Capítulo oito

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Se possível, escute ao ler: Escondido – Luis Fonsi.

A lua estava alta e brilhava mais do que nunca, fazendo-o comparar com o estado em que seu coração se encontrava. Nunca, nunca pedira para amar alguém e, muito menos, que fosse a viúva de seu melhor amigo.

O sentimento de traição inflamava seu atormentado e rasgado coração, o enchendo de vergonha e, mesmo sabendo que não havia culpados nisso, não conseguia deixar de se martirizar.

O amor era assim. Quando a pessoa não esperava ou não o queria, acabava se tornando um sofrimento inevitável. Aliás, quem em sã consciência esperaria e pediria que o amor batesse à sua porta? Eram poucas e raras as pessoas assim. Poderia contá-las nos dedos. De uma mão.

O que Dânia precisava era de um amigo que a ajudasse a reerguer a vida e a cuidar do filho e, não de um tolo apaixonado como ele. Era nisso que deveria se concentrar; em ajudar Dânia e Luke.  A vida para os dois não seria fácil de agora em diante.

Claro que eles se restabeleceriam, mas isso levaria um tempo e, até lá, Rafael estaria sempre ao lado deles para o que precisassem. Essa havia sido a promessa que fizera à Richard, quando esse agonizava de dor, com o peito sangrando e jorrando naquele chão quente e arenoso.

A imagem de estar de joelhos em frente à Richard e tentando a todo custo estancar o sangramento, querendo adiar a inevitável morte enquanto o amigo declamava debilmente seu amor pela esposa e filho, o fazendo prometer com a alma que os ajudaria, ficaria para sempre na mente de Rafael.

Não importava o que seu terapeuta dizia, só quem passara por uma experiência traumatizante poderia entender como se sentia e como seria difícil esquecer tais imagens.

Era por essa marcante lembrança que Rafael deveria respeitar a memória de seu amigo e se afastar de Dânia. Mas como fazer algo assim, se seu coração arrebentava cada vez que se separava dela? Como fazer com que a dor sufocante do vazio o deixasse em paz? Como fazer com que seu coração e alma esquecessem aquele amor? Como se afastar, sabendo que a dor seria ainda maior?

Por mais que soubesse que deveria acabar com esse tormento, se recusava a agir assim. Precisava daquele amor para sobreviver, tanto quanto precisava de ar para respirar.

Sim, sobreviver. Uma grande parte de si havia morrido junto com seu amigo e, a única pessoa capaz de ressuscitá-la era Dânia. Seu amor por ela era ao mesmo tempo uma benção e uma maldição.

A última coisa que esperava ao voltar da guerra era se apaixonar, mesmo sabendo que isso o ajudaria a esquecer um pouco o que acontecera. O problema era por quem se apaixonara!

Tantas mulheres pelo mundo e ele tinha de amar justo aquela? Justo a que tinha o coração mais amoroso, os olhos mais calorosos e os beijos mais doces?

Sim!

*Não esqueçam das estrelas, amores! :*

Pietate - Amor pleno.Onde histórias criam vida. Descubra agora