Já havia se passado três semanas que Clara e Emily estavam hospedadas no mesmo hostel. E apesar de ser um longo tempo, Emily não dava sinais de ir embora, e Clara se afeiçoava cada vez mais a amiga. Porém uma situação já a estava preocupando. O dinheiro estava acabando, e logo, não iria ter onde dormir. Clara tinha vergonha de assumir isso na frente da amiga, mas logo iria ter que despistar a amiga para procurar um lugar para morar e um sustento. Graças a suas conversas, seu inglês havia melhorado consideravelmente, e se sentia mais segura para se virar sozinha.
- O que você está pensando tanto menina? - Disse Emily sem levantar o olhar das suas revistinhas novas. Aliás, Clara reparou que fora uma das poucas coisas que ela comprou em suas poucas saídas.
- Na verdade... preciso fazer uma coisa. - Disse Clara se levantando da cama, vestindo suas botas, e colocando o casaco. Estavam no outono e já fazia bastante frio.
- Você vai sair? - Disse Emily levantando o olhar dos quadrinhos.
- Sim, mas volto logo, prometo. - Disse Clara correndo e fechando a porta atras de si, tirando qualquer oportunidade da amiga se oferecer para vir junto.
Clara atravessou o corredor e se dirigiu até a recepção.
- Olá, posso falar com a dona? - Ela pediu com um sorriso vacilante e um pouco tremula de nervoso.
- Oi, é alguma reclamação? - Perguntou a recepcionista tentando parecer simpática.
- Não, só gostaria de falar com ela mesmo. Assuntos pessoais. - Disse Clara implorando para que aquilo já bastasse para convencer a moça.
- Ah, tudo bem, aguarde aqui um instante, vou ver se ela pode lhe atender. - Disse a moça sorrindo e sumindo atrás de uma cortina que separava a recepção de um comodo que Clara não conseguia ver.
- A Senhora Margô disse que vai atende-la agora, venha comigo - Disse ela abrindo uma portinhola que dava acesso ao interior da recepção e conduzindo Clara para dentro da cortina.
Quando Clara entrou, sentiu um cheiro forte de incenso, porém não era um incomodo. O aposento se parecia com um escritório pequeno, porém aconchegante. Havia uma mesa grande estilo vitoriano e que parecia pesar uma tonelada, haviam duas janelas, porém elas permaneciam fechadas, inclusive cortinas, o que deixava o aposento um pouco escuro. No meio do aroma de incenso, subiu um cheiro forte de cigarro, e quando observou Dona Margô sentada atrás da grande mesa olhando por cima dos óculos, Clara entendeu o porque do incenso.
A Senhora Margô fumava um grande charuto e observava Clara se aproximar. Quando Clara sentou na cadeira a frente dela, observou quando a menina enrugou o nariz e deu um pequeno sorriso enquanto se recostava na cadeira.
- No que posso lhe ajudar minha querida? - Perguntou a Senhora Margô pegando um objeto e cortando a parte chamuscada do charuto, e guardando o mesmo em uma gaveta, para então se inclinar para frente com as mãos cruzadas na frente da boca e observar Clara.
- Bem... Eu... é... - Disse Clara desconcertada e não sabendo muito bem como dizer.
- Diga querida, não temos o dia todo. - Disse dona Margô. Apesar de palavras secas, Clara encontrou um leve toque de carinho na vos da mulher.
Clara então decidiu respirar fundo, e dizer tudo o que precisava, e ser sincera.
- Senhora Margô, sou Clara e preciso muito de um lugar para morar, porém, meu dinheiro está acabando. Então gostaria de saber, se a Senhora não permitiria, que eu trabalhasse para a Senhora, em troca de alimento e uma cama. Até eu encontrar um emprego. Não posso encontrar emprego formal por que não sou registrada aqui, então... - Clara parou após um aceno da mulher que a observava sem se alterar.
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Seja a minha Cinderella (Pausada)
Storie d'amoreGalera, vou deixar a história pausada por enquanto. Não estou conseguindo escrever ela, mas logo que conseguir, trago mais para vocês. Após o termino de um namoro de cinco anos, Clara se vê a beira de uma profunda depressão. Ela nunca soube lidar m...