Se possível, escute ao ler: Away from the sun – 3 doors down.
Mesmo sem tê-la consigo, não conseguia imaginar sua vida sem ela. Seu lamento por algo que de verdade não possuiria o matava por dentro. Se ao menos pudesse parar de pensar tanto em Dânia, tudo se tornaria um pouco mais fácil.
Por que continuar insistindo em um sentimento que só o machucava e que nunca seria correspondido? Por que a vida tornara tudo mais complicado? Já não bastava o que havia passado?
Maldita promessa que fizera a Richard! Maldita vontade de amar Dânia como louco. Maldito coração que não o obedecia!
Por que amar é algo tão lindo, mas que traz tanto sofrimento à quem o sente? Se o amor é algo que move o mundo, por que esse medo? Por que essa sensação de que traía seu amigo? Por que o ser humano transformara o amor em pecado?
Não escolhera amar Dânia, simplesmente aconteceu e poderia culpar quem fosse; Deus, destino, Dânia, Richard, ele mesmo... Mas nada mudaria. Continuaria amando-a acima de tudo, com todo seu coração.
Errado? Talvez. Mas ninguém precisava saber o que sentia, nem mesmo Dânia. Manteria seu amor guardado para si, como um triste segredo, mesmo que a amasse eternamente.
Se pudesse ao menos fechar os olhos e voltar no tempo...
Como havia prometido à Dânia que a ajudaria a pintar as paredes da casa, lá está ele, fingindo que trabalhava. Toda hora seus olhos se focavam em Dânia e seu coração disparava. Desde o singelo beijo que trocaram na semana anterior, não tocaram no assunto. E Rafael sentia um medo terrível de não conseguir disfarçar seu amor e que Dânia acabasse descobrindo.
Era horrível ter de combater tão fortemente tantos sentimentos ao mesmo tempo, principalmente um tão belo como o que sentia. Sua vontade era de poder dizer à ela que a amava, mas talvez ela entendesse errado seus sentimentos e poderia colocá-lo para fora de sua vida.
Não conseguiria sobreviver àquele golpe fatal.
O melhor seria continuar escondendo esse amor, para que de uma estranha forma, manter Dânia próxima de si e poder amá-la. Não era um gesto de egoísmo, era desespero!
Desespero de poder ter algo belo na vida ao qual se agarrar, se salvar.
― Está se sentindo bem, Rafael?
A voz de Dânia chamou sua atenção, o tirando de seus pesados e melancólicos devaneios.
― Disse algo? ― indagou, piscando os olhos.
― Perguntei se está bem.
― Estou ótimo! ― mentiu. ― Por que a pergunta?
Dânia arqueou a sobrancelha e apontou para a parede, sorrindo levemente.
― Porque você está pintando o mesmo lugar há vinte minutos.
Rafael olhou para o pincel em suas mãos e depois para a parede. O que fazer depois de ser pego no flagra? Qual a desculpa que daria?
― Eu... ― ele começou, mas logo se calou. Não tinha razões plausíveis para explicar seu deslize.
― Acho melhor tirar isso da sua mão. ― Dânia disse com bom humor, se aproximando dele. Ao pegar o objeto, Rafael o segurou com força, obrigando Dânia a fitá-lo nos olhos.
Tudo parou!
O tempo, seus corações, respirações, medos, temores...
O que aconteceu a seguir era inevitável e carregado de um amor inocente.
*Não esqueçam das estrelas, amores! :*