Capítulo dedicado a: Sinistra26
Com muita hospitalidade, Kihara convidou os Caçadores a entrarem e os instalou na sala, onde sua empregada, chamada Sayuri, já os esperava no recinto. E o principal apoiador e financiador do grupo demonstrou um entusiasmo genuíno em finalmente conhecer o mais novo membro da equipe.
Prestativa, a empregada serviu café a todos e deixou a sala em seguida, garantindo privacidade ao grupo.
Mas o termo empregada, no entanto, quase não lhe cabia mais, pois apesar de honrar sua tarefa em servir, Sayuri era considerada como alguém da família, quase uma segunda mãe do famoso magnata, levando em conta o fato de já trabalhar naquela casa há quatro décadas, herdando o lugar que era da própria mãe, já falecida.
Misaki também apareceu por lá, pouco depois que eles entraram. Fora levar ao patrão alguns documentos referentes a uma das empresas, além de precisar fazer algumas pesquisas.
Mas após cumprimentar todos e parar um minuto para uma rápida troca de idéias, fechou-se na sala de computadores. Deste modo, toda a equipe de Caçadores estava agora reunida num mesmo ambiente fora da base, com exceção apenas do jovem membro fundador.
Enquanto uma conversa descontraída se seguia, um dos quadros pendurados na parede da sala chamou a atenção de Maks: o retrato de uma menina que parecia ter uns quatro ou cinco anos de idade. E não era o único retrato dela. Haviam outros, espalhados pelas paredes, todos tirados em lugares diferentes e alegres. Parque de diversões, playgrounds e até uma foto ao lado de um palhaço.
Mas em quase todas as fotos, ela apresentava o mesmo semblante triste. Umas poucas foram agraciadas com a exibição de seu sorriso, porém, quando ele surgia, parecia forçado. Eram sorrisos que ficavam isolados nos lábios, que não subiam até os olhos; emanava uma seriedade excessiva que não combinava com aquele rosto infantil. Um fato que chamou a atenção de Maks e o forçou a fazer perguntas.
—Quem é a garotinha nos quadros?
Kihara sorriu. – Minha filha, Ayumi. – As palavras saíam com uma alegria incontida, mas ao mesmo tempo, deu a todos a impressão de que lhe pareciam novas, como se ainda não estivesse acostumado a elas. – Na verdade, não é minha filha legítima. – ele acrescentou, o que acabava explicando aquela impressão de novidade. — Eu a encontrei perto de um colégio a quatro meses.
—Perdida?
—Sim. Mas não estudava lá – explicou. – A polícia não descobriu nada sobre ela, nenhum registro sequer. E ninguém deu por falta dela nos dias seguintes. Creio que foi levada até lá e abandonada mesmo. – Sua cabeça balançava de leve enquanto relatava aquele detalhe, demonstrando indignação com o descaso dos responsáveis pela criança. – Como não tinha família, iria para um orfanato, então, a adotei.
Maks olhava detidamente para aquele distinto homem de negócios, ao mesmo tempo em que ouvia o relato. Era muito difícil não o imaginar dentro de um caríssimo terno Armani, embora no momento, estivesse trajando vestimentas bem mais despojadas; um jeans surrado, uma blusa de lã simples e um par de tênis já desgastados pelo uso. Sentado de maneira descontraída no centro do sofá, parecia representar a personificação da simplicidade.
E ele começava a entender porque aquele homem era tão admirado por seus companheiros: não havia o menor traço de soberba em suas palavras enquanto comentava sobre a nobre decisão de dar um lar a uma criança desconhecida. Tudo soava tão natural quando saía de sua boca que decisões como aquela pareciam ser corriqueiras a ele; apenas mais uma boa ação no meio de outras centenas que faziam parte de seu cotidiano.
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Legado da Destruição - Caçadores de Nômades
Actie(Vencedor do Prêmio Wattys 2020) - Nômade: definição - aquele que não tem casa ou não se fixa muito tempo num lugar. Mas havia uma cidade onde os Nômades ganharam uma definição bem incomum: pessoas (ou criaturas semelhante a pessoas) que vag...