Capítulo VIII

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Foi uma queda dura, mas eu permaneci consciente. O barulho de minha queda foi tão alto que acordei a toda a vizinhança, e logo havia uma multidão de encantados me cercando. Ainda assim, a primeira coisa que fiz foi ver se a ampulheta estava inteira. Que sorte que aquela porcaria era resistente mesmo.

- Pela Deusa! – ouvi alguém cochichar – É uma humana!

- Uma humana? – outra voz dizia – Quem a trouxe para cá?

- Não fui eu!

- Nem eu!

Eu me sentei, e perguntei:

- Onde está Amelia?

- Ela está procurando Amelia? O que será que quer com ela? – elas murmuravam umas para as outras.

- Ela é minha irmã, e eu a quero de volta. – respondi – Se puderem me dizer também a localização de Keelan, ficarei agradecida.

- Ela quer ver Keelan! – disse uma fada de cabelos caramelados e asas de libélula douradas – Vamos levá-la até ele.

Então, várias fadas me seguraram pelos dois braços e começaram a me arrastar por aí. Elas me levaram até uma colina esverdeada com uma pequena porta de madeira, e bateram lá. Keelan atendeu.

- Rose! – ele disse – Estávamos a sua espera. Entre.

Eu tive de me abaixar para passar por aquela porta, e qual não foi a minha surpresa ao ver Colin tomando chá sentado no sofá da sala de estar.

- Colin! – eu corri até ele e o sacudi pelos ombros – O que faz aqui? Você ainda se lembra de mim?

- Se acalme, Rose. – Colin sorriu – Está tudo bem.

Aquilo me aliviou um pouco, mas a presença daquele elfo zombeteiro voltou a me deixar tensa.

- Onde está Amelia? – eu perguntei, num tom que era para tê-lo intimidado, mas acho que não funcionou muito bem, pois ele riu.

- Como vou saber?

- Você sequestrou meu irmão, e seus amiguinhos sequestraram minha irmã.

- Eu não sequestrei seu irmão.

- É claro que sequestrou! E bem diante dos meus olhos!

- Mas não era para cá que vocês queriam vir? Não foi um sequestro. Eu apenas facilitei para os dois. Se não o tivesse trazido e você vindo atrás de nós, nunca encontrariam a passagem.

- É claro que encontraria. Mais cedo ou mais tarde, e sem a sua ajuda.

- Acredite em mim, não encontraria. Seu irmão talvez, mas você não.

- Já sei, é porque eu não tenho fé nem imaginação.

- Não tem mesmo, mas não é por isso que você não deveria estar aqui.

- Então, qual seria o motivo?

- Vale dos Corvos já não é mais território dos iluminados. Agora é um lugar dominado por zombeteiros. Nós sequestramos humanos só por diversão, e não deixamos você entrar apenas por que queríamos ver a sua cara de raiva quando disséssemos que não podia.

- Está mentindo. Sei que existem regras.

- Só os iluminados seguem regras. Essas que você conhece, só valem para eles. – dizia Keelan, que conseguia me deixar cada vez mais nervosa – Você é uma filha de Danna. É claro que não havia nenhuma razão para não a deixarmos passar. E seus irmãos, só foram trazidos para cá para matar nosso tédio.

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