Capítulo dezesseis - Andando sobre as brasas

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                  Grant

    Na manhã de sábado, eu faço uma reunião com os meus amigos. Eu ainda estou chocado com o que eu vi ontem. E muitas perguntas têm surgido na minha cabeça. Uma delas é se Mia me seduziu porque sabe que eu sou amigo de Bratt.
   Sinceramente, não consigo imaginar a Borboleta fazendo uma coisa dessas. Eu sinto que conheço ela e para mim, ela é uma pessoa boa, doce e que precisa de muito amor. Não uma falsa manipuladora e bandida.
   Sentamos os três no sofá. Eles olham para mim, mas não sei por onde começar. Por onde é que eu começo? Não está sendo fácil para mim, principalmente porque ainda dói. Será que Mia mentiu para mim?
   — Você está bem? — Bratt pergunta.
   — Não. E não é simplesmente porque a Mia não aceitou namorar comigo.
   — Então, o que é? — Scott olha para mim preocupado.
   — O tutor da Mia trabalha para o Jacob. — Digo.
   Bratt levanta e passa a mão no cabelo. Eu entendo porquê essa reação, afinal, Jacob fez ele sofrer bastante.
   — Isso é alguma brincadeira? — Scott pergunta.
   — Seria tão bom que fosse!
   — Grant, eu sinto muito, mas eu já sabia. — Bratt responde. — O Vladimir é o tutor dela. Eu via sempre que ela ia atrás dele para pedir dinheiro.
   — Porquê você nunca me disse nada? — Levanto também. — Eu teria evitado toda essa confusão. Teria evitado me apaixonar por ela.
   — Eu pensei que não seria um problema, além disso, você não perguntou. Pensei que já soubesse.
   — Eu acabei de descobrir!
   — Sinto muito! — Ele senta no sofá. — Mas Mia me parece ser uma boa pessoa.
   — Mas e se não for? — Pergunto.
   — Mas e se for? — Scott pergunta.
    — Lembra que ela não foi atrás de você. Foi o contrário, Grant. — Bratt diz.
    — Eu sei disso, mas eu não sei o que fazer. Esse homem pode ser perigoso. E se fizer alguma coisa comigo ou com a minha família? Ou com um de vocês? — Eu ando de um lado para o outro.
   — Será que ele é pior que Jacob? — Scott olha para Bratt.
   — Eu não sei.
   — Acho que é melhor a gente não arriscar. — Scott diz.
   — Você tem razão. Não podemos nos meter com pessoas perigosas. Eu devia ter feito alguma coisa quando você começou a sair com a Mia. A culpa é toda minha.
   — A culpa não é apenas sua, Bratt. É minha também. Devia saber que ela era muito estranha e não devia ter insistido.
   — E agora? — Scott pergunta.
   — Eu vou me afastar dela. Não importa o que eu sinto. É a melhor coisa a fazer. — Digo.

                    Mia

  O meu tempo está terminando e eu ainda não sei o que fazer para me livrar do Vladimir. Mas será que ele tem razão quando disse que estou presa a ele para sempre?
  Esse é o meu maior medo. Eu quero viver a minha vida com liberdade e fazer as minhas próprias escolhas sem ter que me preocupar se vou ser castigada. Quero paz e estar com alguém que realmente amo. Não quero que ninguém me obrigue a amá-lo.
  Saio do quarto para ir beber um copo de água. Infelizmente, Vladimir está aqui e acho que não vai sair tão cedo assim. Aos finais de semana ele sai apenas quando já estou dormindo.
  Sirvo água num copo e bebo. Como não há divisão entre a cozinha e a sala, Vladimir fica olhando para mim enquanto faço isso. Não desvia o olhar nem por um segundo.
  Termino e saio da cozinha para ir para o meu quarto, mas ele não deixa. Ele me chama.
   — Vem cá, meu amor! — Ele olha para mim com um sorriso assustador.
   Caminho até ele, ele segura a minha mão e me coloca sentada no seu colo. Suas mãos me tocam e ele beija o meu ombro. Fecha os olhos e suspira com felicidade.
   — O que você quer? — Pergunto.
   — Quero ficar assim. — Ele me abraça. — Sou o homem mais feliz do mundo por ter você.
   Não digo nada. Fecho os olhos e finjo que é Grant que está me abraçando, mesmo sabendo que na realidade ele deve me odiar. Eu fiz aquilo por ele. A gente pode ser amigos, mas não namorados. Acho que preciso conversar com ele.
   — Daqui a pouco é o seu aniversário. — Ele sussurra. — Eu prometo que vai ser muito especial. Vou levar você em um hotel, a gente vai jantar o que você quiser e depois a noite será nossa. Mas se você quiser outra coisa pode dizer, amor.
   — Isso está bom para mim. — Fecho os olhos para poder dizer essas palavras. Ele não imagina como seu toque me faz mal.
   — Ótimo. — Ele sorri. — Estive pensando também que a gente podia passar o natal longe daqui. O que você acha? É só você escolher um lugar. Qualquer lugar.
   — Sim.
   Ele passa a mão no meu braço, nas minhas costas e depois nas minhas pernas. Continuo com os olhos fechados para não ver o que ele está fazendo. Sentir já é suficientemente horrível.
   — Mia, você é minha! Entende? — Ele beija o meu pescoço e lambe o meu rosto. Faço um esforço para não vomitar na cara dele.
   Faço que sim com a minha cabeça. Ele continua e parece estar se divertindo. Acho que não vou aguentar muito mais. Não quero isso.
   Seu celular toca e quase desmaio de tanto alívio. — Eu posso ir estudar? — Pergunto.
   — Claro, meu amor. Depois a gente conversa. — Ele diz.
   Levanto imediatamente assim que ele atende a ligação. Entro no meu quarto, tiro a roupa e vou correndo no banheiro para me livrar da saliva daquele monstro. Esfrego com força para que saia.

Intensamente quebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora