Se possível, escute ao ler: When you're gone – Avril Lavigne.
Um mês se passou desde a morte de Richard e tudo caminhava para um iminente desastre. Não era o que Dânia queria e nem planejava, simplesmente não conseguia mudar essa realidade.
Luke estava cada vez mais introspectivo, quase não falava com ninguém, mal trocara umas poucas palavras com a mãe, mas só quando ela insistia. O pior em não ter Richard por perto, era o afastamento de Luke. Dânia sabia que se não fizesse algo rápido a respeito, não teria mais volta.
Ela era outro desastre ambulante. Se ao menos conseguisse se sentir um pouco melhor, seria mais fácil ajudar seu filho. Mas sentia como se a luz, sua alegria de viver, se apagava aos poucos...
Escutou a campainha e foi até a sala, sabendo quem estaria ali. Ao ver Rafael parado do lado de fora da casa, Dânia sorriu, por mais difícil que fosse. Rafael sempre foi um bom amigo para a família, mas depois da morte de Richard, estava sempre presente, sempre por perto para estender a mão quando precisassem.
Sua forma de agir sempre voltada para o bem, fazia com que Dânia o admirasse. Se um terço da população mundial fosse como ele, talvez ainda fosse possível uma salvação.
― Olá. Como está hoje? ― ele perguntou ao entrar na casa.
― Estou fazendo como a terapeuta disse: levando um dia de cada vez. ― suspirou e fechou a porta atrás de si. ― E você? Como está?
― Fazendo o mesmo que você. ― murmurou, encolhendo os ombros. ― E o Luke?
― No quarto. Ainda não quer ir para a escola e não vou forçar por enquanto.
Rafael assentiu com a cabeça e suspirou.
― Não é fácil para ninguém. Posso falar com ele?
― Claro. Fique à vontade. ― no instante seguinte, Dânia se viu novamente sozinha.
Em certa parte gostava de ter Rafael por perto, os ajudando. Entretanto, a presença dele a lembrava que era um militar e de que queria distancia deles. Ainda não aceitara como seu marido morrera e, só não fazia nada contra Rafael, pois além de ser falta de educação, seria sem sentido e cruel demais.
Ele tinha visto como tudo aconteceu, precisava tanto deles como eles precisavam de Rafael. Mesmo que a presença dele a atormentasse e fazia sua memória quase levá-la à loucura, teria que deixá-lo perto de si. Perto de Luke.
Sentindo seu coração oprimido pela dor e angustia, olhou ao redor da sala, procurando algo em que se focar e que a tirasse daquele estado.
Grande erro.
Seus olhos caíram sobre um porta-retratos que colocara em um lugar especial em uma pequena mesa que mantinha em um canto da sala. Caminhou até lá e o pegou, seu olhos se encharcando de lágrimas que não a deixavam de forma alguma.
― Richard... ― murmurou, sentindo sua garganta se fechar. ― Como você faz falta... ― passou a mão delicadamente pela foto que era uma das mais belas dele.
Richard trajava o uniforme completo, passando uma impressão de seriedade e patriotismo. Qualquer um que o visse, sentiria orgulho e pensaria que ele se fora cedo demais.
― Se eu soubesse que aquele seria o último abraço ― ela murmurou, com voz chorosa. ―, me agarraria em teus braços até que o vento da despedida passasse por nossas vidas, sem nosso amor arrancar...
*Não esqueçam das estrelas, amores.