ATO IV: CAPÍTULO TRINTA

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Beauchamp usaria o antigo escritório de Liam por um tempo. Ele tinha seus pés sobre a mesa e estava lendo o jornal. Seu guarda chuva preto pendurado na velha estante como um morcego que dormia.

No caminho até o Opera House repassei em minha mente os rumos que aquela conversa poderia tomar, mas não tinha certeza de que conseguiria me controlar. Vê-lo reclinado naquela cadeira de couro depois do que fez a Harry me deixou em um estado de fúria que me cegou. Por que ele fica tão confortável enquanto Harry está deitado em uma cama de hospital e Hans sob a terra?

Ele me olhou sobre o papel a sua frente e cruzou os tornozelos. "Veio se desculpar?"

Bati a porta do escritório com força. "Não."

Beauchamp inclinou sua cabeça prateada para o lado e ficou de pé. Rodeou sua mesa lentamente e se encostou na borda.

"Para onde você fugiu ontem?"

"Eu estava com Harry."

Ele franziu o rosto. "Então, Siegfried e Von Rothbart se reconciliaram."

Segurei o encosto da cadeira de madeira a minha frente. "Você tem que ir embora da companhia."

"O que?"

"Eu e Harry não iremos mais trabalhar com você."

Ele cruzou os braços de forma que demonstrava sua desaprovação assim como fazia quando era professor. "Isso é coisa do Harry? Ele te virou contra mim com as mentiras dele assim como ele fez com todos os seus amigos? Francamente, Louis, eu achei que fosse mais inteligente."

A cadeira prestes a se desfazer sob a força que eu fazia. "Eu acredito nele."

"Você acha que ele foi honesto com você?" Beauchamp balançou a cabeça. "Ele não sabe disso, mas há alguns meses fiz uma viagem à Moscou e conversei com seus antigos colegas. O que me contaram foi interessante. Muito interessante. Você sabe o real motivo de Harry ter largado o Bolshoi?"

Eu não o deixaria entrar na minha cabeça. "Não tenho interesse em nada que você tenha a dizer. Vá embora agora ou vou contar a Kenneth e a todos os bailarinos o que você é."

Suas sobrancelhas caíram e seu olhar de preocupação se transformou em escarnio. Esse era o verdadeiro Beauchamp. O homem que eu conheci no estúdio era apenas uma ilusão sem distinção de seu Polemon ou qualquer outro personagem que tenha interpretado no palco.

"Não estou gostando do seu tom, meu amor. Está sendo muito desrespeitoso."

"Com quem você acha que tá falando? Não sou uma criança."

"Você poderia ter me enganado." Ele piscou.

Rangi meus dentes. "Ontem foi um erro."

"Seu erro foi me trocar por ele. Você e eu ficamos bem juntos. Harry é um desastre. Ele mal consegue cuidar dele mesmo."

Bati a cadeira no chão. "E de quem você acha que é a culpa?"

Ele colocou uma mão sobre o peito, fingindo ignorância. "Não sei do que você está falando."

Eu não aguentava mais agir civilizadamente. Fui até ele. "Ele tinha quinze anos! Quinze!"

Beauchamp me olhou dos pés a cabeça. "Então é isso? Tudo isso por isso? Você está com inveja por eu ter comido ele e você não?"

Tropecei para traz.

Pensei que ele fosse ficar irritado. Negar tudo. Eu tinha o subestimado completamente; Ele não tinha vergonha do que fez e não temia ser descoberto. Não era um crime passional. Era à sangue frio. Calculado. Sua posição, seu dinheiro e suas conexões o faziam intocável e ele sabia disso.

flightless bird ♕ larry ♕ traduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora