Capítulo vinte e nove - Tudo termina aqui

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  Vladimir fica afiando a sua faca, olhando para mim como um psicopata. Ele sorri e sopra um beijo para mim. Estou pensando no que fazer com alguém tão grande e tão forte como ele. Ele tem quase dois metros e músculos por toda a parte. E como se a sua força não fosse suficiente, ele ainda tem um monte de instrumentos mortais.
   Não sei qual é o ponto fraco dele, já falei que o odeio, mas não aconteceu nada. Grant está com os olhos fechados e espero que não tenha desmaiado. Tenho medo que Vladimir consiga o que tanto quer.
   — Não olha para mim assim, amor. Tudo isso vai valer a pena. — Ele diz. — Podemos ir aonde você quiser. É só você escolher.
   — Porquê você não pode deixar ele em paz? Ele não fez nada. Fui eu quem foi atrás dele. — Digo.
   — Não importa quem foi atrás de quem. Mas eu sei que foi ele quem foi atrás de você. — Ele continua afiando a faca.
   Tenho que pensar em alguma coisa. Mas o quê? Eu só preciso chegar até Grant, mas ele não tira os olhos de mim.
   — Vladimir, eu tenho sede.
   — Você pode ir buscar. Eu vim preparado. — Ele sorri. Detesto quando ele faz isso.
   Levanto e vou buscar uma garrafa de água numa pequena caixa térmica com gelo. Grant continua imóvel. Não vou permitir que Vladimir mate ele.
   Bebo a água e vou até ele. Preciso tentar uma coisa. Se ele diz que é louco por mim, então isso tem que resultar. Ainda bem que Grant não vai ver isso.
   Primeiro, passo a mão pelas suas costas e depois nos seus braços, fazendo ele parar seus movimentos. Vou até seu cabelo e faço uma massagem lá.
   — O que você está fazendo? — Ele não me afasta.
   — Pensei que você gostasse do meu toque. — Toco o seu pescoço e ele vira para mim.
    — Eu adoro o seu toque, amor. — Ele segura a minha mão e desliza pelo seu rosto.
   — Eu posso dar isso a você. Todos os dias. — Dizer isso pesa bastante.
   — Só isso? — Ele se aproxima mais.
   — E tudo o que você quiser. Você não vai se arrepender.
   Passo a mão nos seus peitorais. Não acredito que estou fazendo isso. Preciso distrair ele, depois só tenho que libertar Grant. Espero que ele tenha forças para escapar.
   — Ah! Você não imagina o que eu quero fazer com você. — Ele segura as minhas mãos e beija. — Você não imagina o quanto eu desejo você.
   — Eu sei.
   Ele senta numa cadeira e me coloca no seu colo. — Você sabe? E porquê você me faz sofrer desse jeito?
   — Porque você também me faz sofrer, Vladimir.
   — Nunca foi a minha intenção. Eu só quero que você me ame. Preciso do seu amor.
   — Você pode ter as mulheres que quiser. — Olho para ele.
   — Eu posso, mas o meu coração só quer você. A cada batida ele chama por você. Eu sei que nunca acreditou em mim, mas você é realmente a pessoa que eu mais amo nesse mundo. Você é tudo para mim, Mia. — Ele acaricia o meu rosto. — Tudo que eu faço é por você. Você não imagina como doeu saber que me entregou para a polícia, mas eu não consigo ficar com raiva. Eu sempre vou perdoar você. Sabe porquê? — Desvio o olhar. — Porque eu amo você!
   — Porquê você me ama?
   — Porque quando olhei para os seus olhos, eu vi ela. — Ele desvia o olhar.
   Acho que estou conseguindo distrair ele. Estou arrancando sentimentos desse monstro. Ele está caindo na minha teia. Preciso continuar.
   Mas espera! Ela quem?
   — Ela? Quem, Vladimir?
   — A primeira mulher que amei na minha vida. A minha mãe. — Ele suspira. — Você se parece com ela. Ela era tão nova quando me teve, mas eu lembro. Eu tenho fotos dela.
   — Você gosta de mim porque me pareço com a sua mãe?
   — Eu não sei, apenas me apaixonei por você. — Ele toca o meu cabelo. — Seu cabelo é igual ao dela. Ela também deixava ele comprido.
   — Eu não sou a sua mãe.
   — Claro que não! Eu não sentiria pela minha mãe o que eu sinto por você. — Ele toca os meus lábios. — Eu fiquei encantado por você ser parecida com ela.
   — Eu pensava que você tinha simplesmente gostado do jeito que eu era.
   — Eu gosto do jeito que você é. Gosto de tudo em você.
   — Você não acha errado me amar? Eu sou muito mais nova...
   — O amor não escolhe idades. E por te amar tanto, tive que esperar, ser paciente com você. Eu ainda posso fazer isso. Eu só quero que me ame. — Ele me abraça.
   Olho para Grant que agora está olhando para a gente. Peço para confirmar em mim, digo essas palavras em silêncio para que ele leia os meus lábios, e ele acena afirmativamente.

Intensamente quebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora