Sinto como se tivesse acabado de receber um soco no estômago. As palavras de Jackson me acertam com tal força, que o ar chega a faltar.
Mas que porra esse intrometido acha que está fazendo?
A primeira reação que tenho é olhar ao redor, querendo ter certeza de que não há mais ninguém no corredor, à não ser nós três. Em seguida, tento me livrar do toque em minha cintura. Porém, com um movimento sútil, Jackson me impede e firma o seu braço em torno de mim, mantendo-me presa a si.
Furiosa, penso em lhe dar uma cotovelada, mas o seu olhar é o bastante para que eu entenda ser uma péssima ideia e que devo seguir o fluxo por ora.
Adrian nos observa e torce os lábios, numa demonstração explícita de seu aborrecimento, enquanto a vermelhidão em seu queixo se funde ao restante do seu rosto, tomado cada vez mais pela raiva.
Nenhum de nós fala. A tensão é tão densa, que pode ser cortada com uma faca.
– E então? – Jackson se pronuncia, rompendo o silêncio.
Não querendo mostrar a sua verdadeira face, Adrian ajeita os cabelos e se recompõe. A marca da mordida que lhe dei é visível, mas ele não parece ligar muito para isso; vestido com a sua máscara irônica, olha de mim para o meu colega, e diz:
– Nada com o que precisa se preocupar, professor Jackson.
– Ah, é?! E por que a Clara estava gritando e tão alterada?
Ambos se encaram. A hostilidade paira no ar.
– Eu já disse, professor, não é nada com o que deve se preocupar. A professora Clara e eu somos velhos conhecidos e estávamos apenas conversando. – olha-me – Não é, professora?!
Sinto os dedos de Jackson afundando em minha pele. Ele está irritado assim como eu.
Noto-o fazer menção de se mexer, mas o detenho. Eu quero muito dar o que esse cretino do Adrian merece, porém, seria burrice causar alarde dentro do colégio. Somos dois professores contra o investidor, e estamos em desvantagem. Além disso, a última coisa que eu quero é que a minha história como ele venha à tona.
Voltamos a ficar calados. Não mentirei para acobertar a desculpinha esfarrapada do Adrian, mas também não direi a verdade. Então, o melhor é permanecer quieta.
Ele olha fixamente para o braço de Jackson que ainda está enroscado em minha cintura e solta um risinho debochado, fazendo-me respirar fundo.
– Vocês formam um belo casal. – fala e o sarcasmo em sua voz me dá ânsia.
Tanto eu quanto Jackson não respondemos. Adrian, tendo isso como uma brecha para sair, sorri minimamente e volta pelo o caminho em que veio.
Assim que dobra o corredor, rapidamente me desvencilho do meu colega de trabalho e tomo bons passos de distância. O meu coração bate descontrolado dentro do peito e a cabeça girando. Eu encaro o homem parado a alguns centímetros de mim e esbravejo:
– Você ficou louco?
Jackson retesa, surpreso com o meu comportamento. Contudo, não dou a mínima e prossigo destilando o meu veneno:
– Por que você disse a ele que somos namorados? Ou melhor, por que se meteu nisso?
– E o que eu deveria ter feito? Huh? – retruca, um tanto irritado, e suspira – Olha, Clara, eu não sei qual é o seu envolvimento com aquele cara. Tudo o que eu sei é que você estava desconfortável e, apesar de eu não entender o que diziam, estava bem evidente que não era uma conversa amigável. Muito pelo contrário.
Calo-me. Jackson é tão astuto, que mentir está fora de cogitação.
– Além disso. – ele continua – Aquela marca de mordida no queixo dele só me leva a crer que algo realmente sério estava acontecendo antes de eu chegar. Por isso, quando ouvi as vozes e deparei com você nervosa daquele jeito, não pensei duas vezes em ajudar.
Eu o observo e sinto vergonha de mim mesma. Desde o início, a única intenção do Jackson foi me ajudar e eu estou agindo como uma mal-agradecida. Apesar do susto que tomei ao escutá-lo dizer com tanta convicção que era meu namorado, sei que o fez apenas para afugentar o Adrian.
