Existem tantas teorias sobre nossa pós vida...
Discussões que encheriam páginas. Páginas de outras opiniões. Pessoas xingando aquele que crê na reencarnação. Pessoas que são ateias contestando os crentes que acreditam num paraíso sendo preparado por Deus para nós. E crentes retrucando outras teorias, com versículos bíblicos.
Sei lá. Tudo é muito misterioso. Respeito ainda é a chave para bem conviver com opiniões diferentes.
Como mencionei, fui criado dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pendendo, portanto para as teorias bíblicas. Mas consegui aceitar com tranquilidade as explicações de uma mulher kardecista, inclusive aceitei sua passagem sem tanto desespero como imaginei que sentiria quando sua hora chegou.
É quase impossível o consolo diante da morte e não importa a religião que seguimos, pelo menos nessas que conhecemos não há o que nos prepare para a aceitar esse fato tão duro da morte ou passagem. O fim para uns. Recomeço para outros.
Através do kardecismo, olhei para dona Marta como se realmente fosse vê-la em breve e chorei poucas lágrimas de saudade.
Dos filhos, Antônio foi quem mais sentiu no início. Foi em março de 2015. Anos depois e ele ainda fica quieto quando março chega e não chora mais, como se obedecesse o último pedido dela.
A família se afastou muito. Não teve sequer um Natal onde fomos convidados quando ela partiu. Nenhum aniversário. E quase nenhuma ligação. Antônio chegou ainda mais perto de nossa família. Minha mãe se ofereceu até mesmo para lavar as roupas dele, especialmente as camisas brancas de uniforme.
Imagino que dona Marta deva ter deixado para seu caçula algo significativo no aspecto financeiro, pois ele comprou à vista um carro popular seminovo, mudou-se para um apartamento com dois quartos que comeriam muito do seu salário, que eu sei quanto é.
Em 2017 quando dois anos tinham se passado, Marcelo exigiu que o pai dividisse os bens fazendo o testamento ainda em vida, pois o homem já tinha uma namorada nova na jogada.
Nem precisa dizer que a família só se afastou mais. Mas na metade de 2017, Antônio foi chamado novamente por seu pai para que pudesse trabalhar na empresa e de novo Marcelo se meteu, preocupado que o irmão mais novo fosse ter um quinhão maior que o dele na divisão das coisas e por isso Wolf desistiu de ir pela segunda vez.
Antônio me confessou que realmente dona Marta antes de ir, dividiu um valor expressivo entre os três filhos e Aparecida disse que estava sentindo-se a pior pessoa do mundo por não ter entregue o que era devido à sua igreja, pois eles tinham dívidas demais e seu casamento estava por um fio em meio à crise financeira em que se meteram. O dinheiro tinha chego em boa hora para ela e foi dela que nos aproximamos mais, do final de 2017 em diante, mas ainda assim, não podíamos dizer que éramos tão próximos.
Sobre o pedaço de terra no interior de Brusque, Marcelo que já tinha comprado a parte da Cida, tentou convencer o irmão à vender para ele também. A oferta, na minha opinião era irrecusável, até que fui conhecer o local e ouvir do Wolf quais eram seus planos para aquele local.
— Se eu pensar só no hoje, vendo fácil. Minha parte tá cercada, tenho o documento todo certinho e posso lotear um dia. Aí ganho mais dinheiro e fico com um pedaço pra fazer uma casinha pra nós. Na cabeça do meu irmão, também tem a ideia de lotear aqui. Ele pensa que sou muito lento.
— Já notei que tu não é lento, quando o assunto é grana. — Ops, acho que me expressei mal, mas Antônio parece não ter entendido.
— Naaa, sou baita esperto.
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Amor Virginiano
RomanceFinalizado! Vander é de Virgem, perfeccionista e impaciente. Vander conhece Antônio que é exatamente o seu oposto: bagunceiro e zen, desligado mesmo, pra traduzir ao pé da letra. Ambos precisam ceder. Será que isso vai acontecer? Venha se estressar...