《12》Certo e Errado

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A recomendação de músicas da vez é:

Daddy Issues - The Neighborhood
Crush - Cigarettes After Sex

Boa leitura :)

[-X-]

O último final de semana foi a única coisa que realmente havia salvado a minha semana no geral, depois de passar aquele tempo com Gerard, meus dias apenas entraram em uma grande decadência. Meu pai continuava forçando e me pressionando uma namorada que não existia, o tal estágio que ele queria que eu fizesse, estava cada vez mais próximo de realmente acontecer e eu não podia fazer muita coisa a respeito, além de continuar enrolando até quando eu pudesse, sem Alex em casa, esse lugar ficava quase morto, o velho Iero ainda estava na sua rotina constante de trabalho e mais trabalho, que nem parecia que estava mesmo em casa, nunca tive uma grande intimidade com os outros empregados, desde pequeno quem cuidava de mim era Alex, então estava acostumado a vê-lo sempre para cima e para baixo, estava sentindo sua falta, era essa a verdade.

Ando até a varanda na parte de trás, na área da piscina, fazia tempo que eu não ficava ali apenas para sentar e passar o tédio, estive bem ocupado nos seis meses que se foram, sendo uma máquina de compromissos e redações sobre economia. Já me sentia saturado de tudo aquilo, se tivesse mais uma semana de aula, provavelmente explodiria em um surto de raiva, as pessoas no geral são umas desgraçadas, não importa onde você esteja, sempre vai ter alguém para tentar acabar com o seu dia, e no meu caso, eu tinha quatro. Patrick ainda queria revelar que sou gay para toda a escola, enquanto os mascotes dele continuavam pegando no meu pé, pelo menos não estavam mais mexendo com Mikey ou Ray. Bob era a quarta pessoa, a mais irritante diga-se de passagem, o garoto loiro não desistia nunca e o que mais estava me preocupando atualmente era Gerard acabar vendo e interpretar de uma maneira errada, já que Bob não fazia questão de ser discreto, até mesmo meu pai poderia ver e eu estaria encrencado duas vezes.

Sinceramente, não acho que ele realmente goste de mim, talvez me veja como um objetivo, talvez esteja do lado de Patrick nessa missão interminável na vida dele de me fazer sair do armário, se eu pudesse, eu mesmo sairia dele jogando umas verdades na cara do meu pai, claro, se eu não morresse de medo do velho Iero. Era uma coisa tão sem sentido na minha cabeça, ter que me sentar e falar com ele sobre a pessoa que eu estou transando, eu não precisaria fazer se fosse uma garota ao meu lado, mas eu tinha mesmo que contar isso a ele? Me expor para uma pessoa que não fazia questão de me compreender. A parte do medo não sei se posso julgar certa, eu cresci com essa imagem dele, e mesmo com dezoito anos, me sentia acuado na presença dele, apenas em pensar de falar algo assim me subia um pequeno frio na espinha, chegava a me deixar enjoado só de imaginar a reação dele.

Nunca foi fácil e agora não seria, quando eu paro para pensar nas possibilidades, sempre acaba com ele me expulsando de casa ou xingando até a minha quinta geração futura, lembro de ser repreendido diversas vezes quando criança, por pequenas ações consideradas “gays”, eu era apenas um menino, o que eu entendia sobre isso? Sobre certo e errado? Sempre soube do que gostava, mas tentei de verdade me fazer gostar de garotas, tive alguns casos, mas absolutamente nenhum conseguiu se sustentar por mais de algumas semanas. Era uma fase de negação, que olhando hoje, foi necessário para me fazer amadurecer e ver que eu estava sendo um babaca, tanto com as garotas que eu ficava, quanto comigo mesmo, com quem eu realmente era. É estranho, até mesmo para mim, me pegar pensando nessas coisas, meu pai devia ser a pessoa que me traz proteção, sensação de segurança, mas durante anos, a única sensação que tive perto dele foi de medo, quando falei em voz alta pela primeira vez, no hospital junto a Gerard, foi quando eu notei o efeito que o velho Iero tinha sobre mim.

Me sento na beira da piscina quando finalmente chego na varanda, coloco meus pés na água, observei a mesma se movimentar apenas naquele momento e logo voltar ao estado parado de antes, quando esses pensamentos me invadiam, eu só queria poder parar de pensar, seria melhor não pensar em absolutamente nada, do que continuar a me torturar com essas coisas. Encaro meu celular por longos segundos pensando se ligava para Mike ou Ray, os dois haviam me surpreendido nesses dias, agora que havia descoberto que estavam mesmo tendo alguma coisa, eles pareciam mais soltos e não faziam questão de esconder que estavam juntos para os mais próximos. Ainda não sabia se o Way mais velha estava informado sobre isso, mas na minha última conversa com Ray, ele já tinha conversado com a mãe, tendo uma resposta positiva em troca, Mike quem parecia mais reservado em meio a tudo isso, apesar de tudo. Decido por fim ligar para os dois, quem sabe algum deles me atenderia e estivesse afim de conversar. Eu não tinha muito o que fazer sozinho em casa, eles poderiam me fazer companhia.

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