Capítulo onze

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Se possível, escute ao ler: I don't want to miss a thing – Aerosmith.

O doce momento em que seus lábios voltaram a se tocar era o mais aguardado. Mesmo sabendo que poderia soar como uma forma de traição a memória de Richard, nada poderiam fazer para evitar o que acontecia entre eles.

Era tão comum, tão natural como a água do mar era salgada, a Terra redonda. Tão natural como o nascimento e a morte. Contra esses fatos não existia controle, eles simplesmente existiam e aconteciam independente de qualquer coisa, ideologia, força maior...

Seria tolice lutar contra o sentimento que se alimentava de seus corações, de suas almas.

Seus olhos estavam grudados no outro, hipnotizados; seus corações batiam forte, como se dependessem daquele beijo para continuarem a viver.

Sopro de vida. De salvação.

Aquele beijo poderia ser comparado à isso: um belo sopro de vida que os salvaria dos seres humanos que se tornavam, que inevitavelmente se tornariam e que não queriam ser.

Os lábios se tocaram e um momento único, mágico, celestial, os uniu mais uma vez e, dessa vez, para sempre!

Sabiam que nada mais seria capaz ou teria força para separá-los. E, foi nisso em que se agarraram, na possibilidade de serem felizes juntos, de ter beleza outra vez em suas vidas, um quadro florido, cheio de cores vivas e brilhantes e não o preto e branco em que viviam.

Para Dânia até poderiam dizer que era cedo demais para se envolver com alguém, que mal haviam enterrado Richard ou, o mais cruel ainda, que o corpo não esfriara direito. Porém, ela não se importava.

Se Deus estava lhe dando mais uma oportunidade para ser feliz, amar e ser amada, não seria tola de questionar sua vontade. Era privilegiada por isso. Quantas pessoas não encontravam sequer um amor para chamar de seu e, ela o encontrou duas vezes...

Rafael pensava igual. Se Deus quis que ele se apaixonasse pela viúva de seu melhor amigo, alguma razão teria. E já não a questionaria. Aceitaria com fé e de bom grado. Entrefariam as fofocas desagradáveis que habitavam as línguas mais afiadas. Entrefariam todo o caos que fosse preciso, mas seriam felizes.

Já não era capaz de imaginar sua vida sem Dânia. Sem ela, voltaria a mergulhar no vazio e escuridão e, já não queria isso, não conseguiria sobreviver dessa forma. Seria triste e machucaria demais.

Levou suas mãos para a cintura dela, a puxando para perto de seu coração, sentindo o dela bater tão forte como o seu.

Ela o amava, soube disso tanto quanto o céu era azul. E ela também sabia que a amava. Estava claro, impregnado na forma carinhosa como ela o beijava. Não era necessário palavras para expor o amor que sentiam um pelo outro.

As mãos dela foram para seu pescoço e logo sentiu os dedos leves e formosos dela brincando com seus cabelos. Sim... poderia viver muito bem com aquilo.

Não ouviram o som de uma porta sendo aberta e nem poderiam. Estavam concentrados demais um no outro, no que sentiam...

Mamãe!

*Não esqueçam das estrelas, amores! :*

Pietate - Amor pleno.Onde histórias criam vida. Descubra agora