Capítulo 23 - Confusões

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David aguardou Oli pacientemente, e quando a mesma saiu de seu emprego, ele a deu carona em seu carro. Ele dirigiu até o Richmond Park e nenhuma palavra ou olhar foi trocado. Quando saiu do carro, ele pegou na mão de Oli e a guiou para dentro. 

- Onde estamos indo? - Oli perguntou um pouco curiosa. 

- Aqui no Richmond Park existe uma espécie de jardim que poucas pessoas conhecem, ele se chama Isabella Plantation e teremos mais privacidade para conversar lá. - Disse David ainda sem olha-la, mas segurando sua mão. Ocasionalmente a acariciava levemente.

A menina não disse nada apenas o acompanhou em silêncio. 

David sorriu com a paisagem à sua frente. Era outono, e por Isabella Plantation não estar florido como era no verão, não atrairia visitantes, e realmente, não havia quase ninguém ali, mas essas pessoas não sabiam o que estavam perdendo. A paisagem era toda em tons alaranjados e amarronzados. Haviam varias folhas no chão, fazendo o mesmo ficar quase fofo. Muitas folhas caiam das arvores, como as pétalas de cerejeira caiam durante o verão. O lago refletia as cores das arvores, e o cheiro de grama molhada era convidativo a ele. 

Quando viu Oli, ela estava tão maravilhada quanto ele. Ela parou de andar e observou uma grande arvore. Uma folha havia se desprendido dos galhos, e como todas as outras ia girando e caindo. Oli ficou na ponta dos pés e se esticou para alcança-la, mas ela voava para mais longe. David sorriu, foi até ela e a segurou no ar, ao mesmo tempo que a menina a alcançou. Ela olhou para cima, e seus olhos se encontraram. Ele largou a folha e ela segurou ela mais firme na mão. 

- Oli me perdoe. Eu sei que o que eu fiz foi muito errado. Eu estou realmente arrependido. Eu sei que não é desculpa, mas eu comecei a sentir algo por você que eu não conseguia explicar, e aquilo me amedrontava. Quando me dei conta do que estava fazendo com você naquele dia, senti vergonha de mim mesmo. E não sabia o que fazer, precisava de um tempo para pensar... Embora provavelmente, mais do que te coagir a dormir comigo, te deixar lá após isso tenha sido tão ruim quanto. - Ele explicava enquanto a menina o observava fixamente. 

- Você não me coagiu a nada, eu fui e fiz por que quis, mas queria muito que você não tivesse ido embora... Sabe como me senti? - Ela perguntava com os olhos marejados e olhando para a folha que segurava na mão.

- Eu sei, e eu prometo, que nunca mais vou te deixar, e mesmo que demore anos, eu vou reconquistar sua confiança novamente. - Ele disse chegando mais perto da menina que não o afastou, mas não o olhou. 

- Você disse que precisava de tempo para pensar... Pensou? E é por isso que está aqui? - Ela perguntou voltando a encara-lo. 

- Direta. - Disse ele desviando o olhar com as bochechas quentes. 

Ela suspirou, e caminhou até o lago, parou de frente para ele com a folha ainda na mão. David a seguiu e parou atrás dela também observando o lago. 

- Eu pensei, e cheguei a uma conclusão sim. - Disse ele e ela não se moveu esperando a resposta. - Mas não vou dizer ainda. Preciso que me perdoe primeiro. Não quero que pense errado de mim novamente. Que vou fazer isso por algum senso de dever ou algo assim. Preciso do seu perdão primeiro, e da sua confiança. - Disse ele não resistindo e passando os braços pelos ombros da menina a protegendo dos ventos frios que batiam na área do lago. 

Ela suspirou e comentou em voz baixa: - Isso vai ser algo que virá com o tempo. - Disse ela sorrindo e logo se virou de frente para ele. - Mas o perdão eu te dou. A confiança, você vai ter que trabalhar um pouco mais para conseguir. - Disse ela por fim ainda sorrindo. 

- Por enquanto isso é o suficiente para mim. - Disse ele sorrindo para ela. - Por enquanto. - Disse ele desviando o olhar para além do lago. - Agora vamos. Suas bochechas e o nariz estão vermelhos de frio, não quero que fique doente. - Disse ele pegando em sua mão novamente e a levando embora. - A propósito esse lugar é lindo também na primavera, um dia eu te trago para ver. - Disse ele falando enquanto ela ainda segurava a folha firme nas mãos e ia embora de mãos dadas com ele.

Seja a minha Cinderella (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora