Capítulo 19

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Acordei tão assustada que parecia que eu acabara de sair de um pesadelo. Como a verdade era essa mesmo não tinha muito que me surpreender. Percebi que estava um pouco suada, mas aquilo também seria normal dado o fato de que no sonho eu estava dentro de uma sala que pegava fogo. Permaneci na cama durante alguns segundos me recuperando, mas logo percebi a gritaria do lado de fora da cabana.

- Ruby, nos deixe entrar, não vamos te machucar. Prometemos. – dizia um David determinado com uma espada em mãos, tentando se aproximar centímetro por centímetro da porta de entrada.

- Ruby, por favor... – seguia Mary Margaret.

Sem ser vista olhei pela janela e quase tive um ataque do coração ao ver aquele lobo rosnando firmemente enquanto todos os homens do meu pai, meu pai, Mary Margaret, David, Granny, todos os anões, Hook, Bella e alguns outros tentavam investir de todas as formas que conseguiam.

A casa já estava cheia de flechas presas nas predes, no telhado, nas janelas e nas portas. A única coisa intacta naquele lugar era Ruby. Pelo menos isso. Ela começou a avançar e ameaçar a todos, pata após pata, segurando a situação o máximo que podia. Seus dentes afiados mostra deixavam claro que ela não estava de brincadeira e não hesitaria em atacá-los e, caso necessário, matá-los se fosse preciso. "Ótima interpretação, Ruby", não pude deixar de pensar.

Eu sentia minhas pernas tremerem de desespero e ansiedade. Onde estava Henry? Provavelmente ele acordara com Emma e Regina bem na sua frente, então como sairia dali? Elas iriam impedi-lo com certeza de dar qualquer passo para fora da cama, imagine então vir correndo até a bruxa que roubou o coração do namorado de Regina. Nesse momento meu coração começou a entrar mais em pânico do que já estava, se é que isso realmente era possível.

Minhas preocupações com Henry triplicaram e eu estava quase indo lá fora me entregar para eles em troca de não encostarem um dedo sequer em Ruby. Eu poderia falar que, se me deixassem viver, eu tiraria o feitiço que coloquei nela para que fosse obrigada a me ajudar. Na verdade, essa era uma ótima idéia. Ruby ficaria a salvo, eu ficaria viva e ganharíamos tempo até que Henry conseguisse chegar até nós. Respirei fundo e fui até a porta da frente. Assim que a escancarei, gritei:

- Ora ora, parece que temos uma comissão de boas vindas para mim bem aqui na minha porta. Agradeço imensamente o carinho, mas não sou muito dada a demonstrações de afeto. – eles me olhavam um tanto assustados e Ruby me lançava um olhar esperançoso por um bom plano ou pelo menos uma boa explicação, o que infelizmente não seria possível fornecer. – Vejo que esqueci de reforçar o feitiço que protegia minha humilde residência. É uma pena que nos encontremos tão cedo, mas esse encontro caloroso iria acontecer de qualquer forma. – comecei a olhar por cima deles como se não soubesse quem estava lá e estivesse procurando alguém. – Não estou vendo Regina e Emma. Elas morreram, por acaso? – eu sorri.

- Não. Elas estão com Henry. Mas isso não te interessa. É melhor você vir conosco. Sabemos que não está com seus poderes, senão Ruby não estaria aqui te protegendo. – disse David.

- É verdade, eu não estou com... – dei uma pausa dramática - ... todos os meus poderes. Mas ainda tenho alguns. E os que eu tenho são suficientes. Quer ver? – sorri maliciosamente e estralei levemente os dedos. David foi empurrado para trás uns trinta centímetros, com pouca ou quase nenhuma força, apenas o suficiente para que se desequilibrasse. Mas logo se posicionou de volta.

- O que você fez com Henry? – perguntou Mary Margaret.

- Não me digam, deixem que eu adivinhe: ele não acordou. – pressionei os lábios fazendo uma falsa cara de triste. – Bom, eu não espero que isso vá acontecer tão cedo. – eles permaneceram me olhando sem saber o que fazer nem o que dizer, então completei. – Estou me sentindo boazinha hoje e resolvi que vou lhes dar uma escolha.

Blanck - Uma lembrança de amor em meio às trevasOnde histórias criam vida. Descubra agora