Capítulo sete.

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Se possível, escute ao ler:Could it be any harder – The Calling.

Deveria encarar aquele sentimento como uma traição ou não?

A memória de seu marido ficaria eternamente intacta, imaculada em sua mente. Mas o sentimento que a invadia com tanta ânsia, fazia com que questionasse se era ou não cedo demais para voltar a sentir amor dentro de si. E amor por outro homem. Esse era o problema, essa era a razão que a inquietava tanto.

O correto seria ainda estar de luto em respeito à Richard, sabia disso, mas seu coração não escutava sua razão. Ele se fingia de surdo e, quem pagava caro por tal ação era Dânia, que se sentia em uma sinuca de bico.

Se pudesse, o colocaria para fora de sua vida, mas não faria isso. Não era certo. Ele sofria tanto quanto ela. Também precisava ser ajudado...

Perder alguém tão amado doía no fundo do coração. A sensação era de ter uma adaga enfiada o mais profundo em seu coração, o rasgando e destroçando sem piedade alguma. E a cura para isso não era das melhores; só o tempo seria capaz de minimizar a dor. Não apagava, mas era um começo.

― Richard... ― ela murmurou ao fitar a foto que mantinha ao lado de sua cama. ― Me ajude. Me faça entender o que acontece. Não permita que eu enlouqueça, nosso filho precisa de mim o mais sã possível. Eu preciso dele...

À quem realmente se referia ao dizer “ele”? À seu filho, ou à Rafael?

Em seu íntimo conhecia a resposta, porém não a admitiria no momento. O pior cego era aquele que se recusava a enxergar a verdade.

Queria manter o máximo de distância de qualquer que fosse o homem, mas Rafael... Mas Rafael era diferente dos outros. Ele lhe passava uma aura tão calma, sempre com uma palavra de carinho ou uma mão em que se apoiar, que por mais que tentasse com todas suas forças que ainda possuía, não era capaz de se afastar.

O que não queria dizer que algo entre os dois aconteceria!

A única forma de carinho que aceitaria naquela relação era a de amizade. Rafael não seria nada mais do que um bom amigo. Não se permitiria pensar nele de outro modo! Caso se deixasse envolver com ele, a única culpada na história seria ela mesma e, se conhecendo tão bem, era consciente de que nunca se perdoaria.

A porta do quarto se abriu e Dânia se virou na cama, ficando de frente para Luke que estava parado no vão da porta, fitando a mãe com os olhos úmidos.

Meu Deus!, Dânia implorou, nos ajude a superar!

Ela se sentou na cama e abriu seus braços, em um convite mudo para seu filho que a entendeu perfeitamente e correu para o confortável e caloroso abraço da mãe.

Muitas vezes era só isso o que um filho necessitava: do abraço de mãe. Nada no mundo tinha o poder de confortar e acalmar como um abraço daquele.

Sentia Luke tremer e se agarrar à ela, com suas lágrimas correndo livres pelo seu rosto infantil e angelical. Naquele momento, odiou Richard. O odiou por ter abandonado seu filho, o odiou por ter colocado aquela guerra em frente à sua família. E sabia que aquele ódio todo não tinha fundamento. Ainda assim, o odiou por ter morrido.

Ele não ficaria ali para ver como a família teria de resistir e sobreviver de agora em diante.

*Não esqueçam das estrelas.

Pietate - Amor pleno.Onde histórias criam vida. Descubra agora