Capítulo 13 - Só Pode ser Brincadeira (Parte 1)

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Danyel jogou suas coisas em cima da cama, frustrado. Por algum motivo não tinha ficado feliz pelo que fez e disse a Melizandra. Como tinha hematofobia*, a imagem dos lábios dela sangrando era extremamente perturbadora para ele.

Tirou o uniforme e foi para de baixo do chuveiro a imagem dos olhos marejados e os lábios vermelhos de sangue não saiam da sua mente. Passou o resto do dia extremamente irritado, não estava conseguindo fazer nada direito, a lembrança daquele rosto vinha direto em sua mente. Não estava mais aguentando ficar em casa, ele decidiu sair para correr. Vestiu uma regata é uma calça moletom, calçou o tênis, pós os fones de ouvidos, e saiu. Correu até não aguentar mais, com o corpo todo molhado de suor, e as pernas  doloridas, voltou para casa. Ao chegar em casa tomou um longo banho, a corrida o ajudou a ficar cansado, o que possibilitou dormir rapidamente, porém seus sonhos naquela noite foram povoados por um rosto de olhos marejados e lábios vermelhos de sangue.

Acordou na manhã seguinte, com o barulho do despertador, levantou e foi para o banheiro, seu humor não era das melhores havia dormido mal, contantes lembranças do rosto de Melizandra apareciam para ele.

Seu orgulho o deixava não o deixava admitir, que havia tomado uma decisão exagerada, que sua atitude tinha sido totalmente cruel. Ao se olhar no espelho forçou um sorriso e disse "Você fez muito bem, ela mereceu aquilo. Afinal ela tinha que pagar pela humilhação, que fez você passar"

Após um banho frio, vestiu seu uniforme pegou a mochila e desceu para tomar seu café. Ao chegar na escola, começou a torcer internamente para ver Melizandra, estranhou o sentimento de decepção por não ter visto nem a sua sombra. Enquanto planeja sua vingança contra ela, passavas as horas livres a observando, o que acabou por ter se tronado um habito. 

Passou a semana mal-humorado, a escola estava um saco, uma vez ou outra escutava cochichos enquanto passava pelos corredores. Além disso Alicia fazia questão de dizer algo para irrita-lo, sempre que passava por ele. Eram coisas como "Idiota escroto", "gênio sem coração", "bastardo mal-amado". Além disso tinha que aturar as investidas de Keyla,  que sempre arranjava um jeito de ficar grudada nele, flertando e tentando seduzi-lo.

Depois de uma semana extremamente chata e sufocante, Danyel estava sem animo para mais um dia de aula, tinha passado todo o fim de semana intocado em seu quarto, e quando chegou a segunda pensou seriamente em ficar em casa. Com muita relutância levantou-se e foi para o banheiro, fez sua higiene matinal, trocou de roupa, tomou café e se arrastou para escola.

Andava com seu ar arrogante de sempre, parou de repente ao ver uma figura parada, olhando o portão, uma estranha sensação de felicidade tomou conta dele. Após uma longa semana, Melizandra apareceu finalmente. Ele ficou parado a observando, até ela entrar na escola. Seu humor que havia sumido a dias, voltou, ele se permitiu esboçar um sorriso.

Durante o intervalo, saiu da sala foi pra cantina comprar um lanche, sem se dar conta acabou indo parar em frente a sala de Melizandra. Ficou alguns minutos parado olhando ela e Alicia conversando.

Ao fim das aulas enquanto caminhava para sair da escola, se deparou com uma cena que o deixou bastante perturbado. Imediatamente seu bom humor sumiu, dando lugar a uma raiva inexplicável, quando viu Melizandra andando abraçada com um cara que ele nunca tinha visto na escola antes. "É melhor tirar sua patas de cima dela, antes que eu faça isso por você". Antes que fizesse qualquer coisa, ele voltou a razão "Mas que porra foi isso? E dai que ela está abraçada com outro, isso não tem nada haver com você", falou seu subconsciente.

Danyel fez seu caminho pra casa, com um mau humor maior do que quando saiu pela manhã. Chegando foi direto para seu quarto, saindo somente na hora do jantar. Após comer, Danyel se juntou ao seu pai na sala para assistir o jornal, como fazia todos as noites. Porém não prestou atenção em nada. Quando já estava cansado deu boa noite e subiu para o quarto.

Na sexta-feira, ele estava como sempre, frio e indiferente com todos ao seu redor, tinha passado os últimos dias tentando entender o motivo, de uma raiva irracional tomar conta dele, no momento que viu ela abraçada com o garoto novo. 

Além disso tinha uma coisa  a mais para se preocupar, seu pai o informara que um velho amigo seu iria se mudar para casa deles, junto com sua filha. Passou o resto do seu jantar escutando como seria bom ter outra pessoa da sua idade morando com eles. Antes mesmo de conhecer a garota, já não gostava dela. Já podia imaginar, sendo filha unica deveria ser mimada e chata, com certeza iria ficar dando em cima dele, como todas as outras garotas.

 Ela mal tinha chegado em sua casa e já tinha transformado em uma bagunça. Seu quarto, seu precioso espaço privado, teria que ser compartilhado com seu irmão mai novo.

Ele gostava muito de Dylan, porém ter seu espaço privado era mais importante que tudo para ele. Ao anoitecer, ele estava olhando com desgosto para seu quarto, que agora estava lotado com as coisas do seu irmão. Pouco tempo depois escutou vozes animadas na sala. O amigo de seu pai tinha acabado de chegar. Sua mãe gritou o chamando, com muita má vontade ele foi recepcionar os convidados.

- Aqui  está ele. Falou sua mãe quando ele desceu as escadas. Esse é o nosso filho mais velho, Danyel. Disse sua mãe o apresentando ao homem que estava na sala. Filho esse é o Sr. Parker, amigo de infância de seu pai.

- Muito prazer Sr. Parker eu sou Danyel Arsen, espero que aproveite sua estadia aqui conosco. Falou da maneira mais cordial possível, apertando a mão do homem mais velho, tentando esconder sua falta de vontade em estar ali.

- O prazer é todo meu. Falou o Sr. Parker com um grande sorriso. Erick, Vanessa, vocês criaram um filho muito bonito e educado. Disse aos seus pais. Rapaz não precisa me chamar de um jeito formal, me chame apenas de Henry.

Danyel apenas sorriu e assentiu com a cabeça, queria que aquilo acabasse logo, para poder ir para seu quarto. Enquanto seu pai e seu amigo entravam em uma conversa acalorada, sua mãe o chamou.

- Filho, vá ajudar a filha do Sr. Parker a carregar as malas dela, ela está lá fora.

Sem um pingo de vontade, se arrastou para a frente da casa. Havia um carro estacionado, e uma garota tirando algumas coisas de dentro. Ela era baixa e magra, usava um short curto de cor azul, e uma camisa de mangas brancas.

- Você precisa de ajuda, para carregar as malas?. Falou no tom mais doce e educado que pode, pra esconder a impaciência em sua voz.

Percebeu que a garota deu um pulo quando escutou a voz dele.

- Se você poder me ajudar agradeceria muito.

Assim que a garota se virou, e ele viu seu rosto, não pode deixar de ficar espantado.

- Isso só pode ser brincadeira.

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*A hematofobia é definida como um medo intenso de sangue. Algumas pessoas desmaiam ao ver sangue, outras ficam trêmulas, fracas, enjoadas, tontas, a pressão cai, têm dor de cabeça, calafrios, falta de ar, boca seca e transpiração excessiva.

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