Extra

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Desde o dia em que Melizandra foi embora, Danyel sentia um vazio imenso. Seu quarto tinha voltado ao normal, mas ele não estava feliz, dividiria o quarto com quantas pessoas fosse preciso, portanto que ela estivesse dormindo na porta ao lado. Foi com muita tristeza que viu as coisas que ela deixou para traz serem retiradas do quarto.

Continuava agindo como sempre, mas por dentro estava se sentindo um lixo, isso era o que ele era um lixo, se pudesse voltar atrás não teria feito nada daquilo.

Agradeceu aos céus por ter ficado na mesma turma que ela, mesmo que não se falassem, poderia ao menos vê-la, ficava esperando ansioso as aulas de língua estrangeira.

Se arrependia amargamente de tudo, gostaria de ter feito tudo diferente, estava destruído. Se arrependia amargamente, de não ter falado para ela o que sentia, mesmo que ainda não compreendesse direito, naquela noite após o baile após o beijo deles. Ainda sentia a sensação dos lábios dela, queria poder sentir aquela sensação de novo. 

Naquela noite ele ficou tão surpreso com a reação que teve, de beija-la, que correu para o quarto, ele tinha ficado envergonhado, afinal nunca tinha beijado alguém antes, nunca tinha se interessado em beijar alguém antes. Passou a noite em claro pensando naquele beijo, e como ele iria reagir quando a visse pela manhã, sua falta de compreensão com os sentimentos que estava tomando de conta dele, o fizeram reagir da pior forma possível, agir com indiferença, afinal era a única maneira que ele sabia agir, quando não compreendia alguma coisa.

Mas o pior de tudo para ele foi sua impulsividade, ele toda noite se questionava, por que tinha aceitado aquele encontro?, por que disse aquelas coisas, por que não compreendeu o que sentia ante de tudo aquilo? Estava decidido a fazer tudo que tivesse o seu alcance para ter o perdão de Melizandra.

 Foi então que soube que ela iria para a Itália. Tentou falar com ela antes que fosse embora, mas na hora não tinha conseguido expressar seus sentimentos.

No dia da sua festa de despedida, ele se trancou em seu quarto, com uma garrafa de bebida da adega de seu pai, bebendo até a última gota, pegou a folha de papel que já estava desgastada de tanto ser manuseados e começou a ler as linhas novamente. Era uma das poesias que ela tinha feito para ele, a única que não tinha sido exposta no quadro de avisos.

Ainda se lembrava dá a sensação que sentiu quando leu aquelas linhas pela primeira vez. Mas foi estupido o suficiente para não apreciar o que ela tinha escrito para ele. Leu mais uma vez e caiu no sono.

No dia da partida dela, foi ao aeroporto e ficou olhando de longe. Viu quando ela se despediu dos amigos e do pai, decidiu ficar ali até o avião decolar. Foi quando ouviu alguém o chamando, ficou surpreso ao ver que era Alícia.

- Antes de me perguntar, eu fui ao banheiro e vi você parado aqui. Ficou olhando para ele por alguns segundos. Bom isso me poupa tempo e trabalho de ir procurá-lo. Remexeu na bolsa e retirou um envelope. Toma.

Ele franziu a testa quando Alícia entregou envelope.

- Ela me pediu para entregar isso a você. Falou ao notar a expressão confusa no seu rosto. Por mim eu não entregaria nada para você, você não merece, mas estou fazendo por que minha amiga me pediu. Viu que ele olhava fixamente para o envelope que estava em suas mãos. Bom vou indo, não posso dizer que foi um prazer em vê-lo, porque não foi. Adeus.

Danyel olhou fixamente para aquele pedaço de papel em suas mãos, o guardou no bolso e foi para casa. Ao chegar foi direto para seu quarto, entrou e fechou a porta, pegou o envelope, colocou em cima da mesa, e ficou o encarando, estava sem coragem de abrir e vê o que tinha dentro, após reunir coragem o suficiente, respirou fundo, abriu e começou a ler.

Oi Danyel como está?

Surpreso por eu estar lhe escrevendo uma carta? Bom eu acho que não, já fiz isso várias vezes e fui humilhada.

Parou de ler pois aquelas palavras lhe doeram o coração, respirou fundo mais uma vez, e continuou lendo a carta.

Bom, você já sabe mas gostaria de dizer. Eu gosto de você. Me desculpe por dizer isso. Há anos vem aguardando esse sentimento no meu peito. Não sei quando começou, mas quando dei por mim ficava te olhando secretamente, para alguém como eu, só de me aproximar de um gênio como você já era um luxo.

 Nesses anos sempre me conformei em ver sua sombra se afastando, me contentava em te olhar de longe. Eu gosto de você, porém você me considera uma piada, você nunca apreciou minha sinceridade, fez pouco caso do que eu sentia por você, quando descobriu, e da pior maneira possível.

E sabe o que é o pior de tudo isso?
É que eu ainda gosto de você, como uma grande idiota. 

Estou embarcando nessa viagem e espero te esquecer. Quando eu voltar, você não estará mais em meu coração.

Imagino que você deve estar feliz agora, já que nunca mais vai precisar me ver. Eu espero que não nos encontremos novamente no futuro. Fica bem.

Adeus.

Att. Melizandra.

Após ler aquelas palavras, sentiu seu coração se despedaçar, e com lágrimas nos olhos se deu conta, que tinha perdido o grande amor da sua vida.

Por que Tinha que ser Você?Onde histórias criam vida. Descubra agora