Será?

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Como que eu poderia descontar alguma coisa no Antônio se ele faltou a semana inteira? Eu estava engasgado com a ausência estranha do mozão que já havia se esforçado mais no passado e finalmente eu abria meus olhos.

Com dezenove anos não temos maturidade, temos paixão e sangue quente, mas eu me lembrei das palavras da mana e da Vanda e decidi endurecer o coração mesmo que ele terminasse comigo. Duvidei que isso ia acontecer porque ele sempre foi ciumento e grude, daquele jeito né.

— Aeeeeê Vandeco! Olha essa mesa que chuchu beleza. Foi você que limpou né?

Olhei em volta pra dizer que não poderia ser outra pessoa, mas ele não entendeu e rindo, com duas covas fundas nas bochechas, disse:

— Ah a tia Cris que limpou. O que deu nela?

— Fui eu ─ SEU MONTE, eu completo mentalmente. — joguei um monte de lixo no lixo e vê se você mantem arrumado.

— Naaa, sem problemas.

— Sim, agora tem uma lixeira embaixo da sua mesa, fica mais fácil. E também cuida com o café porque tava tudo encardido.

Ele senta virado pra mim, me olha dos pés a cabeça e continua a sorrir. Ai que filho da mãe.

— Vou só arrumar do meu jeito — ele fala, eu desanimo e a vida segue, porque antes das dezoito horas, tem papéis espalhados por toda a sua mesa e o copinho do café lá no cantinho que me faz pensar em levantar da minha mesa umas vinte vezes pra tirar aquilo de lá. Parece que o prevejo batendo com alguma coisa e virando sobre a mesa, sobre as notas e tento ignorar, mas... — Vander...

Meu nome? Ele disse meu nome sem apelido e sem besteiras anexadas.

— Oi, tu virou o café? — foi o que veio na boca.

— Aham, mas não dá nada só tinha um restinho e sobrou um pouco — ele toma aquele troço gelado que ficou horas no cantinho da mesa — não é isso, tá. Ei, olha aqui no meu monitor, tá vendo, comprei uma 250, tá vendo que motoca. A minha é toda preta, quer uma carona dia desses, vou "amaciar" a motoca e preciso dar umas pisadas.

— Ei, comigo na garupa? — eu rio junto com ele — Nem pensar.

— Eu tenho motoca desde que fiz dezoito e nunca caí. Sou baita cuidadoso.

— É que às vezes tu parece meio avoado. — agora ele se ofende.

— Hahaha. — ele acha a maior graça da Terra. — Sou nada, tô sempre ligado.

Então ele só se faz de besta? É o que me pergunto, mas seguro pra mim.

— Valeu, mas eu vou daqui direto pra facul, não preciso de carona.

— Ah... bom. Teu irmão te busca às vezes né?

Ih, ele acha que o Rodrigo é meu irmão. Pior que não o corrijo porque não sei se isso pode dar algum problema pro meu namorado, se caso ele esconde algum segredo. Será que tem outra pessoa na vida dele? Será que ele paga de hétero para os outros que o conhecem? Com certeza. Ele mesmo deixou escapar pela primeira vez a frase: não quero ser discriminado.

É... que merda isso.

Eu tento ignorar a bagunça nova do Wolf, mas concentrar nisso me deixa meio alheio ao fato do mozão me ligar só na quarta-feira e obviamente levar uma patada de um Vander irritado.

— Quer foder hoje? — eu pergunto com raiva, tanto que espumo pelo canto da boca, só que o lesado fica excitado.

— Quero muito te comer gostoso.

Amor VirginianoOnde histórias criam vida. Descubra agora