Capítulo 07

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Bato com a cabeça na parede, confusa com tudo o que acabo de descobrir.

Isso quer dizer que o Andrew não foi o verdadeiro culpado? Que foi apenas um boneco nas mãos de outra pessoa? Não, não. Se ele concordou em fazer tudo o que fez, mesmo que tenha sido a mando de alguém, significa que é tão culpado quanto.

Afinal, ele poderia muito bem ter negado, certo?! Ou será que não?

Bem, indiferentemente de qual for a razão por trás de seus atos, não creio que fará com que seja menos responsável. Ele tem a sua parcela, de qualquer forma.

O que me leva ao segundo problema: se ele agiu com alguém, Deus, quem mais sabe que John e eu temos um caso? Isso é o que realmente me assusta agora.

Escorada o máximo que consigo na porta, sem denunciar a minha presença, volto a aproximar a orelha da madeira para saber o que falam. Meu lado bisbilhoteiro está mais ativo do que nunca. Sei que se eu for pega ouvindo conversa alheia, posso ser repreendida e ainda ficar com uma fama pior do que já tenho, mas eu não sairei daqui até saber o que de fato está acontecendo. É algo que envolve não só a mim, como ao John também. Eu tenho que correr este risco.

– Apesar de tudo o que fizemos, eles ainda estão juntos. – ouço-o dizer, cessando os seus passos – O que só confirma o que venho tentando lhe dizer desde que enfiou essa ideia estúpida na cabeça e por pura birra não quis escutar. O John ama verdadeiramente a professora Clara. Ele nunca se comportou dessa maneira por causa de uma mulher antes, nem mesmo por você, que tanto dizia ser a queridinha dele.

– O Johnie não ama aquela vadia velha! – ela grita, aparentemente contrariada.

Eu rio, desacredita. Mas quem essa piranha pensa que é?

A vontade de olhar para a cara da infeliz que acaba de dizer o que não deve, sobe em mim como labaredas. Mas, com muito custo, eu a detenho. Se souberem que estou aqui, vão parar de falar e assim não saberei de mais nada.

Preciso me acalmar. Tenho que me acalmar.

– Desde quando John Berryann ama alguém, Andrew? Hã? – a voz da bendita soa outra vez – Esse casinho ridículo com aquela professorazinha de quinta, que se acha a salvadora da Terra, não é mais do que um dos joguinhos dele.

– Você sabe que não é. E mesmo que fosse, ele está feliz com ela, enquanto você está aqui se remoendo de raiva. – o garoto diz e, inevitavelmente, deixo um sorriso escapar – Por favor, vamos parar logo com esse absurdo. Deixe que o Johnie viva a vida dele e vamos viver a nossa. Como eu disse, temos coisas mais importantes para...

– Eu não vou entregá-lo tão facilmente para aquela mulher.

– Você não tem que entregar o John. Ele sequer foi seu um dia, para que pudesse entregá-lo a alguém. – Andrew solta o ar com força e novamente seus passos ressoam na sala – Aquela época passou, não consegue entender?!

– Sempre fomos nós três, e então essa maldita Clara apareceu...

– Mas agora somos nós dois. – ele interrompe, um tanto nervoso – Nós dois e...

– Eu não quero que seja apenas nós dois!

– Só que as coisas são assim, droga! Uma hora ou outra iria acontecer, e poderia ser com qualquer um de nós. Você deveria estar feliz que o Johnie finalmente encontrou alguém que faz o coração dele bater e que também o cuida.

– Eu deveria cuidar dele, assim como...

– Você tem a mim, não é o suficiente? – pergunta e noto o seu timbre amargurado.

InabalávelOnde histórias criam vida. Descubra agora