Senti falta de um mozão pra me mimar mesmo que fosse só durante a semana... só não sentia mais falta porque o Antônio não falava mais da namorada na minha frente ou qualquer assunto que lembrasse ROMANCE. Porque é bem assim, a gente tá carente, parece que as pessoas fazem de propósito e falam de coisas legais que dá pra fazer a dois.
Antônio deu uma melhorada com relação aquele ninho de rato que sempre tinha em cima de sua mesa. E, não havendo um motivo pra pegar no seu pé, fui me acomodando.
Eu percebia a curiosidade brilhando nos seus olhos. Naquelas sardas, eu via a expressão de inocentão que me fazia refletir se ele não tava só se fazendo de besta pra matar sua curiosidade e talvez de mais pessoas. Ou será que por trás desse jeito enigmático tinha um cara sensível? Porque eu já tinha levado um namoro em banho-maria por um ano e passar por algo do tipo outra vez, era um pouco demais.
Talvez a gente pudesse ter amizade e conversar, porque não?
Quem sabe o tempo permitisse alguma intimidade que não fosse exatamente sexo ou assuntos relacionados à isso.Eu sabia de uma coisa: ele devia ser evitado a todo o custo em nome da namorada que não merecia fazer papel de palhaça. Na verdade isso é algo que ninguém merece. Eu senti na pele o que era ter uma pessoa cheia de mistério e não foi nada legal. Confesso que por uns dois meses, eu fiquei pensando muito no quanto a expectativa frustrada de paquerar meu colega me afetou.
Ele tava triste... eu pressenti isso.
Por aqueles meses eu descobri que o Victor não teve sucesso com o "falecido" e pior, não sei se dava pra crer nele, mas fiquei sabendo que o Rodrigo ainda tinha alguma esperança comigo e que por isso não me ligava, porque eu deveria tomar a atitude, segundo ele, pois queria a certeza que valia a pena se assumir. Recebi essa notícia com aquela cara de cu de quem não acredita.
— Se ele quer se assumir, não precisa que eu corra atrás. Assumir é uma questão pessoal. Ele tá achando que sou besta ou que continuo sendo besta.
— Eu até entendo que tu ficou chateado com ele, mas... é tu tá certo, migo. Não é fácil nem pra gente que já é do babado, a gente sabe como é, mas se o cara fica um ano inteiro com a mesma pessoa, não é possível que não toque no coração.
Eu e o Vi estávamos mesmo um tanto próximos. Mas tem explicação:
"mantenha os amigos próximos e os viados perigosos ainda mais próximos". Inclusive a desculpa que ele me deu, pra ter tanta intimidade com o meu ex, é que já o conhecia. Como se eu fosse burro. Ou ele pensa que nunca mais vamos nos falar.Eu que não ia ligar. Não tinha mais tesão no cara e sabia que ia entrar pelo cano pela segunda vez.
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— Wolf! Não dá pra te elogiar mesmo. Olha essa quizumba na tua mesa! Tu consegue achar uma caneta nisso daí?
— Ah, eu tenho essa daqui... espera... tava aqui... ué sumiu?
— Essa?
— Obrigado. — ele tá sério.
— Tá me ignorando porque?
Não gosto disso. Eu posso ser ruim e ignorar alguém, mas ele que não se atreva a fazer isso comigo.
— Tô concentrado. Depois arrumo tudo.
Como que é? Isso não tá certo. Ele não pode ter mudado assim. Aconteceu alguma coisa e eu vou xeretar. Apelo pra boa e velha pergunta direta.
— Levou esporro da chefe? Ou brigou com a cocóta?
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Amor Virginiano
RomanceFinalizado! Vander é de Virgem, perfeccionista e impaciente. Vander conhece Antônio que é exatamente o seu oposto: bagunceiro e zen, desligado mesmo, pra traduzir ao pé da letra. Ambos precisam ceder. Será que isso vai acontecer? Venha se estressar...