Grant se aproxima de mim lentamente com um sorriso no rosto. Ele está vestindo tudo preto e seu cabelo está coberto por capuz. Agora estou arrependida por ter vindo aqui. Devia ter ficado em casa com fome.
Em tão pouco tempo que eu estou na faculdade, já sofri muitas humilhações e não pretendo passar por isso novamente. O que passou foi o suficiente. Além disso, já tenho o bastante que me preocupar em casa.
Levanto para ir embora, mas Grant segura o meu braço me impedindo. Espero que Vladimir não esteja vendo essa cena. Não quero que ninguém se machuque por minha causa.
— O que você faz aqui sozinha a essa hora? — Pergunta como isso o interessasse.
— Não importa. O que você faz aqui? — Pergunto também.
— Isso é um bar. Venho aqui algumas vezes. Só não esperava encontrar você. — Ele me larga. — Apesar de Bratt ter dito que já viu você aqui.
— Eu... isso não importa. Você não me conhece. — Desvio o olhar. Como é que o Bratt já me viu aqui?
— Tem razão. Eu não conheço. — Ele diz colocando as mãos nos bolsos. — Você é estranha.
— Você pode ir embora! — Olho em direção ao bar. Se Vladimir estiver vendo isso, acabou.
— Porquê? Não posso saber dos seus segredinhos? — Ele arqueia a sobrancelha.
— Me deixa em paz! Viva a sua vida e eu vivo a minha. Você nunca falou comigo, porquê de repente quer fazer isso? — Olho para ele.
— Tem razão. Não sabia que você falava demais. — Ele ri.
— Eu não falo demais.
Porquê tanta insistência? Será que ele vai dizer para todos que me viu aqui? Se isso acontecer, vou ser vítima daqueles meninos ricos novamente.
Oiço a buzina do táxi, me salvando de uma situação bastante complicada. Da próxima vez, não venho para cá por mais fome que eu tenha. Não posso correr o risco de ser vista por ele novamente.
— Eu preciso ir. — Entro no táxi rapidamente e fecho a porta. Grant fica olhando para mim enquanto coloco cinto de segurança e depois o motorista arranca.Mais um dia de aulas. Fico esperando todo mundo fazer comentários ruins sobre mim, mas ninguém faz. O que é bastante estranho porque Grant deve ter dito para todo mundo que me viu ontem.
Passo pelos corredores e vou para a sala de aulas sentar no meu lugar. Abro o meu livro e fico lendo, mas sou interrompida por Chloe, Quentin e Kathleen que entram fazendo bastante barulho.
Fecho o livro com raiva. Eles riem e falam demasiado alto. Não querem saber se estão interrompendo alguém. Não querem saber se eu estou aqui.
Deito o meu rosto na mesa para que ninguém me veja furiosa. Não sei o que é ser amiga de alguém, mas não preciso ver essas coisas o tempo todo. Não quero ver coisas que eu não posso ter.
Fecho os olhos e espero que o professor apareça. É pena que não sou rica para ter aulas particulares, assim não teria que passar por isso.
— Tudo bem, Mia? — Oiço a voz da Chloe perto de mim e olho para cima.
— O que você quer? Me humilhar? — Pergunto.
— Claro que não! Eu sou uma pessoa diferente. — Ela senta ao meu lado. — E acho que a gente poderia ser amigas.
— Eu não consigo acreditar em você. — Volto a deitar o rosto na mesa.
— Gostaria de saber se você gostaria de almoçar com a gente. — Ela diz.
Olho para ela novamente. Será que está dizendo a verdade? Ela quer ser minha amiga de verdade? Devo acreditar?
— Eu... eu não sei. Eu não posso. — Digo.
— Porquê não?
— Tenho que estar em casa mais cedo e...
— Por favor! Não faz mal quebrar as regras um pouco. Você vai se divertir. — Ela sorri. — Eu prometo!
— Não posso.
— Porquê? — Ela pergunta.
— É complicado. — Porquê eu estou falando com ela?
— Kathleen e Quentin também vão. Vamos os quatro. A gente não vai ficar por muito tempo. Eu prometo! — Ela implora.
— Eu vou pensar. — Respondo.
— Está bem. — Ela levanta e vai falar com os seus amigos.
Minutos depois, Kathleen vai embora, os outros estudantes entram e o professor também. A aula começa e faço os meus apontamentos. Espero que estudar mude a minha vida. Não quero estar presa ao Vladimir para sempre.
Grant chega atrasado como sempre e senta duas filas à frente de mim. Ele conversa com seu amigo Max, depois olha para mim como se soubesse de todos os meus segredos.
Aposto que esses comportamentos surgiram depois que me viu sozinha no bar. Não sei porquê tanto azar. Agora a minha vida será um inferno. Só espero que ele não diga nada a ninguém. Não quero que inventem coisas sobre mim.
Desvio o olhar por alguns segundos, mas quando volto a olhar, ele continua me encarando. Porquê isso de repente? Preciso fazer alguma coisa.
Ele sorri e continua me observando. O problema é que também não consigo parar de olhar. Mas só para me certificar de que ele pare de me olhar.
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Intensamente quebrados
RomanceLivro V História de Grant e Mia Mia Summer era vista de duas maneiras: Pobre e sociopata. Ela era calma, tímida, não tinha amigos, ficava sempre no seu canto e observava as pessoas. Ninguém imaginava que vivia um pesadelo com seu tutor que er...