Se possível, escute ao ler: Amor eterno – Camila
Luke não estava lidando muito bem com a morte do pai. Era visível que o fato o abalara além do normal.
Se ele fosse uma criança que tivesse se revoltado, se tornando até mesmo agressivo, seria compreensível. Muitas crianças quando perdem seus pais de uma forma tão prematura e sofrida agem assim. Mas esse não era o caso de Luke. Esse havia se tornado um garoto muito calado, não lembrando em nada o menino alegre e cheio de vida que sempre fora.
Isso se tornaria um problema ainda maior no futuro, Rafael sabia, pois ele mesmo passara por situação igual.
Era por isso que precisava agir rápido e não deixar que o garoto erguesse uma barreira intransponível ao redor de si, não deixando ninguém se aproximar. Caso isso acontecesse, seria um árdua tarefa conseguir derrubá-la.
Tinha de conversar com Dânia e explicar o que se passava, ajudá-la como pudesse.
Com isso em mente, deixou o quarto de Luke depois de tentar manter em vão, alguma conversa com ele e foi em busca da mãe do menino.
A encontrou sentada no sofá, de costas para ele e com os ombros caídos, quase em uma posição de derrota. Ela pareceu não perceber sua presença e Rafael aproveitou para se aproximar, fazendo o mínimo de barulho. Ao chegar suficientemente próximo, conseguiu ver o que ela tinha em mãos e escutar seu choro baixo.
Se lembrava do dia em que tiraram aquela foto de Richard. Rafael estivera ao seu lado, fazendo piadinhas sobre como ficavam vestidos assim e, depois do flash da máquina disparar, Richard caíra na gargalhada com uma piada pesada que Rafael fizera em relação a mulheres e uniformes.
Sentia falta de momentos assim, carregados de alegria e irmandade. Rafael não tinha irmãos, por isso se apegara tanto à Richard.
Aquele era seu irmão de coração.
Aquele era o pai de um menino encantador que precisava de ajuda.
Aquele era o marido de uma bela mulher, que chorava a perda de seu grande amor e companheiro.
Aquele era o filho de uma nação que perdera um grande homem e grande patriota.
Aquele era o homem à quem fizera uma promessa de vida e que cumpriria sem hesitar.
Ficou ali em silêncio, olhando para a mesma foto que Dânia fitava, sentindo sua dor e se perguntando como fazer para que ela sumisse de seu coração.
Escutou um suspiro profundo de Dânia e achou melhor fazer algo, antes que ela se desse conta de que a fitara por um bom tempo. Deu a volta no sofá e se sentou ao seu lado.
Quando ela ergueu seus olhos para ele, tão inchados e vermelhos, Rafael sentiu algo novo e que não deveria sentir.
Amor.
Foi naquele momento único que sentiu seu coração se expandir e encher de amor.
Não um amor carnal. Era algo puro, sem malícia. Um amor pleno.
*Não esqueçam das estrelas, amores. :*