Capítulo XI

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Não sei por quanto tempo correu a criatura que me segurava. E jamais saberia, pois estava sem a minha ampulheta. Só sei que muito tempo depois ele começou a diminuir o passo, e só então pude ter uma noção do que ele era.

Ele parecia um elfo como qualquer outro, só que era muito pálido, com cabelos compridos muito negros e olhos sem brilho. Eu olhei para ele, e ele retribui o olhar, dando um sorriso que mostrava os caninos pontiagudos.

Eu sabia o que ele era. Não sabia que nome dar àquilo, mas já havia ouvido histórias. Seres que se alimentam de sangue e são alérgicos à luz do sol. Aparentemente, a segunda parte era mentira, por que ainda era dia.

- Para onde está me levando? – perguntei, tentando esconder meu nervosismo.

- Para casa.

De qual casa ele estava falando? Ele sabia onde eu morava? Ou ele se referia à casa de Keelan? Ou pior... Se referia a casa dele? Acho que só saberia se perguntasse.

- De qual casa você está falando?

- Fique quieta. – ele disse – Se fizer muito barulho, outros virão e irão tomar você de mim.

Ele já se referia à mim como se fosse propriedade dele? O que ele queria comigo?

- O que quer de mim? – perguntei.

- Calada. – ele respondeu – Já estamos chegando.

Ele começou a dar saltos muito altos para subir em uma montanha. Chegando ao topo, havia uma caverna. Ele me arrastou até lá dentro, onde havia restos de uma fogueira que foi apagada. Me pôs no chão e começou a tentar reacender a fogueira.

- Vai me dizer agora por que me sequestrou? – perguntei.

- Não veja como um sequestro. Veja como um resgate. Eu te salvei das mãos daquele zombeteiro. – dizia ele, enquanto esfregava as pedras uma na outra para fazer fogo.

- Pensa que não sei o que você é? Sei bem que sua raça é muito pior do que qualquer zombeteiro.

- É isso o que pensa? Realmente não conhece o nosso mundo, conhece?

- O que quer dizer?

- Tudo o que eu faço de ruim é por sobrevivência. Eles fazem por pura maldade, ou para conseguirem o que querem.

- Você está errado. Keelan é um sujeito... Comum. Ele não é tão mal, depois que o conhece.

- Chama aquele zombeteiro pelo nome? Ele é o pior de todos. Não contou seu verdadeiro nome à ele, contou?

- Tive de contar, pois não tive escolha.

- Verdade? – ele parecia surpreso – Então ele vai acabar nos achando.

- Que ótimo!

- Não, isso não é nada bom. Nem para mim, nem para você.

- Que diferença faz? Até ele chegar, você já me devorou.

- Não te trouxe para cá para devorá-la.

- Então por que me trouxe?

- Vou transformá-la.

- Transformar-me?

- Sim, transformá-la em um ser da noite como eu.

- Por que faria uma maldade dessas? Pensei que agisse por instinto, e não por maldade!

- Estava precisando de uma mulher, e dei sorte de encontrar uma filha de Danna jovem e bonita. Vou transformá-la, porque a quero ao meu lado para sempre.

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