Capítulo 9

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Ruby, que ouvia tudo atentamente e tentando encontrar alguma maneira de me fazer sentir melhor, de repente ficou com uma expressão um tanto quanto confusa. Estava claro que queria me perguntar algo e não sabia se aquele era o momento certo, mas para mim qualquer pergunta que me distraísse daqueles pensamentos ou, melhor ainda, que ajudasse em nossos planos era bem vinda a qualquer momento. Sorri e disse que ela poderia perguntar o que estava em sua mente.

- Na verdade são duas coisas. A primeira é que não entendo como lágrimas podem ajudar a quebrar uma poção de esquecimento.

- É simples. Mas como eu disse, infelizmente ainda não posso te contar.

- Pelo menos me diga se é fácil de realizar esse retorno de memória.

- Sim. É bem fácil. – eu sorri.

- Mas você não vai me contar como é, certo?

- Não. Não vou. – continuei sorrindo, ainda não estava na hora de contar a que me referia. - E a outra pergunta?

- Ah... sim. O que você vai fazer com a adaga de Rumpelstiltskin? Vai controlá-lo de alguma forma para ajudar no plano contra Zelena?

- Não. Claro que não. Eu não sou a favor de controlar ninguém. Jamais faria isso com ele. Não me importa se ele é ou era ou sempre será "O Sombrio". Eu não vou controlá-lo contra ninguém, mesmo que esse alguém seja Zelena. – eu respondi. Não estava brava por Ruby ter me perguntado aquilo, de maneira nenhuma. A pergunta seria esperada mesmo, afinal, controlar Rumpelstiltskin seria ótimo para ter certeza de que os planos de Zelena fossem por água abaixo. Mas eu com certeza não era este tipo de pessoa.

- Você tem a adaga e não usaria para manipular Rumpelstiltskin em seu favor, mesmo que isso significasse sucesso total no seu plano de salvar sua mãe. Qual é? Você realmente acha que sua mãe e seu pai não gostariam de você? Olha o tamanho do coração que você tem! Nem nos momentos mais difíceis e desesperados você se deixa levar por alguma coisa que possa fazer mal a outra pessoa, mesmo essa outra pessoa sendo Zelena, sua maravilhosa tia que adoraria matar sua mãe.

- É. E como eu disse você pode agradecer exatamente a minha mãe pelo meu coração.

Ruby pôde perceber que muito pouca coisa me animaria naquele momento. Ela me olhava com compaixão e dava para ver que estava se esforçando muito para tentar encontrar qualquer coisa que pudesse me ajudar ou pelo menos arrancar aquela expressão de tristeza e frustração no meu rosto. Eu sinceramente não estava fazendo de propósito, naquele momento eu realmente estava sem vontade nenhuma de fazer qualquer coisa que fosse a não ser treinar, como todos os dias, para estar pronta quando enfrentasse Zelena. Bufei e sentei-me em uma poltrona de couro marrom que estava do lado esquerdo da sala da pequena cabana. Ela encostou-se na mesa perto da porta de entrada e cruzou os braços, tentando uma nova técnica ao me perguntar quais seriam efetivamente os próximos passos até a luta contra Zelena. Eu respondi que agora eram poucos, mas que tinha um que não fazia parte dos planos contra Zelena, mas era uma meta que eu havia colocado para mim e finalmente conseguiria fazer: limpar o coração da minha mãe. Ela arregalou os olhos e disse:

- Ok. Sobre isso eu realmente vou gostar de ouvir. Então, por favor, me diga que isso você pode me contar.

- Sim. – eu ri, esfregando os olhos. – Isso eu posso te contar sem problemas.

- Ótimo! Agora vamos! Você precisa de uma coisa que não tem aqui. Então você vem comigo.

- Para onde? Do que eu preciso? – eu me assustei.

- Granny's. Você definitivamente precisa urgente de uma bebida.

Não havia nada que eu pudesse fazer além de sorrir. Eu a olhei e revirei os olhos, brincando. Ela acenou com ambas as mãos para mim em direção a porta, chamando-me silenciosamente com aquele sorriso grande e aquela boa vontade que eu não tinha a menor idéia que poderia encontrar em alguém, por estar tanto tempo sozinha.

Blanck - Uma lembrança de amor em meio às trevasOnde histórias criam vida. Descubra agora