O AMOR NÃO ACABA AQUI

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Nem toda lágrima é perdida. 

Tem aquelas que nós derramamos com momentos muito tristes que escorrem por nossa face e tem aquelas que prendemos até um certo ponto, mas que ficam mais bonitas quando brilham em nossa pele.

Um sábio me disse esses dias:

"Pode chorar. Chora porque essas lágrimas são bonitas e o motivo para elas escorrerem no seu rosto é um grande motivo, é um grande momento."

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Em julho de 2018, eu já não conseguia ser o mesmo Vander que gostava de bancar o durão quando o Antônio se despedia de mim no domingo à noite para ir para a cidade onde passou a morar e trabalhar com seu pai.

Ele estava radiante com a oportunidade e ganhava um salário bem mais expressivo do que se estivesse ainda na mesma empresa onde me mantive, inclusive fui promovido à encarregado tendo sob minha incumbência, cuidar de um setor com três funcionários, contando comigo.

Rodrigo, aquele ex, digo que ele sumiu, pois sua namorida, a Viviane também saiu da empresa há um ano, mais ou menos. Não soube de mais nada e só torço pelo bem deles, pois esse bem retorna pra mim todas as sextas feiras depois que saio da faculdade.

Lindo, barbudão, ruivo, desligado e amoroso. Antônio costumou a dizer que agora é viado também, quando alguma senhorita arrasta a asa pra cima dele. É engraçado isso, ele não se importa com a palavra viado que tanto já me irritou. Nem sente orgulho, porque isso é o de menos. Sentimos orgulho de nós como pessoas e como casal. O casal que formamos.

Seu pai meio que ainda tenta me aturar e eu estaria mentindo se falasse que isso não me perturba. Ele me engole, confesso. Mas a vida não é perfeita. Mesmo que me doa dizer que a vida não é perfeita, pois sou perfeccionista em tudo o que faço. Meu dom e minha irritação.

Meu amorzão, me pega de carro na porta na universidade. Sua cara é de morto de cansado, eu creio muito nele e no seu cansaço, nas olheiras, nos bocejos, nas espreguiçadas, nos roncos de madrugada.

Tem semana que ele me busca, na maioria delas, para ficar em Brusque com ele e algumas vezes, fica comigo na casa da mãe. Ou também, passamos com a mana e a Vanda.

Ninguém pode dizer que não passamos trabalho para manter a relação, porque nada é fácil. Tentações surgem para os dois lados, mas o foco nos mantém acordados e prontos para dizer um não bem sonoro quando o "perigo" se aproxima.

Ainda em julho, eu e Antônio estávamos concentrados na minha formatura, então nossos planos para janeiro de 2019, às vezes pareciam ficar de lado durante o final de semana. Gostávamos de curtir, passear, namorar e planejar coisas para além do janeiro.

Eu queria ter cuidado mais dos detalhes do apartamento que íamos alugar para morar em Brusque, eu precisava definir o que fazer com relação ao meu emprego que não seria na mesma cidade. Nem sabia o que fazer, pois era bem provável que eu me demitiria para encarar as portas na cara e a batalha por uma oportunidade outra vez.

Jamais fui egoísta, Antônio estava bem demais junto com seu pai. Ele apareceu com roupas mais bonitas, mais cheiroso que sempre foi, mas sorridente, mais iluminado, então soube que isso fazia bem a ele.

— Vander, meu pai me deu um baita elogio hoje! — Ele contou sorrindo, os olhos brilhando como se fosse naquele dia em que dona Marta, em seu aniversário, o último que ela esteve com ele, falou na frente de todas as pessoas que ele era o amor de sua vida, seu sol, seu Tonzinho.

Isso me deixava com medo de frustrar qualquer coisa com relação ao seu emprego novo. Tinha muito medo de não conseguir um emprego e ficar dependendo dele. Algo que meu orgulho não deixaria.

Amor VirginianoOnde histórias criam vida. Descubra agora