No entanto, algo em meu interior ainda rejeita essa boa vontade do meu colega.
– Me desculpe, Jackson! – respiro fundo, esfregando os cabelos da nuca – Eu sei que você só fez isso para me ajudar e eu verdadeiramente lhe agradeço. Não pense que sou ingrata ou qualquer coisa do tipo, é só que... E se ele contar para alguém? Já parou para pensar o que isso pode provocar? Sinceramente, eu não quero outro rumor correndo por aí.
Ele me olha, olha e olha. Sua expressão enevoa de repente e uma sensação estranha percorre a minha espinha.
– Você está receosa por causa do Berryann, não é?!
Arregalo os olhos e, por um instante, esqueço como se respira.
Por que está citando o John justo agora?
– Do que ele está falando? – me faço de desentendida.
– Eu não sou estúpido, Clara. – responde, soltando um suspiro em seguida – Eu sei sobre o John e você. Sempre soube.
Engulo em seco e não faço ideia de como reagir. Fico paralisada, encarando Jackson e tentando digerir o que acaba de jogar sobre mim como uma bomba.
Não posso acreditar que ele sabe. Embora eu tivesse as minhas suspeitas, ter essa certeza é completamente diferente. Muda absolutamente tudo.
– Como você...
– Eu não sou tolo e muito menos cego. Eu os vi, Clara.
– O que? Onde...
– Na boate, aquele dia. Enquanto eu estava no balcão pegando as cervejas, vi quando ele se aproximou e vocês dançaram juntos... Bem, um pouco mais do que isso.
– Jackson...
– Para ser sincero, eu não havia o reconhecido e como você o rejeitou, fiquei despreocupado e só corri para alcançá-la depois que a Manu permitiu. Foi então que percebi ser o John.
– Mas, nós... Nós não estávamos...
– Sim, eu sei que não estavam juntos. Mas, como eu disse, não sou bobo. E mesmo que fosse, eu não sou cego e os olhares que começaram a trocar depois daquilo expressavam mais do que deveriam. Na verdade, o John sempre olhou para você de forma diferente e eu não precisei de muito para entender que estava rolando algo. – faz uma pausa e respira fundo – Embora eu tivesse as minhas desconfianças, acreditava ser uma bobagem da minha cabeça. No entanto, eu os encontrei na sala do clube de música e também no mercado. E tudo se tornou óbvio demais para ignorar.
Chocada e com a pulsação à mil, travo uma batalha interna contra o meu constrangimento, à fim de seguir encarando o meu colega de trabalho. Mas com tudo o que me confessa, é quase impossível manter a cabeça erguida.
Oh, céus... Fomos tão óbvios assim?
Volto a engolir em seco enquanto Jackson está calado. Sigo o seu silêncio e o corredor mais uma vez só é preenchido pelos ruídos ao redor.
– Ele é só um garoto, Clara. E ainda por cima o seu aluno.
– Eu sei disso.
– É proibido uma professora e...
– Eu sei!
– Você também sabe como isso pode acabar, não sabe, Clara?!
Eu balanço a cabeça, consentindo, e Jackson respira fundo outra vez.
– Meu Deus, eu só quero que entenda as consequências que esse envolvimento podem trazer a você. E até a ele próprio. – dá alguns passos em torno de si mesmo e bagunça os cabelos castanhos – Isso tudo é uma loucura! Você nem deve conhecê-lo direito e está se expondo dessa maneira, arriscando o seu emprego e a sua reputação. Por favor, Clara, não se deixe levar por um caso e...
– Não é somente um caso, Jackson. – interrompo-o, agora o observando fixamente.
– Como assim?
– Eu amo o John.
Ele fecha os olhos e solta um longo suspiro, passando a mão nervosamente na testa.
– Me diz que é brincadeira, por favor.
– Não é brincadeira. Eu realmente o amo, assim como eu estou ciente de todos os riscos que essa relação me sujeita. No início, tentei me manter o mais longe possível dessa tentação. Mas... Eu já não sou mais capaz de lutar contra algo que é mais forte do que eu. – puxo o ar com força para dentro dos meus pulmões e o solto da mesma maneira – Eu amo aquele garoto mais do que a mim mesma, Jackson.
