Pra Te Fazer Lembrar

Madrugada Longa

    Depois de duas horas nem eu me sentia convencida sobre o que dizia, eu estava sendo o mais clara que podia, e também sincera, porém o problema é que eu desconhecia todo o resto, aquele que traria sentido a tudo.

- Então é isso? Você não sabe o que aconteceu e pretende descobrir mesmo que talvez já imagine a resposta? - minha amiga dizia em tom choroso, mexendo no rádio, talvez buscando uma canção que pudesse aliviar o clima tenso, que eu ao menos sentia.

- É que eu quero saber se foi isso mesmo... - afirmei a hipótese que passava em sua mente.

- Você vai... Bom, vai mandar mensagem para esse Pedro? - ela me olhou com ar curioso.

- É o que resta, talvez ele saiba de algo, não custa.

- Emily, eu não quero bancar sua mãe, nem falar o que eu acho que teria sido o melhor porque já era, já foi. Agora é melhor fazer o que dá... - ela balançava a cabeça olhando para o alto como quem busca uma solução que caia dos céus.

- Nem precisa dizer nada, sei que não adianta fazer alguma coisa agora, só que ainda posso ter certeza de algo, dormir com menos peso, acordar consciente de algo, mesmo que esse algo seja ruim, sabe? - eu falava firmemente, não querendo mostrar que estava perdida dentro de mim.

- Você está certa então, eu estou com você - ela falava com pressa, talvez não sabendo o que mais dizer.

    Depois de um minuto que olhamos fixamente à nossa frente eu me lembrei de que era tarde, então liguei o motor e acelerei.

    Após 10 minutos de silêncio estávamos na casa de Verônica. Sem mais delongas ela só me encarou por uns segundos e me deu um abraço, curto. Depois de ela descer eu pensei comigo mesma e sabia que algo incomodara muito Vera nessa história, não só pelo fato do possível ocorrido mas havia algo mais e eu sentia. 

    Como eu estava evitando tudo o que me trouxesse mais dores de cabeça ao menos por hoje, decidi ir para casa sem pensar, então apaguei da mente brevemente aquele tema, deixando lugar para a música que começara pelo resto da viagem.