🌪 03: Maldito Hauptmann

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007?

Deus, ela odiava o apelido.

A voz grave e o inglês pronunciado num tom sarcástico lhe eram muito familiares.

Malditamente familiares.

Sacudiu a cabeça, a tensão se instalando em seu corpo.

Quem ele achava que era para chamá-la daquele jeito?

Sabendo que seu interlocutor estava observando, virou a cabeça lentamente para trás.

— Capitão Hauptman. — Katrina murmurou, num fio de voz.

— É um prazer revê-la. — ele murmurou, lançando-lhe uma piscadela.

Os lábios avermelhados dela se converteram em um sorriso com escárnio diante de sua ousadia. O filho da puta continuava o mesmo. Katrina rotou sua cadeira para a direção dele, cruzando as pernas com magnificência.

— Acho que não vai gostar das suas boas-vindas. — advertiu, inclinando a cabeça para examiná-lo de cima a baixo.

Era um homem alto, com corpo esculpido devido aos anos de devoção às forças armadas. A barba por fazer, que era um sinal de sua rebeldia devido a política de padronização da aeronáutica, enquadrava o queixo forte e suavizava as feições rígidas de seu rosto. Ele tinha uma atitude confiante, que, segundo Katrina, simbolizava o suprassumo da arrogância de homens como ele. Seu cabelo loiro fazia um contraste com a pele bronzeada após um feriado recente em Los Angeles, e suas íris cor de céu encaravam a policial com atrevimento.

— Nesse caso, eu poderia escolher por mim mesmo — rebateu, com uma polidez que fez Katrina querer vomitar em cima da sua blusa social branca perfeitamente limpa e convidativa. Ela cerrou os punhos, tentando evitar que o profissionalismo se desmontasse ali mesmo.

— Então você quer falar sobre direito de escolha? — riu pelo nariz, sarcástica.

A tensão se intensificou quando os olhos de Alexander permaneceram cravados nos olhos quentes dela, a antiga faísca borbulhando entre os dois. Angeline levou as unhas à boca novamente, sem saber o que fazer para restabelecer a ordem social.

O capitão, entretanto, se limitou a fechar a porta atrás de si, para em seguida se acomodar na cadeira vazia ao lado de Katrina enquanto virava-a de volta para o centro da mesa. Ela o fuzilou com o olhar.

Era nítida a ira que se apoderava do corpo dela, apesar do esforço descomunal feito para não demonstrar o quanto a presença do militar a afetava. Já havia tido contato o suficiente com Katrina Salazar para entender como a mente dela funcionava, e podia assegurar que a morena estava prendendo a respiração para não explodir ali mesmo. Puxou o ar dos próprios pulmões, na tentativa de se recompor.

Não acreditava que Ottis havia permitido que a direção fizesse isso com ela.

Maldita seja toda política de direção.

Maldito seja você, Alexander.

Com um estalo, Katrina decidiu reagir. Ajeitou os ombros, ergueu o queixo e tornou a olhar para o loiro. Dessa vez, de uma maneira quase intimidadora.

— Esse é o Departamento de Armas de Destruição em Massa. Estou chefiando ele.

Os sentidos dele eram aguçados. Entendeu o olhar. E também entendeu o tom de alerta em sua voz; ela estava se armando, protegendo a si mesma e o seu território.

Angeline passou as unhas roídas pelos cabelos, uma pilha de nervos. Todos ali sabiam que o conflito resgatado entre ambos demandava algo mais profundo do que poderiam dizer. Estava na hora de fazer alguma coisa, de quebrar aquela tensão.

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