Capítulo 1- Uma Manhã Desastrada

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Era uma manhã fria, o sol estava coberto por nuvens e havia uma grande possibilidade que chovesse, apesar de se estar em pleno verão. 

Quando Melizandra abriu os olhos fitou o teto, acostumando-os ao ambiente, pegou seus óculos de grau e os colocou, já que era míope não consegui enxergar as coisas com clareza.

Pegou o seu despertador, que ficava na mesinha de cabeceira ao lado da cama, ao olhar a hora deu um pulo, e saiu correndo para banheiro sem antes, é claro, tropeçar nos próprios pés e quase cair de cara no chão, o que só não aconteceu porque consegui se apoiar em sua estante.

Uma manhã sem acontecer algum desastre não era uma manhã normal para ela, já que era muito desastrada. O quase tombo não foi nada,  já estava acostumada com esse tipo de coisas acontecendo com ela, o tempo todo. O que mais importava era que estava atrasada, tinha dormindo de mais, e por alguma razão, o despertador não tocou.

Na noite passada tinha ido se deitar muito depois do horário de costume, estava estudando para os exames que iriam ocorrer dali a algumas semanas. E como sempre sua maior dificuldade era a matemática.

A matemática para ela era o capeta em forma de disciplina, que servia só para atormentar sua vida.

Tomou um banho rápido, escovou os dentes e vestiu seu uniforme, o mais rápido que pode, nem lavou os cabelos, para não correr o risco de perder mais tempo ainda. Penteou os cabelos e fez um coque, o que não era novidade, ela nunca usava o cabelo solto, a não ser em casa.

Pegou a mochila e o casaco, e correu para a cozinha, mas teve que voltar para pegar seus óculos, a ausência deles junto com o fato de ser desastrada, proporcionaram a ela uma bela batida de testa na porta.

Quando chegou na cozinha seu pai, já estava com uma bolsa de gelo em mãos, ouvira o som que a filha produzirá ao bater na porta.

O sr. Henry Parker era um homem na casa dos quarenta, alto e magro mas não muito, possuía alguns músculos, os cabelos eram castanhos com alguns fios grisalhos, que o deixava com um ar sedutor, e um sorriso que Melizandra achava encantador.

Herdará o sorriso do pai, e quase tudo dele, exceto a pele clara e a cor dos olhos que se aproximava dos de sua mãe. Sua mãe a Srª Linda Parker era uma mulher de uma beleza sem igual, tinha os cabelos loiros, como os raios do sol, e olhos verdes iguais as esmeraldas, pelo menos era descrição que o pai fazia sempre que a mencionava. Não possui recordações claras da mãe, tudo o que tinha era lembranças vagas que ela não sabia distinguir se eram verdade ou apenas sonho. E as poucas fotos que haviam dela, não exaltavam a sua verdadeira beleza, segundo seu pai.

Quando ainda era pequena, a mãe sofrera um acidente de carro e não resistira aos ferimentos. O Sr. Parker era dono de um restaurante, quando a esposa morreu o deixou aos cuidados de seus funcionários, e isolou-se em sua casa com a filha, passando a cuidar e educa-lá sozinho, as vezes recebia a ajuda de familiares, em assuntos que ele não entendia ou não sabia lhe dar.

Sentia-se culpado pela filha ser tão introvertida e reclusa. Se confinou em sua casa com a filha, justo na época em que ela precisa de contato com as pessoas para se desenvolver, tinha medo de perde-lá, assim como perdera a esposa.

Quando resolveu sair do casulo a menina não era mais a mesma, sentia vergonha de falar com as pessoas, sempre preferindo se isolar e ficar sozinha. Ele pensou que com o tempo ela voltaria a sua personalidade extrovertida, porém não aconteceu. Melizandra era divertida e brincalhona, mas só com o pai e os amigos mais íntimos, que não eram muitos.

- Bom dia pai - Falou sentando-se na mesa - Obrigada - disse ao pegar a bolsa de gelo de suas mãos.

- Bom dia princesa - disse beijando o topo de sua cabeça - O que houve que os barulhos foram poucos hoje?

- Nada.

- Tem Certeza? Não é normal você chegar aqui só com um pequeno galo na testa.

- Tenho. Acho que hoje vai ser meu dia de sorte.

- Minha filha, você é sorte na mesma frase não combina.

Melizandra olhou para o pai com a cara um pouco feia, ele sempre tentava fazer piadas com os desastres dela. Eram piadas sem graça mais sabia que seu pai só queria animar ela, por isso não se importava.

- Nossa obrigado pelo apoio.

Enquanto falava pós um pedaço de torrada na boca e acabou se engasgando. Ao ver a filha ficando vermelha, rapidamente pegou um copo de água e deu para ela beber.

- Calma! Calma! - disse enquanto dava pequenos tapas em sua costas - Viu eu disse que sorte e você não combinavam juntas.

- É serio isso? - olhou para o pai e revirou os olhos - Pais normais se preocupam com os filhos e não tentam fazer graça com as desgraças deles.

- Sim pais normais fazem isso. Mas quando seus filhos também são normais, você minha filha é um caso a parte.

Melizandra terminou de comer, levantou-se pegou suas coisa, e se despediu do pai. Quando foi chegando na porta para sair, escutou seu pai a chamando.

- O que foi? Tenho que ir, estou atrasada.

- Vi no noticiário que irá ter uma grande ventania hoje.

- Sim. E o que eu tenho haver com isso?

- Nada. Só queria te pedir para tomar cuidado - deu um sorriso e continuou - Com essa finura é bem capaz do vento te carregar.

- Pai! O senhor não tem nada melhor para fazer não?

- De ter até que eu tenho, mas você sabe que minhas manhãs não são completas se eu não mexer com você um pouquinho. Falou com um sorriso de lado, e deu uma piscadinha para a filha.

Melizandra jogou as mão para o alto, revirou os olhos e saiu correndo, ao chegar na porta.

- Boa aula. Te amo Mel.

- Tá. Também te amo pai - disse antes de sai correndo para a escola, torcendo para não acontecer nenhum desastre pelo caminho.

Por que Tinha que ser Você?Onde histórias criam vida. Descubra agora