Capítulo XVI

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Finalmente abri os olhos, mas ao invés de sentir alívio, senti terror e repulsa ao ver que era Keelan quem me segurava no ar. Eu nada consegui dizer.

- Você ainda se lembra de quando nos conhecemos? – ele disse, ao me puxar para cima e me por em posição de dança – Nós dançamos no ar, como agora.

- Não estamos dançando, Keelan.

- Como não? É exatamente o que estamos fazendo. – ele disse, rindo.

- Muito conveniente de sua parte não ter apagado a memória do nosso primeiro encontro.

Ele me lançou um daqueles rápidos olhares de ódio, mas ele logo se desfez num sorriso dissimulado.

- Não sou eu que não apaguei sua memória, querida. Foi você que não quis esquecê-la.

- Por que deveria acreditar em você? Você só soube me manipular e fazer com que eu fizesse à sua vontade à força.

- Quem disse isso? Suas amiguinhas zombeteiras?

- Não, meus irmãos disseram. E agora que sei seu segredo, não pode mais me manipular.

- Tem certeza, Róisin?

- Tenho.

- Seus irmãos já sabem do momento íntimo que tivemos?

- Sim, eles já sabem.

- Então também já devem saber que você espera um filho meu. Um futuro rei do mundo das fadas.

- Não há como ter certeza que estou grávida assim tão cedo.

- Ora, por favor. Encantados reconhecem uma mulher grávida há milhas de distância. Elas quem não quiseram te contar.

Eu olhei para trás para olhar nos olhos das fadas que carregavam meus irmãos. Podia-se ler no rosto delas que dessa vez Keelan falava a verdade.

- Isso não faz a menor diferença. Nunca terá o meu filho. – eu disse.

- É mesmo? E como pretende me impedir de tê-lo?

- Sei o que pretende. Vai tomar o meu filho e depois se livrar de mim.

- Está enganada. Todo rei precisa de uma rainha.

- Não quero ser sua rainha. E se for preciso, eu mesma abortarei essa criança.

- Não está falando sério. Não teria coragem.

- Não me teste. O que você fez para gerar essa criança foi praticamente um abuso.

- Não te obriguei a nada.

- Você me manipulou.

- Será mesmo? Por que eu não acho que você saiba diferenciar o que foi hipnose e o que não foi.

- Já estou cansada dessa conversa. – eu disse, ao dar uma joelhada entre as pernas dele, o que fez com que ele me soltasse. Uma das fadas que estava livre veio rapidamente em minha direção e me segurou a tempo.

- Não devia ter feito isso. – disse a fada de cabelos vermelhos e olhos verdes.

- Não devia ter confiado em você?

- Eu poderia tê-la deixado cair.

- Eu preferi correr esse risco a ter de ficar nos braços de Keelan para sempre. – eu disse – Aliás, como ele está voando?

- Deve ter conseguido pó de fada. – disse ela. – Logo perderá o efeito. Tanto que ele já fugiu antes que desse tempo de despencar.

Para confirmar, olhei para onde ele estava e não vi mais nada. Ele só tinha pó mágico por tempo suficiente para me convencer.

Dançando no ArOnde histórias criam vida. Descubra agora