Duas Garotas, Um Caso

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    O dia seguinte correu, como uma brisa fria na tarde e eu estava na minha sala, lendo minha planilha sobre o caso 39. Havia acontecido um assassinato, uma garota fora estuprada e morta na noite anterior. Ao que parecia Carolina Moraes não mais veria a luz do sol, nem ao menos testemunharia em dúvida sobre o momento cruel que passara anteriormente à sua morte.

    Comecei a pensar alto comigo mesma a respeito do que poderia ter acontecido naquele cenário na ocasião, acabei vendo Catarina passar pelo corredor, olhou de leve pela minha sala pela janela de vidro e quando deu de cara com meu olhar pensativo desviou o foco  e apressou o passo.

    Bem, eu não estava preparada psicologicamente para um caso desses, e se eu fosse Carolina, porém com a sorte ou o acaso de ter sobrevivido? E se eu pudesse gritar em seu lugar, para o mundo todo ouvir? De qualquer forma eu fiquei extremamente feliz por ter de prestar serviços ao irmão da jovem e não ao seu assassino.

    Minutos se passavam enquanto eu via pessoas passarem de um lado para o outro, me levantei e apreciei a configuração que o céu tomara até então por minha janela, era um típico dia nublado e eu apreciava porque eu sentia que há beleza maior na realidade sincera e angustiante do que na expectativa que se cria em um momento empolgante e aparentemente perfeito.

    Quando era hora do almoço juntei a papelada daquele caso e me apressei para voltar logo, pois sabia que meu encontro com o irmão de Carolina seria às 14:00. Como de hábito alguns me olhavam com curiosidade quando deixei minha sala. Caminhei até o elevador conversando sobre às  mudanças climáticas com um homem que trabalhava ali também por muitos anos, Marcelo, um homem careca, com porte atlético e com fama de durão, diziam as más línguas que ele traíra a esposa e que agora era mais feliz, vivendo a vida como um homem sem preocupações sérias, apenas gastando com as próprias vontades e instintos.

    Bem, eu não gostava de pensar na ideia mas podia sentir seus olhos interessados fixarem em meu rosto, com aquele típico olhar de alguém que busca seduzir uma presa antes de ir ao ponto.

- Então você está indo almoçar, Emily? - ele perguntou enquanto me encarava.

- Pois é! - o olhei rapidamente com cara pouco entusiasmada.

- E você come onde?

- Naquele restaurante do fim da esquina, eles têm uma boa comida japonesa - sorri.

- Eu não gosto de comida japonesa mas poderíamos conversar um pouco lá, se incomodaria se eu fosse junto? - ele finalmente quis saber, o que eu já temia.

- Não, você pode vir, estou mesmo pensando em te perguntar uma coisa a respeito de um caso - eu falei.

- Sendo assim...

    Caminhamos até o restaurante, ao chegarmos peguei minha bandeja e passei pelo self Service, enquanto isso eu via de canto Marcelo esperar pelo churrasco na sessão de grelhados.
Quando me sentei o vi se aproximar e sentar também. Começamos a comer, de vez em quando elogiávamos a comida.

- Então, o que tem para me perguntar? - Ele me olhou curioso.

- Estou com um caso complexo, uma mulher foi assassinada após sofrer da pior maneira possível para uma mulher, me entende? - o encarei de forma sugestiva.

- Ah, entendi. Bom, eu sinto muito por ela, é realmente terrível pensar nisso - ele me disse enquanto se esforçava para cortar um filé de carne.

- O que leva alguém a fazer isso com outra pessoa? Eu não entendo...

- Ora, canalhas são canalhas, quando eles colocam alguma merda na cabeça só fazem e pronto - falava mastigando.

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⏰ Última atualização: Jan 04, 2021 ⏰

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