Capítulo seis.

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Se possível, escute ao ler: Yo te puedo amar – Sin Bandera

A última coisa que Dânia poderia imaginar, é que sentiria algo diferente do que compaixão por aquele homem que a fitava com carinho.

Não sabia o que era, mas nunca o havia sentido. Se era errado ou não, não queria descobrir no momento. Só queria se agarrar a algo que não lhe recordasse a dor que se instalara tão fortemente em seu peito.

Suas mãos criaram vida própria e se pegou procurando pelas mãos de Rafael. De alguma forma, a dor deixou seus sentidos e o único que enxergava era aquele homem, que a fitava tão intensamente.

De um jeito estranho e mágico, seus corpos se aproximaram aos poucos, sem se tocar. Seus rostos eram separados por poucos centímetros, suas respirações quentes se misturavam e o tempo parava de correr.

Contrariando a razão e o que deveriam ou não sentir e pensar, seus lábios se juntaram em um doce e terno beijo, os esquentando lentamente por dentro de uma forma enlouquecedora e inovadora. Era algo tão carregado de simplicidade e ao mesmo tempo tão profundo, que o sentiam além de seus corações. O sentiam na alma.

Não tinha nada de sexo, com corpo. Era como se suas almas se fundissem, mesmo eles não querendo isso.

Era amor. Definitivamente era amor!

Amor puro, livre de sentimentos e paixões carnais, livre de amarras. Era amor em sua plenitude, em sua forma mais magnifica de ser.

Contra esse sentimento nada poderiam fazer. Ele acontecera em um momento de fraqueza, em que ambos tentavam tão fortemente esquecer suas próprias e únicas dores.

Um amor quando nascia de momentos assim, poderia se tornar algo maior e eterno.

Se queriam isso não sabiam. Não tinham como saber. A perda ainda era muito recente. Perderam algo, mas ganhavam outra preciosidade.

Como dizia o dito popular: “Se fecha uma porta, mas se abre uma janela.

Ao longe ouviram o som de alguma porta fechando e perceberam o quê e onde o faziam. Se afastar foi uma das mais duras lições que tiveram de fazer. Não queriam que o momento terminasse, mas não havia outra opção.

Os olhares se buscaram agitados. Ao mesmo tempo em que queriam se fitar, observar as emoções expressadas no rosto do outro, queriam evitá-la. Era inquietante o que levavam dentro de si.

Luke entrou na sala e nenhum dos três disse uma só palavra. O garoto desapareceu na cozinha e Dânia suspirou.

Em que estava pensando ao beijar o melhor amigo de seu falecido marido, em sua casa e, com o filho dos dois presente? Será que além de perder o amor de sua vida, também perdera o resto de sanidade que lhe restava?

Não podia se deixar ser tão fraca. Amava seu marido e respeitaria sua memória.

De súbito, se levantou e caminhou até a porta, a abrindo sem dirigir seu olhar para Rafael. Não seria capaz de olhá-lo no momento, estava abalada demais.

― Acho melhor ir embora, Rafael.

Não foi surpresa alguma vê-lo se levantar e sair de sua casa sem nem mesmo olhá-la.

Suspirou aliviada ao se ver sozinha outra vez, mas, por que sentia que uma parte de seu coração era retirada de dentro de seu peito?

*Não esqueçam das estrelas, amores! :*

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