minha cabeça encostar no seu peitoral, ouvir o coração calmo e sentir seu cheiro. Minha primeira vez foi meio bosta, mesmo sendo com ele, porque eu acreditava que seria uma delícia conforme lia nos contos eróticos. Ainda assim tudo foi feito com calma e no meu tempo porque nunca consegui fazer nada sem planejar e executar à minha maneira.

— Gatinho —  ele me chama assim —  tenho uma surpresinha pra daqui a pouco quando tu bater o ponto.

— Tá, meu horário do café tá terminando e não posso ficar com o celular, você sabe.

— Vou te apertar gostoso. Morder essa bunda empinada... Hoje tô de folga  e com o maior tesão, meu gatinho. 

— Mozão, eu tô no refeitório da empresa, para com isso já.

— Nossa, e o que faço com essa boca sexy?

— A tua boca é sexy também... mas fecha ela agora que preciso levantar da mesa e ir ao banheiro.

— Tá, beijo. Passo aí pra te ver então. 

Isso foi quando fizemos um ano de namoro e ele foi me buscar de moto. No dia ele ficou na frente da portaria e percebi que puxou conversa com uma menina (colega de outro setor) e que depois desse dia, passou a ficar estranho comigo. Eu tava de cabeça quente e no caminho contei pra ele como que foi meu dia não muito agradável, Antônio passou o tempo todo falando:

"Não tô dizendo que você não tem capacidade, mas não é fácil pra aprender."

"Eu já faço de olhos fechados, esses lançamentos."

"Hã?"

"Ah entendi... você é leigo"

"Tô há três anos nesse setor, tenho facilidade de aprender."

"Olha, quase tudo o que eu sei, fui aprendendo sozinho."

"Vai fazendo e se não entender alguma coisa, me chama."

— Antônio, eu não entendi nada de nada, tu precisa sentar do meu lado e explicar. Olha, eu não sei mexer no sistema só pra início de conversa, não entendo nada de notas fiscais.

— Naaa, fica tranquilo, novato. Eu tenho bastante conhecimento, vou te passando aos poucos, senão é muita coisa pra tua cabeça.

Em resumo, no segundo dia no setor eu não aprendi nada. Ele que me fez colocar uma cadeira do lado da sua e falou (mais se gabou que qualquer outra coisa), falou e falou. Há cada momento dizia que estava atucanado, até as tampas de tanto serviço e não fez uma coisa e nem outra.

Amor VirginianoOnde histórias criam vida. Descubra agora