Dois meses haviam se passado, dois fodidos meses de provas, trabalhos e uma pressão que não sabia mais se era capaz de suportar, ainda estávamos no quinto mês do ano e eu já estava pedindo para desistir de tudo, escola, curso, vida social, família e todo os derivados.
Minhas pernas estavam sobre a cama enquanto o resto do meu corpo se encontrava jogado no chão, meus olhos já estavam inchados do choro de cinco minutos atrás, não estava mais fazendo questão alguma de secar as lágrimas presas nos cantos dos meus olhos, ou de abaixar o volume alto da música que tocava pelo rádio. Alex já havia batido três vezes na porta tentando entender o porquê de eu não querer sair do meu quarto e do meu ataque de choro, mas nem para ele eu estava disposto, meu querido pai já havia saído para o trabalho em pleno sábado, segundo ele “qualquer coisa era melhor do que olhar para essa cara de choro”, no momento que ele disse eu apenas fingi ignorar totalmente sua presença e o vi sair pela porta mais irritado que nunca, claro que aquilo havia doído.
E a briga da vez havia sido, mais uma vez, por causa da minha mãe, a mulher me telefonou logo pela manhã enquanto tomávamos o café, tudo teria ficado na mais perfeita ordem se o velho Iero não tivesse insistido mais de sete vezes para que eu colocasse no viva voz, fazia tanto tempo que eu não ouvia a voz dela, que mesmo com a estática, senti meu coração bater levemente mais forte logo que me chamou de filho, conversamos comigo sendo vigiado pelo meu pai, ele não gostava de nenhum tipo de contato que viesse dela, já que ela “me incentivava a ser meio gay com aqueles artesanatos dela”. Apesar dele não me dar privacidade alguma para falar com a minha mãe, não foi esse o real motivo de termos brigado, foi quando me despedi dela com a voz claramente chorosa por estar com saudades, e então ele começar a discutir comigo por isso, argumentando o quão “mulherzinha” eu poderia ser, e era por isso que ele detestava quando eu passava férias com ela.
Eu me limitei a só ouvi-lo durante um bom tempo, mas todos têm um limite, e o meu havia chegado a um bom tempo, foram meses cansativos, lidei com coisas e sentimentos diferentes, que ele nem ao menos se deu ao trabalho de notar, me matei para mostrar o meu melhor e a única coisa que ganho em troca era “você se parece com uma mulherzinha”. Nesse momento já estávamos gritando um com o outro, sim, ele berrou comigo e eu gritei de volta não aguentando mais tanta merda, foi quando eu recebi a pior frase que ele podia me dizer e com aquilo me calou pelo resto da discussão; “você apenas me fornece gastos e dor de cabeça, não pretendo ficar aqui vendo essa sua cara de choro”, a essa altura Alex já havia corrido até a cozinha para ver o que estava acontecendo, mas meu pai já tinha se levantado e quase me feito chorar ali mesmo, os outros ficaram atrás da porta vendo a coisa toda acontecer, como sempre.
O resultado disso foi eu me trancando no meu quarto e chorando tudo que deixei acumular durante as semanas, já que Mike continuou estranho comigo durante um bom tempo, Ray veio desabafar comigo sobre seus pais e Bob continuava no meu pé, não só na educação física, como na hora do almoço e em algumas aulas que dividimos, ele estava realmente me deixando preocupado, já que algumas vezes Gerard ia buscar Mike e conversava comigo também, e agora Bob estava me perturbando com isso. Descobri o que havia de errado com Mike apenas semana passada, que foi quando finalmente tomei a iniciativa e o perguntei o que estava acontecendo, ele pediu desculpas por estar me ignorando e contou que só estava se sentindo pressionado de uma certa forma, já que eu conversava com ele e o irmão dele, e então se desculpou mais uma vez por achar que eu estava contando as coisas para Gerard, aquilo me deixou um pouco mal, mas ao conversarmos melhor entendi que estava confuso e que era novo o irmão estar largando plantões no hospital para ficar com ele em casa. Enquanto a Ray, seu pai tinha voltado a beber além da conta e a ofender ele e a mãe, as coisas não andavam bem e tentei ajudar ele como pude.
Enquanto isso tudo acontecia eu tentava manter minha sanidade, por mais que eu tentasse desabafar com algum dos meus amigos, eu não conseguia descrever o que era aquilo que na maior parte das vezes eu julgava ser um vazio, então apenas tentei manter a calma durante os dois meses esperando por uma folga merecida.
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Don't Touch《Frerard》
Fiksi PenggemarFrank está sempre se metendo em brigas para defender os dois melhores amigos, Mikey e Ray, que sofrem bullying, e às vezes vai parar em um hospital por causa dos machucados que arruma nessas brigas. No hospital quem sempre atende ele, é o Dr. Way, o...