– Clara...
Um silêncio perturbador se ergue em torno de nós dois. Eu continuo o observando, porém, Jackson não retribui o meu gesto; a quietude segue quase interminável, e quando penso em dizer algo, ele ergue a cabeça e lança-me um olhar irritado.
– Você sabe o que faz.
É somente o que diz, antes de girar nos calcanhares e caminhar apressadamente pelo corredor. Fico olhando para o vazio. O sangue corre rápido nas veias e um gosto amargo toma a minha boca. Um turbilhão de emoções revira em mim.
Mas nada disso parece fazer sentido, quando lembro que o assunto da conversa ainda está a minha espera atrás do galpão de educação física.
– Ai merda!
Corro para o local marcado, porém, não o encontro. Ofegante pela corrida repentina, olho de um lado para o outro, esperando encontrá-lo em algum lugar, mas nem um sinal dele. Angustiada com as tantas possibilidades que rondam a minha cabeça, tiro o celular do bolso e vejo as mensagens que enviou.
De: Coelho Boy
Para: Clara
"Meu bem, desculpe! Acabei de receber uma mensagem da minha gerente e ela precisa que eu entre mais cedo para cobrir um dos garçons que faltou.
Apesar de eu querer muito te beijar, terei que ir.
Me desculpe!"
De: Coelho Boy
Para: Clara
"Eu sei que não estou lhe dando tanta atenção esses últimos dias, mas, por favor, não fique chateada comigo."
Termino de ler as mensagens e sinto o meu peito se apertar, apesar de estar levemente aliviada. Pelo o horário de envio, ele sequer conseguiu chegar no galpão de educação física, deve ter desviado e foi direto para casa.
Por um lado, foi bom, já que não teve que ficar esperando e não correu o risco de presenciar a cena entre Adrian, Jackson e eu. Teria sido muito pior, com certeza. Mas por outro lado... Ah, droga! Perdi mais uma chance de conversar com ele.
Mando uma mensagem, dizendo que está tudo. Mesmo que a verdade não seja exatamente essa.
Cansada e aborrecida, faço o caminho de volta e vou pegar os meus pertences na sala dos professores; apesar das minhas preces, dou de cara com Jackson assim que entro, mas ele finge que não me viu e cada um toma o seu rumo, sem dizer uma palavra.
No trajeto para casa, a minha perna parece ter vida própria, uma vez que não para de balançar. Os meus pensamentos também estão agitados e só vou conseguir me acalmar quando colocar tudo para fora. E eu sei bem quem me ajudará nisso.
Após pagar a corrida e descer do carro, ando apressada para abrir a porta. Porém, ao contrário do que eu imaginava, me deparo com todas as luzes apagadas.
Manu não está.
Que ótimo! Com que eu vou desabafar agora?
Ela deve ter pego a turma da noite hoje, embora não tenha me avisado. Ou talvez tenha dito alguma coisa e eu que não lembro graças à pilha de nervos que estou.
Jogo a bolsa e as pastas sobre a cadeira, arremesso a camisa e a saia do uniforme na cama e me ponho a andar de um lado para o outro, quase arrancando os cabelos de tanto nervosismo. Rodo em torno do tapete como aqueles cachorros atrás do rabo.
Oh céus... Eu preciso extravasar ou vou enlouquecer!
Eu me conheço. Se eu ficar aqui, remoendo o que aconteceu, vai ser bem pior.
Pego um jeans escuro no armário, seguido por uma camiseta branca com a estampa do The Clash, apanho os meus equipamentos de treino e corro para a área dos fundos onde está guardada a minha BMX; monto sobre ela assim que a coloco no chão e saio pedalando rua a fora, em direção a pista em que costumo ir.
Tenho certeza de que alguns saltos e umas manobras me deixarão mais calma ou, ao menos, ocuparão a minha mente por algumas horas.
Pedalada por pedalada, percorro a avenida principal enquanto ouço os sons ao meu redor. A noite está fresca, perfeita para andar, e fico contente por ter resolvido sair um pouco com a bicicleta ao invés de ficar mofando em casa. Gosto de pedalar em climas como este.
