Finais de semana legais, cheios de paixão, namoro com direito a ficar agarradinho na casa da mana, estar no meio de pessoas que nos compreendem e apoiam, não tem preço.
O problema é que passa feito trem bala e a cada olhada no relógio dá um sentimento misto de saudade antecipada com preguiça de encarar a semana.
Antônio me pergunta o porque de eu estar tão sério de repente e minha irmã se vira para assuntar a conversa.
— Queria congelar esse momento.
— Ih, a paixão pegou meu cunhadinho. "Eu tô apaixonado, eu tô contando tudo e não tô nem ligando pro que vão dizer". — ela me zoa — Vander, isso é igual pra todo mundo, pelo menos umas dez vezes na vida a gente se apaixona e é uma coisa gostosa. Leva bem devagar, não tenha pressa pra nada e curte, meu nego. Beija na boca, transa dentro carro, viaja junto, vai na confraternização, tenha ciúmes... é assim que funciona.
— É, a Vanda é boa conselheira. — minha irmã comenta — Ela faz tudo o que diz, por isso que a gente não se larga, porque viajamos juntas, namoramos muito, brigamos e isso que é gostoso. Não fica procurando a coisa perfeita.
Antônio só ouve com um sorriso no rosto e eu tava morrendo de medo que ele falasse alguma besteira de última hora. Mas ele estava muito comportado, tava fofo.
— A senhora já ficou com um homem? — ah! Eu vou dar um pau nele. Era disso que eu tava falando no parágrafo anterior.
— Ih, meu rapaz, homem nunca foi minha praia não. Eu nunca tive dúvidas sobre o que eu sou e pensa, tô com quarenta e uns já, imagina como era na época em que me assumi. Olha, Antônio, não se prenda nessa questão de orientação sexual, de ser gay ou não ser, ou será que sou bi? Amor, carinho, paixão e afeto é mais relevante que isso tudo. Tá afim do Vander?
— Tô.
— Então segura a onda e se prepara pra ouvir de tudo.
— Comigo é na maciota.
— Tomara que as pessoas que você quer agradar na sua vida também levem na maciota.
— Não moro com a família desde os dezessete, faz tempo que eles não se agradam ou desagradam com alguma coisa minha. Sei que a minha mãe, que é mais cabeça aberta, não vai me "purgantear" e os outros... eu não me meto lá, eles que não se metam cá.
— É menino, mas vai ser bomba.
— Eu aguento bem.
Ai senhor! Eu ouvi isso. Vocês leram isso? Estou pra desmaiar, eu vou desmaiar e fazer a maior cena.
— Isso aí, então boa sorte, né.
Fiquei mudo por uma hora mais ou menos. Depois das quatro horas, começava a contagem regressiva pra subir na moto e pegar a estrada, mas antes disso, tomamos o café da tarde com elas e em nome de uma família unida outra vez, eu falei sobre a mãe.
— Vander, lixo não fala, não telefona... — Alessandra não parece ter cedido.
— Lelê, vai com calma. Ela tá fazendo um movimento na sua direção, escuta o Vander.
Os olhos da minha mana ficam marejados de repente e sinto que ainda existe ressentimento, óbvio, e que ela não vai se permitir avançar "umas etapas". Me coloco no seu lugar e sou muito orgulhoso, então não posso criticá-la ou cobrar que ela ligue para a mãe.
— Lê, a mãe tá menos... ou melhor, mais aberta. Sabe de mim e o Antônio e deixa ele namorar em casa. Só não deixa dormir lá. Ela tá se esforçando, só pra você saber. Mas foi você quem passou por aquilo, então acho que só você que vai saber a hora certa de se reconciliar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Virginiano
RomanceFinalizado! Vander é de Virgem, perfeccionista e impaciente. Vander conhece Antônio que é exatamente o seu oposto: bagunceiro e zen, desligado mesmo, pra traduzir ao pé da letra. Ambos precisam ceder. Será que isso vai acontecer? Venha se estressar...