Capítulo 7

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NÃO DEVERIA REDUZIR SEU MUNDO 
PARA CABER EM GENTE

Novembro, 2009

Havia poucas festas que Julieta podia ir que não eram relacionadas à igreja ou à família, e uma delas era organizada todo ano pelos alunos do colégio.

A comemoração anual reunia desde docentes, até discentes e familiares, e quase sempre tinha um tema diferente que proporcionava ótimas lembranças. O escolhido da vez havia sido o período medieval.

— Você está linda, filha. — Patrick tirou uma foto assim que Julieta apareceu na entrada do corredor. A jovem riu, se aproximando do pai e tapando a câmera com a mão.

— Já chega, pai. Precisamos ir — lembrou, alisando o vestido que usava.

Um sorriso amplo enfeitava seu rosto enquanto ela admirava a vestimenta, que era, claro, amarela, e lembrava muito uma roupa de princesa: margas largas e uma fita dourada que percorria a cintura e formava um adorável e discreto laço na parte de trás.

Além disso, havia uma linda tiara dourada adornando seu cabelo, naquele momento solto e mais enrolado do que de costume. Poderia ser uma fantasia improvisada, mas nem por isso chamaria menos atenção na rua ou na festa.

— Estão prontos? — Luciana perguntou ao aparecer na sala com os sapatos nas mãos e os pés descalços. A mãe de Julie sentou-se no sofá e começou a colocá-los.

— Sim — respondeu a filha. — Papai, o senhor já tirou o carro? — indagou ao pai, pegando o Nokia dele e discando para Mabel. Os pais da amiga não poderiam levá-la à festa e Julieta havia oferecido carona.

— Já vou tirar — Patrick respondeu, já saindo da casa.

— Mabel, passamos aí daqui a pouco — avisou assim que Isabela atendeu.

— Vou esperar na porta de casa — Maria concordou e desligou.

— Você está realmente linda, minha filha — Luciana elogiou e recebeu um sorriso de Julieta.

A menina se sentia dentro de um dos filmes medievais que assistia na Sessão da Tarde. A verdade era que mal podia esperar para chegar na festa e encontrar o seu príncipe. Matheus com certeza deveria estar lindo dentro de alguma fantasia medieval.

Pensou em ligar para Marina e perguntar se eles já estavam no colégio, mas sabia o quanto a amiga odiava falar por telefone e preferiu não incomodar e segurar sua curiosidade. Logo estaria lá e veria Matheus.

Alguns minutos depois, estavam passando na frente da casa de Maria Isabela e indo em direção à festa.

— Andei pensando em contar ao Matheus que gosto dele. Quero fazer isso hoje — Julieta sussurrou para a amiga, que arregalou os olhos, surpresa.

— Tem certeza? — Mabel questionou, em tom ainda mais baixo. Os pais de Julie conversavam nos bancos da frente, nem sequer prestavam atenção no que diziam as duas, mesmo assim, elas não queriam correr o risco de serem escutadas.

— Sim. Só espero não tremer muito — balbuciou, franzindo o cenho e mordendo os lábios.

— Chegamos — Patrick anunciou, estacionando o carro em uma vaga bem perto da escola.

Ainda não havia muitos veículos por ali, sinal de que as pessoas estavam chegando e eles não haviam se atrasado. Todos desceram do carro e logo Julieta viu Marina próxima ao portão. Com rapidez, Julie agarrou a mão de Mabel e a puxou até a outra amiga.

Os pais ficaram para trancar o carro e cumprimentar alguns amigos e conhecidos que estavam chegando. As três amigas adentraram o colégio animadas e não demorou para Julieta questionar Marina sobre Matheus.

As agridoces lembranças de Julieta (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora