Compartilhando o ex...

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É o quê? Esse sou sem continuação e eu sem coragem de perguntar se ele também É gay. A gente martela no assunto que é pra ficar um negócio meio discreto. Nem morta que demonstro curiosidade.

— O seu Tadeu é gay? Desculpa, Antônio, mas achei muito ridícula aquela frase: viadão, mas gente boa.

— Eu sou... — ai meu Deus, ele é mesmo — sou a favor de toda a forma de amor. Ele é meio tico-tico no fubá, já veio pro meu lado e falou: "ain sabia que comprei um esportivo com teto solar?"

— Isso não significa nada.

— Ele me pediu pra ir dar uma volta com ele, aí eu disse: "pá, não vai rolar porque eu tenho uma mina, uma namorada, entendeu?"

Ai, o desânimo baixando com força no meu corpo.

— Tem mesmo?

— Claro né, tenho um esquema sério com a minha cocóta.

Por dentro eu tô chorando lágrimas de champanhe.

— Nossa, tu faz mal uso das palavras mesmo, Jesus que te segure que uma hora dessa tu apanha. — merda, eu tô revoltado, vontade de me enforcar num pé de salsa. Ódio dessa cocóta que nem conheço. Nem todo boy usa a desculpa de ter uma namorada pra esconder seu verdadeiro karma. Se eu tava puto com o Rodrigo, imagina agora.

Eu estava com ódio dos dois. Dois palhaços.

.

— Mariiiii, eu não creio. — Marielen faz Economia no mesmo bloco da Universidade onde estudo.

— Ai migo, namorar colega de trabalho é a pior coisa, porque se tu briga com ele, ainda tem que suportar ficar no mesmo ambiente.

— Verdade. Mas não quero dar chance pro outro de novo.

— Aquele tá morto não tá?

— Odeio ficar sozinho.

— É, mas fecha esse cu, não volta com ele não.

— Não sei.

— Besta. Vou te apresentar pro meu colega, o Victor.

— O barbudinho?

— Aham. A gente te dá uma carona e daí você vai conhecendo a peça.

— Ai Cher, eu tenho uma impressão aqui comigo, mas vou guardar pra mim até que ele me prove o contrário.

Deixa eu descrever o boy (ou biba, ainda não sei), Victor tem vinte anos, é moreno, usa barba cheia, é peludinho já notei que sobra pelo perto da gola da camisa, usa aparelho, é um bonito normal, mais alto que eu e é magro. Usa o carro da mãe pra ir pra faculdade e o resto ele conta enquanto dirige.

— Então, tu trabalha na Liebe, aquela camisaria? — ele tá bem informado, ele. Minha amiga deve ter feito o relato completo.

— Sim, já estou lá há sete meses.

— Bacana. Eu atendo no drive-thru do M., mas queria muito uma oportunidade na área administrativa igual você. — Senti um misto de inveja na fala dele que já peguei ranço. — Se eu trazer um currículo, você entrega na sua empresa? Já tô no quarto período de Economia.

— Levo. Vou ser honesto, pra demonstrar interesse o próprio candidato deve levar o currículo.

— Isso é verdade, então se eu levar tu me dá uma força?

Misericórdia. Eu nem conheço o colega da minha best. Só de vista, aliás, uma vista muito boa e bonita.

— Claro, eu falo lá. — Ranço? Eu tava cambando pro nojo mortal.

Amor VirginianoOnde histórias criam vida. Descubra agora