Estamos todos jantando a deliciosa comida que a empregada do Grant fez. Rosbife e mais algumas coisas que eu não sei o que é. Eu apenas imito todos os movimentos de Grant para não passar vergonha.
Não estou acostumada a comer essas coisas, sendo que normalmente eu janto sanduíche quando Vladimir não está em casa. E ele traz sempre comida para mim, mas não essa comida sofisticada.
Grant também não pára de olhar para mim. E ele está muito sorridente essa noite. Espero não ter dado falsas esperanças a ele. Não quero que pense algo errado.
Na verdade, ele não está pensando algo errado. Eu gosto dele e isso é a realidade. Quero ficar com ele, mas o destino é cruel. Só não quero ser obrigada a machucar ele. Além disso, eu só quero ajuda. Preciso saber se posso confiar no Grant. Já cheguei na fase de desespero. Quero me livrar do Vladimir.
Como um pouco desconfortável por ter tanta gente olhando para mim. Não gosto de ser o centro das atenções. Só quando é com o Grant porque eu gosto que ele me dê atenção.
— Como vocês se conheceram? — Senhor Gerald pergunta, depois bebe um pouco de vinho. Eu sou a única que bebe água.
— A gente se conhece desde o inicio das aulas. Mas a gente não conversava. — Grant responde.
— E quem deu o primeiro passo? — Senhora Gia pergunta dessa vez. Ela está sorrindo como se estivesse ouvindo um conto de fadas.
— Eu, claro. — Grant responde novamente. — Tive que insistir muitas vezes, correr atrás dela muitas vezes.
— Isso me faz lembrar o trabalho que a sua mãe me deu. — O senhor Gerald ri.
— Pois é! — Ela também ri.
— E você, Mia? O que gosta de fazer? — Senhor Gerald pergunta. Eles realmente parecem simpáticos.
— Eu não faço muitas coisas. Eu gosto de ler. — Respondo.
— Sério? Você não gosta de sair para se divertir? — Senhora Gia pergunta surpreendida.
— Não. — Olho para ela.
— Você devia levar ela para sair mais vezes, Grant. A juventude é para ser aproveitada.
— Eu farei isso, mãe. — Grant sorri para mim.
— Você está fazendo gestão empresarial também? — Ela pergunta.
— Sim. Estou.
— O que fez você seguir essa área? — Senhor Gerald.
— Bom, quando eu era mais nova, eu lia livros sobre esse assunto. Quis fazer o mesmo que o meu pai.
— Que adorável! Seus pais devem estar muito orgulhosos. — Senhora Gia diz.
— Mãe, os pais de Mia morreram. — Grant responde por mim.
— Ah! Eu peço imensa desculpa. — Seu sorriso desaparece e seu rosto é consumido por arrependimento.
— Não faz mal. A senhora não sabia.
— E com quem você vive? — Senhor Gerald pergunta.
— Com o meu tutor. Ele cuida de mim. — Cuidar é uma palavra muito forte, mas é isso que eu digo. Jamais diria que ele tem uma obsessão doentia por mim e que quer me obrigar a transar com ele.
— Eu sinto muito. — Ele diz.
— Podemos mudar de assunto? — Grant diz.
— E como estão correndo as aulas? — Mãe de Grant pergunta.
— Muito bem. — Respondo.
— Que bom ouvir isso.
O senhor Gerald nos diz algumas coisas sobre gestão empresarial e dá para perceber que é ótimo nesse assunto. Terminámos o jantar, comemos a sobremesa, continuamos nossa conversa e depois nos despedimos dos pais de Grant.
Eu pensei que eles não iam gostar de mim. Ainda bem que tudo o que Freya disse não é verdade. Bem, ela tem razão em algumas coisas, mas não em tudo.
Grant fecha a porta quando seus pais saem. Estou aliviada por terem gostado de mim e parece que Grant também está. Ele não tira o sorriso do rosto. E eu gosto de ver ele sorrir assim.
Ficamos apenas eu e Grant vendo um filme, mas acho que já está na hora de eu ir embora. Levanto do sofá e ele me segue.
— Eu preciso ir, Grant. Obrigada por tudo.
— Não precisa agradecer. — Ele passa a mão no cabelo. — Mia, antes de você ir, eu preciso te fazer uma pergunta.
— Pode dizer. — Cruzo os braços.
Ele suspira e coloca as mãos na minha cintura. — Eu quero saber se... — Suspira novamente. —... você quer namorar comigo?
Não! Não! Não!
Porquê isso está acontecendo comigo? Não era suposto ser assim. Eu não quero machucar ele desse jeito. Eu quero ficar com ele, ser namorada dele, mas eu não posso.
Minhas lágrimas caem ao pensar que eu vou ter que quebrar o seu coração. Jamais pensei que ele ia fazer isso. Não agora, hoje. Porquê isso está acontecendo comigo? Eu quero ficar com ele. Isso é o universo me testando?
Ele limpa as minhas lágrimas carinhosamente. Tenho medo que depois da minha resposta, todo o seu carinho por mim desapareça. Mas tenho que fazer isso.
— Grant, eu sinto muito. Eu não posso ficar com você. Não posso ser sua namorada. Tudo que eu posso fazer é ser sua amiga. Apenas isso. — Limpo as minhas lágrimas.
— Mia! — Ele olha para mim com os olhos marejados e isso me faz sentir pior. Não quero machucar ele assim. — O que há de errado? — Sua voz é tão triste que me faz chorar mais ainda.
— Não é você, Grant. Sou eu. É melhor eu ir embora. — Eu abro a porta e saio correndo para não ter de olhar para a dor nos seus olhos.
Entro no elevador e caio no chão quando as portas se fecham. Já que ninguém pode me ver, eu aproveito para chorar e descontar a raiva em mim mesma. Eu sei que depois disso, ele vai deixar de gostar de mim. Acho que não foi boa ideia ter vindo aqui.
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Intensamente quebrados
RomanceLivro V História de Grant e Mia Mia Summer era vista de duas maneiras: Pobre e sociopata. Ela era calma, tímida, não tinha amigos, ficava sempre no seu canto e observava as pessoas. Ninguém imaginava que vivia um pesadelo com seu tutor que er...