🌪 11: Estaca zero

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Dez minutos depois, Alexander estacionou a SUV em frente à residência do detetive Faraq. O militar e Katrina saíram do carro, ouvindo o barulho das portas batendo ao mesmo tempo. A construção era antiquada, com papel de parede pouco extravagantes e isolada do resto da vizinhança. Apesar das luzes acesas, ninguém atendeu quando Katrina tocou a campainha. Tocou de novo, dessa vez batendo na janela.

— Sem câmeras. — Alexander disse, olhando ao seu redor.

— Ótimo. — Katrina bufou. — Vou ligar para ele.

Alexander examinou a fechadura da janela tocada por Katrina e, de repente, deu as costas para ela, fazendo com que morena imediatamente parasse de discar o número de Faraq.

Ela se pôs a segui-lo enquanto ele dava a volta na propriedade, praguejando ao sentir os saltos finos se afundando na terra fofa. Viu o homem se aproximar da janela lateral da casa e abrir, com cautela, o parapeito.

— Esta janela não está trancada. — indicou com a cabeça — Vamos.

Mordeu o lábio, enquanto considerava as consequências de entrar numa casa sem permissão ou mandado. Alexander não esperou pela sua decisão. Em poucos segundos, pulou o parapeito sem um único som.

Ela retirou os saltos e os depositou, com cuidado, na parte externa da casa. Embalada pela adrenalina, também agarrou o parapeito e se lançou de cabeça pela janela. Ao sacar a arma, olhou para Alexander, indicando que deveriam começar a revista na casa. Em silêncio, checaram juntos a sala de estar, a cozinha, o quarto e o banheiro. Não encontraram nada.

Rumaram, então, em direção ao último cômodo, o coração palpitando alto em expectativa. Quando chegaram ao pequeno escritório de Faraq, entretanto, nenhum dos dois falou. Permaneceram, perplexos, olhando para seu corpo cadavérico, agora impiedosamente jogado contra o chão de madeira.

As luzes do ambiente enfatizavam a blusa branca que o detetive usava há trinta minutos atrás, agora tingida por tons de vermelho arterial. Katrina se abaixou, aproximando-se do corpo com certa dificuldade devido a falta de mobilidade que a saia lápis lhe propiciava. Nenhum cheiro desagradável, apenas o férrico e amargo cheiro de sangue. Corpo fresco.

— Merda... — murmurou— um único tiro nas costas. Clássico de execução.

Não obtendo uma resposta imediata, ela se levantou lentamente, vendo que Alexander tinha a mandíbula rígida e os olhos cravados não no corpo morto, mas na direção do computador de Faraq. Quando ela identificou o motivo de seus músculos enrijecidos, enrijeceu também.

Em um ato de extrema ousadia, A ASTRA Caddix usada para assassinar o detetive havia sido deixada em cima da CPU de seu computador. Um computador, agora, também marcado por um tiro certeiro.

Entendendo o que aquilo significava, Katrina cambaleou para trás, as pernas subitamente bambas como se estivessem tomadas pela surpresa. Sentiu algo morrer dentro de si, consciente de que, por sua responsabilidade, haviam acabado de perder a única evidência que tinham.

Ela sabia que Faraq não havia sido claro sobre a pista que estava seguindo, mas ainda conseguia sentir o conflito em seu tom, a dúvida entre contar a verdade ou mantê-la escondida.

E agora ele está morto. Voltamos à estaca zero.

Jogou os olhos para o chão, sentindo a culpa acumular-se na garganta. Não queria encarar Alexander, receosa de revelar o quão vulnerável se sentia naquele momento. Entretanto, ao ouvir o barulho da sonora sirene dos reforços se aproximando, sentiu também os passos duros e inconformados dele em sua direção.

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