Capítulo XII

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- Pode encontrá-los para mim? – perguntei.

- Já vi o seu irmão. Posso trazê-lo, mas se ele estiver acompanhado por aquele elfo, terei que matar o zombeteiro.

- Não, não o mate! Não quero ninguém ferido!

- Ninguém ferido? – ele pareceu decepcionado – Não é assim que eu trabalho, querida.

- Se esforce. Sei que consegue se controlar, se tiver um pouco de boa vontade.

Ele soltou um grunhido, mas por fim aceitou meus termos.

- Quero que faça-o o mais rápido possível. – disse eu – Se formos agora, será melhor.

- Nós? O que quer dizer com nós?

- Quero dizer "eu e você", é claro.

- Você não vai.

- Por que não?

- Por que sei que na primeira oportunidade, irá fugir de mim. Sem contar que isso pode ser apenas um plano seu para voltar para aquele zombeteiro e fazer com que ele me mate.

Maldição. Ele era esperto.

- Mas... nem poderei ver meus irmãos uma última vez?

- Para quê?

- São meus irmãos!

- Se é tão importante assim, trago eles aqui para que se despedirem. Está bom para você?

- Estaria melhor se me levasse junto.

- Fora de questão. Partirei agora, e é melhor que esteja aqui quando eu voltar.

Engraçadinho. Como se houvesse alguma maneira de eu sair de uma caverna no topo de uma montanha.

Tudo o que me restava agora era esperar. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, já que tentar sair dali seria a minha morte. Parece que era o meu destino virar uma sanguessuga. Esperava que a transformação não doesse muito. Eu tenho baixa tolerância à dor.

Não fazia ideia de quanto tempo havia se passado, até porque estava sem a minha ampulheta. Mas pareceu uma eternidade até que Garvan voltasse com meus irmãos. Ele carregava cada um sobre um ombro, e ambos estavam desacordados.

- O que fez com eles? – perguntei, com medo de ouvir a resposta.

- Calma, só estão desacordados. Eles não queriam vir por bem.

- E quanto à Keelan? Você o viu?

- Está desacordado em alguma área perigosa da floresta, à mercê de animais selvagens e de outros seres como eu.

- O que? Por que o deixou assim? Não era o nosso acordo!

- Nosso acordo era que eu não o machucaria. Não preciso e não vou me responsabilizar pela atitude dos outros. Agora sente-se aí que eu tenho muito para lhe contar.

Sem escolha, sentei-me de frente para a fogueira apagada e vi quando Garvan despejou meus irmãos no chão como se fossem sacos de batatas. Ele sentou-se de frente para mim, e cruzou as pernas.

- Bem... – ele parecia não saber por onde começar, então foi direto ao assunto – Você sabia que o seu amigo é um príncipe exilado dos zombeteiros?

Ele disse tudo aquilo como se fosse nada, e me pareceu muito para digerir de uma só vez.

- Como?

- Eu sabia que o conhecia de algum lugar. Todos os conhecem. Ele não tem uma fama muito boa, sabe. – dizia ele – Tudo o que você precisa saber é que um indivíduo que é exilado pelos zombeteiros deve ter cometido algum crime muito grave.

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