Capítulo nove

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Se possível, escute ao ler: Climbing the walls – BackStreet Boys.

A vida não se tornava mais fácil, mas a cada dia que se passava ficava um pouco mais suportável. A dor e sensação de vazio continuavam ali, mas já não eram tão fortes como antes.

Com o tempo eles acabariam deixando de existir e, no lugar ficaria a saudade. Aquela saudade gostosa, que faz bem à alma. A saudade dos bons momentos em que viveram juntos, a saudade das risadas compartilhadas, dos beijos roubados, do amor que sentiam...

Com isso era capaz de viver, mas não com aquela dor que a dominava no momento.

O pior de ser viúva de um solado, era ver nos olhos dos outros a compaixão e ouvir deles que Richard morrera praticando o bem, servindo a pátria.

Mas que pátria era essa que mandava seus bons homens, maridos, filhos, irmãos, pais, tios, para uma guerra sangrenta e sem sentido? Que guerra era aquela que proclamava uma caça ao terror, se acabavam utilizando um terrorismo mascarado? Que guerra era aquela que matava inocentes, que deixavam mães sem suas crias e crianças sem seus pais, sozinhos no mundo?

A humanidade nunca entenderia que enquanto houvesse guerra, independente do motivo, não existiria paz no mundo?

Era isso o que a incomodava; quando alguém lhe dizia que Richard morrera fazendo o bem. Por mais que quisesse expor tudo o que pensava e sentia em relação a isso, se controlava e murmurava um breve “obrigada”. Afinal, a pessoa não tinha culpa de como Dânia se sentia. Não fora ela que mandara seu marido para longe de casa.

Talvez essa fosse a razão pela qual se apaixonara por Rafael. Por mais que ele conhecesse o sofrimento deles e o compartilhava, não havia em seus olhos aquela piedade que tanto a enfurecia. Ele sentia a mesma raiva que Dânia, mesmo sendo um soldado. Enxergava esse sentimento claramente nos olhos castanhos.

Não era na desgraça que as pessoas tinham a tendência de se juntar, se ajudar?

Sendo errado ou não sentir amor por aquele homem, não conseguiria arrancá-lo de seu coração e, talvez, nem quisesse. Já passara por tanto sofrimento em sua vida, então por que passar por mais um se a possibilidade de voltar a ser feliz estava ali batendo alegremente em sua porta?

Não gostava do fato de sentir isso por outro militar, pois no futuro poderia voltar a passar por essa perda horrível. Entretanto, por que se privar de algo que a faria feliz, que poderia recuperar sua vida?

Sabia o porquê; medo!

Medo de ficar novamente sozinha, o medo de ter seu coração dilacerado outra vez.

O medo era um dos piores sentimentos que o ser humano experimentava. O tornava fraco e até mesmo exposto.

Para que ter medo de amar? Para que ter medo de entregar seu coração nas mãos de outra pessoa?

Se entregar a esse amor não parecia tão ruim quanto se privar dele. Talvez Dânia devesse rever seus conceitos e, quem sabe, aceitá-los de uma vez por todas.

*Não esqueçam das estrelas, amores! :*

Pietate - Amor pleno.Onde histórias criam vida. Descubra agora