Chego a pista e não há mais do que duas almas vivas perambulando entre os obstáculos. Um pessoal mais afastado, nos bancos, parece conversar e não dar a mínima para o que acontece. Então, eu estou livre para tentar brincar um pouco e sem precisar me preocupar com espectadores.
Enfim coloco os fones de ouvidos e Cindy Lauper começa a soar, com a sua 'Girls Just Want To Have Fun'. E apesar de eu estar bem longe dessa vibe, quem sabe, deixar no modo repetitivo me faça acreditar que estou me divertindo.
Seguindo a mania de sempre, dou uma volta na pista e então me preparo para fazer os saltos. Estou a todo o vapor e quero voar com a bicicleta o máximo que eu conseguir.
Bem, esse era o plano.
Uma... Duas... Três...
Três tentativas, três majestosas falhas.
Respiro fundo uma e outra vez. O suor brota e se acumula na minha testa. Eu tenho que esvaziar a cabeça e me concentrar. Só assim serei capaz de saltar.
Quatro... Cinco... Seis...
Outro salto. Outro erro.
Mais irritada do que relaxada, tomo velocidade para subir no corrimão, empenhada em fazer a bendita manobra. Dou impulso, engancho as rodas no metal e deslizo escadaria abaixo. Mas, pouco antes do final, me desequilibro e vou direto para o chão.
Minha queda é digna de cinema.
Vou para um lado, a bicicleta para o outro, e eu giro duas vezes antes de parar de bruços no asfalto. Sem dúvida, James Bond teria inveja de mim agora - ou pena.
Fico estirada por alguns segundos, tentando sentir se algo se partiu ou alguém presenciou o meu tombo. Mas como não sinto dor e ninguém vem para ajudar, levanto devagar e tiro o capacete assim que estou de pé.
Permaneço parada, estática, sentindo a raiva, a frustração, a mágoa e tantos outros sentimentos borbulharem em mim. Como um vulcão prestes a entrar em erupção.
Sem pensar duas vezes, levada pela impulsividade, jogo o capacete com toda a força contra o chão e grito o mais alto que posso, sem dar a mínima importância para quem esteja passando.
Preciso extravasar. Preciso libertar tudo o que está guardado em mim ou ficarei realmente maluca.
Depois de chutar o ar e soltar alguns bons palavrões em português, verifico se a minha querida MBX não sofreu nenhum arranhão sério e me sento em um dos bancos.
Isso não pode continuar assim!
Já estou arrastando esse assunto a muito tempo e eu sei, melhor do que ninguém, que ficar postergando nunca resulta em boa coisa.
Além disso, eu também preciso falar sobre o que aconteceu essa tarde envolvendo o Jackson. Mesmo que mais ninguém tenha visto a cena, prometemos não esconder mais nada um do outro, e é exatamente o que farei. Serei sincera.
Pego o celular no bolso, confiro se também está inteiro, e procuro o número de Johnie. É o primeiro na lista de chamadas recentes; encaro o visor por um instante, mas, não dou tempo para nada e trato de apertar o 'chamar'.
Ansiosa, preocupada e suando frio, eu espero que atenda. Meu coração parece que vai sair pela boca a qualquer momento. A cada novo toque.
Contudo, apenas chama e chama, para cair na caixa postal. Tento ligar novamente, mas, assim como da vez anterior, vai direto para a caixa postal.
Ele só não atende o telefone quando está no trabalho ou, muito provavelmente, no ensaio. São quase nove da noite. Como eu não lembro os seus horários no karaokê, principalmente com tantas mudanças, agora ele deve estar em um ou em outro.
Ou seja, não vai atender.
Penso em ligar pela terceira vez, mas não quero preocupá-lo e muito menos atrapalhar o que esteja fazendo. Apesar de ser um assunto urgente, não quero deixá-lo ansioso. Eu o conheço bem o suficiente para saber que vai largar tudo se perceber que algo está errado. Independente se isso lhe custar o emprego ou a apresentação.
E a minha determinação se vai.
