10. Tempestade...

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10. Tempestade

Sawamura chegou em casa ao cair da noite, estava cansado e faminto. Tudo que queria era tomar um banho, fazer uma refeição satisfatória, ligar para seu namorado e ouvir sua doce voz. Queria ter passado um tempo com ele, mas precisava comprar algumas coisas para sua mãe. Não iria fazer o ômega andar tanto, então dispensou sua ajuda, contra sua vontade, é claro.

Odiava manter o relacionamento deles em segredo. Não via a hora de apresenta-lo para sua família, sabia que seus pais não aceitavam bem o fato de existir ômegas machos, mas esperava que os mesmos já tivessem deixado esse preconceito antigo de lado. Sempre quis ter a aprovação dos mesmos pela sua escolha, era feliz com Sugawara, se sentia completo ao seu lado.

_Daichi, pode vir á sala? Seu pai e eu precisamos conversar com você. –Diz sua mãe entrando em seu quarto e lhe tirando dos pensamentos.

_Claro, já estou indo. –Fala a seguindo para o cômodo, encontrando seu pai sentado no sofá, a expressão séria. –Aconteceu alguma coisa?

_Hoje tivemos uma reunião com os administradores da empresa. As coisas não estão indo bem. As vendas caíram muito nos últimos meses devido á alta concorrência. –Disse suspirando. –Se nada for feito iremos á falência. Há mais ou menos um mês os Michimiya’s nos fizeram uma proposta, eles querem unir nossas empresas por meio de um casamento arranjado. Hoje após a reunião decidi que irei aceitar a oferta. Amanhã teremos um jantar na casa deles, onde tudo será oficializado.

_O-O que você quer dizer com isso? –Perguntou transtornado. Algo assim não podia estar acontecendo né? Seus pais não fariam isso consigo ou fariam?

_Você irá se casar com a Yui Michimiya. São amigos de infância, se dão bem. Os dois formam um belo casal, ela já sabe do acordo e diz não se importar.... Essa é a salvação da nossa empre...

Sawamura não ouviu mais nada. Sua cabeça dava voltas e mais voltas. Levantou-se do sofá indo direto para seu quarto, trancando a porta com um baque, assustando seus pais que não esperavam tal reação de alguém tão controlado.

Como eles puderam fazer algo assim consigo? Um casamento arranjado! Sempre demonstrou o quanto odiava a ideia de um casamento sem amor. E agora isso? Não esperava tal ação de seus pais, mas não podia culpa-los. Não era somente a empresa, mas os empregos de muitas pessoas estavam em jogo. O que faria?  Não podia pensar apenas em si. E Sugawara? O que diria a ele? Como tamanha responsabilidade foi jogada em cima de si?

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Michimiya era uma boa jogadora de Shogi. Era calculista, observadora e inteligente. Nunca fazia uma jogada sem antes considerar os movimentos do oponente e como eles pensavam. Por isso, sabia que Sugawara não iria contar da sua conversa para Daichi. Ele era do tipo que procurava fazer as coisas certas, sem prejudicar ninguém. Sempre colocando as pessoas em primeiro lugar, ignorando seus próprios desejos.

Ficou um bom tempo estudando o outro, conhecendo-o melhor, seus gostos, personalidade, amigos, familiares. Tudo. Então planejou cuidadosamente a forma de abordá-lo, para não haver espaço para dúvidas. Não haver brechas para uma mudança no jogo... E então xeque-mate. Ela havia ganhado. Mais fácil do que podia imaginar.

Tudo corria conforme o planejado. Amanhã finalmente oficializaria seu noivado com Sawamura. Ele não seria contra o casamento. Muita coisa estava em jogo. Conhecia a personalidade do outro. Daichi sempre pensava nas consequências de suas ações. Em quem prejudicaria. Finalmente teria o que tanto desejou.

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Três horas após a ligação, a porta da casa de Sugawara estava sendo aberta por seu irmão mais velho, Sugawara Tettsu. Um alfa de 20 anos, cabelos castanhos claros e olhos acinzentados como o do mais novo. Preocupação dominava suas feições e essa só piorou ao ver seu querido Otouto com os olhos inchados de tanto chorar. Seu irmão nunca chorava. Algo muito ruim definitivamente ocorreu!

Amor Sem LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora