esse capítulo é muito a letra dessa música, nem título eu achei que coubesse melhor...
(simply red: sunrise)
***
Com medo de abusar da sorte, eu fiquei me enrolando até o meio dia do domingo para responder o Antônio.
Minha família quase não recebe visitas e recebeu exatamente naquele dia. Eu tava com a sorte ao meu lado, pois esses amigos do Rogério são pessoas muito abertas à aceitarem as diferenças entre as pessoas, ou seja, nunca me julgaram.
Me ofereci para secar a louça que é para ter aquela conversa paralela com mi madre, (medo).
— Á tarde vou pra Gaspar com o Antônio. Só vou se a senhora não se importar. Eu volto antes das nove.
— Porque tu só arruma motoqueiro?
— Ele é só colega...
— Tá Vander, vai, mas nove horas em casa, porque amanhã tem que acordar cedo e nada de ficar passeando com esse cara durante a semana. Namorar é no sábado e domingo.
Nem falo mais nada. Ela deixou, e não é porque eu já tenho dezenove anos completos que me mando. Não sei o que me aconteceu, pois eu pensava tão diferente há poucos meses atrás. Mas enfim, combino o horário com o Wolf que chega meia hora antes e eu estava tomando banho. A-f-o-b-a-d-o.
Sabe onde encontrei o oferecido?
No meio do pessoal. Tava lá comendo sagu com sorvete, falando suas pérolas e fazendo o pessoal rir alto.
É ou não, suspeito?
Preciso esperar o "noivo" entretido no papo sobre Apocalipse bíblico, Inclusive ele aceita um curso bíblico pra puxar o saco do Rogério. Puxar o saco sim. Oras.
Antônio usa outro suéter na ocasião, cor de salmão com calça jeans preta levemente ajustada (bunda bonita, caralha, isso que nem comentarei sobre o lado da frente), coturno preto (ôrra, que pé enorme!). Até a barba estava aparada e a colônia não era a mesma. Aiai, eu não posso com esse tipo de coisa.
Danado se arrumou todo, então deixa eu ajeitar isso daqui também.
Minha genética me deu uma bunda meio, muito, redonda que fica disfarçada nas calças não muito justas, mas hoje eu quero mostrar um bucadinho a mais. Uso um jeans quase novo com uns esgaçados de fábrica, um pouco de lycra me permitiu comprar um número menor que aperta o suficiente a raba. Arremato com uma blusa manga longa de linha azul clara e jaqueta. Detalhe mais íntimo é o creme que usei pra ficar com a pele bem cheirosa e optei por não me perfumar.
Antônio fica meio perdido quando eu apareço em sua frente. Parece meio confuso e isso me dá uma certa insegurança, pois ele pode achar que estou tentando chegar mais perto.
Antes de subir na moto ele põe o capacete e pisca com a maior cara de safado do mundo! Jesus, eu tô nervoso agora.
— Segura aê. Não precisa ficar com medo que vou devagar.
Saímos do bairro onde moro, o Garcia, e bem rapidamente estamos na Rodovia Jorge Lacerda que liga Blumenau a cidade de Gaspar, onde tem o Moendão. Pra quem ama caldo de cana e pastel com muito recheio frito na hora, não tem melhor lugar.
Escolhemos uma mesa mais afastada, meio impossível, porque domingo enche de gente. Mas ali conseguimos nos concentrar numa conversa.
— Seu chato. Falou que ronquei ontem, isso é deselegante.

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Amor Virginiano
RomansaFinalizado! Vander é de Virgem, perfeccionista e impaciente. Vander conhece Antônio que é exatamente o seu oposto: bagunceiro e zen, desligado mesmo, pra traduzir ao pé da letra. Ambos precisam ceder. Será que isso vai acontecer? Venha se estressar...