Com um nó entalado na garganta, guardo o celular de volta no bolso e me inclino para observar as estrelas. Suspiro. Quando ele estiver livre e retornar as ligações, direi para nos encontrarmos em sua casa e assim vamos conversar.
Acredito que não vai acontecer nos próximos dois dias por causa dos ensaios. Mas, quem sabe, na noite antes da apresentação ele esteja mais desocupado. Ou será que eu posso esperar até que o final de semana tenha passado?
Céus!
Decido pedalar um pouco mais. Sem saltos ou manobras, somente andar e sentir a brisa fresca da noite. Sinceramente, eu não quero parecer uma linguiça estendida no chão de novo e menos ainda arriscar quebrar o que eu - por sorte - não quebrei.
Faltando vinte minutos para as onze, vou para casa. Preciso de um longo banho e descansar o máximo que eu puder, para amanhã ter que encarar, não só o Adrian, como o Jackson também. E eu não sei o que pior, ter que defrontar o meu passado ou o julgamento do meu presente por estar em um relacionamento com um aluno.
De qualquer forma, está longe de ser o que eu gostaria para as minhas manhãs.
Ao chegar em casa, guardo a bicicleta no lugar e entro sem fazer barulho. Encontro Manuela adormecida no sofá e a televisão ligada em um filme romântico e que, se não me engano, se chama Diário de uma Paixão.
Bem, temos maneiras diferentes de sofrer por amor.
Notando que está em um sono profundo e que precisa descansar mais do que eu, apenas ajeito a manta que costumamos deixar para casos como este e ponho uma almofada debaixo de sua cabeça. Deixo um beijo de boa noite em seus cabelos e dou uma última espiada nela antes de ir para o meu quarto.
Eu só espero que a minha amiga e o seu garoto se acertem em breve.
Depois de uma boa chuveirada, visto a camiseta que geralmente uso como pijama nos dias quentes e deito na cama com o celular em mãos. Navego nas redes sociais e assisto alguns vídeos, esperando que John ligue ou mande uma mensagem. Espero e espero. Mas não acontece.
Eu adormeço e ele não me retorna.
De manhã, atrasada como há semanas eu não fico, coloco as roupas na velocidade da luz e obrigo o café da manhã a descer goela abaixo da mesma forma. Mordo um pedaço do pão e o engulo com o café. Repito o processo até que sobra apenas farelos.
Manuela, apesar de tristinha, se esforça para comer nem que seja uns pedaços de frutas. Ela continua um tanto pálida e amuada, e isso verdadeiramente me preocupa. Embora ela tenha pedido um tempo ao Sebastian e o idiota esteja cumprindo com o prometido, sem contar o meu próprio problema para resolver, eu preciso tomar uma atitude ou esses dois ficarão assim até sabe-se lá quando.
Querendo poupar a minha amiga, decido ir para o colégio de táxi. Por sorte, embarco em um assim que saio de casa e chego com alguns minutos de folga antes de o sinal bater; pago o motorista e desço equilibrando as minhas pastas, porém, todas elas quase vão ao chão com o baque que sofro ao encontrar John encostado no muro de entrada do estacionamento.
Meu coração acelera. Vai de zero à mil em um segundo.
Eu já vi essa cena antes e o desfecho dela não foi dos melhores. E eu duvido muito que seja diferente agora, porque a sua expressão enquanto se aproxima é tão sombria, que arrepia até a minha alma. Seu maxilar está tenso e posso ver uma veia saltando do seu pescoço, o que só acontece quando ele está muito irritado ou quando fazemos amor. E a resposta aqui está bem óbvia.
Sem sequer me dar um momento para respirar, o garoto se põe a minha frente e seus olhos escuros subjugam-me de imediato. Então, ele rosna:
– Que merda de história é essa de que o babaca do Jackson é o seu namorado?
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Inabalável
RomanceSe apaixonar não estava nos planos de Clara, especialmente por um de seus alunos do Terceiro Ano. Mas aconteceu e é recíproco. John Berryann também se rendeu ao sentimento e os dois vivem um relacionamento escondido dos olhos de todos, sob as fachad...