BLACK ROSE - Escola de anjos

CAPÍTULO II

- Você realmente acertou agora. – Vejo Kim fazendo uma cara feia e não aguentei sem sorri do homem. Em todos os meus aniversários o cara fazia a mesma pergunta de sempre e mesmo eu dizendo um "não" bem lindo e em vários idiomas diferentes, ele comprava da mesma forma. Espero que esse ano ele perceba que realmente não gosto de ganhar presente dessa data.

- Não consigo entender o motivo de odiar tanto esse dia. Sei que seus pais estão mortos e que foi nessa mesma data, mas lembre-se que isso foi há muitos anos atrás. Tá na hora de você tentar alguma coisa diferente no dia do seu aniversário. Saia com algumas meninas, apronte, brinque... Seja você mesmo nesse dia incrível, cara. – Viro o rosto para a pequena janela do avião e ouço um suspiro vindo do mais velho. – Mesmo assim, Feliz aniversário.

- Obrigado, Parabéns para você também, foi o primeiro a me dar parabéns pessoalmente. – Ri ainda olhando para as nuvens, tentando fazer Kim esquecer aquele assunto por um tempo.

- Você sabe que mais de um milhão de pessoas já deram parabéns para você, Certo?

- Estou falando de Parabéns pessoalmente, Kim. – Reviro os olhos.

- Você está se sentindo bem em voltar para a sua cidade natal depois de 14 anos? – Sinto os olhares de Kim sobre mim e viro levemente meu rosto para vê-lo melhor, mas logo dou uma leve desviada de seu rosto para minhas mãos.

- Claro que sim, vai acabar logo. Sabe quem sou eu? Sou Jackson, eu posso tudo. E por que eu não ficaria bem? – Dou um longo sorriso e levanto a cabeça, mostrando ou atentando mostrar que realmente não estava ligando muito pra isso tudo. Sei que não deveria tá mentindo para um grande amigo, mas não sei o motivo de todo esse assunto está começando a deixar-me irritado.

- Fingirei que acredito nas suas palavras. Mas, tente dormir um pouco, não gosto quando você viaja e fica mais cansado que o normal, sempre fica muito estressado ou doente. – Não queria concordar com as palavras de Kim, mas o cara me conhece melhor do que qualquer outra pessoa. Tenho medo de conhecer-me melhor do que eu mesmo.

Mesmo que eu ame ficar conversando com Kim, queria muito fugir de todo esse assunto sobre mim e minha família. Então, para que formula melhor de fugir dos assuntos, se não o bom e belo sono?

Adormeço em minha poltrona extremamente aconchegante e após algumas horas, acordo com Kim me chamando de uma forma bem animada. Ao abrir os olhos, percebo logo à bela paisagem e belas matas por toda a cidade. Respiro fundo e sinto o ar de outra cidade, a minha cidade. Assim que o avião chega a pousar, desembarcamos e em logo estávamos com nossas malas.

Na saída do aeroporto, recebo mascara e um boné. Coloco os mesmos sem questionar, saímos caminhando calmamente até que alguém esbarra em mim e faz minhas coisas espalharem por todo o chão. Abaixo rapidamente para pegar meu celular, carteira, fones e outras coisas.

Assim que finalmente recolho tudo com ajuda do estranho, retiro minha mascara para agradecer e apenas paro olhando para a figura a minha frente. Arthur, parado na minha frente com algumas coisas nas mãos, seus belos cabelos negros, algumas tatuagens em seu pescoço e seus olhos negros olhando fixamente para mim assim como os meus para meu meio irmão.

Queria tudo nesse momento, menos olhar para a cara de Arthur assim imediatamente. Acho que o destino não se contentou em nos deixar apenas para o show, queria uma coisa maior e mais precisa. Porém, ver Arthur depois de anos, não me causou raiva, não sinto vontade de soca-lo nem nada que seria normais para nós dois. Apenas sinto uma leve fraqueza, pontadas em minha cabeça e em seguida um zumbido infernal em meus ouvidos. Deixando-me completamente indefeso e vulnerável a qualquer tipo de ameaça.

Vou de joelhos ao chão e em questão de segundos, meu rosto chega a encostar ao chão enquanto apenas vejo pessoas correndo até mim e não faço a mínima ideia do que tá acontecendo comigo. Mas, por favor... Alguém faça isso parar, dói muito.

19h00min PM

Algumas horas depois, desperto e apenas fico olhando para alguns lugares a minha volta, tentando me familiarizar com o lugar. Tentei pensar em alguma coisa que realmente fizesse sentido e foi ai que me veio lembranças do ocorrido no aeroporto. A dor insuportável em minha cabeça e logo uma pagina em branco em minha mente.

- JACKSON, JACKSON... –Kim adentra o quanto e fecha a porta com força, deixando minha cabeça tendo um leve latejo.

- O que foi agora Kim? Você tem que parar de ficar me gritando toda hora, sabia? Sem falar que você não sabe fechar a porra dessa porta um pouco mais devagar? Minha cabeça parece que ta dando a luz a outra cabeça. Uma dor dessa só pode ser isso, não é possível. – Cuspo as palavras e tento sair da cama devagar, mas acabo caindo nela outra vez e apenas começo a fazer birra como uma criança, rolando para lá e para cá até que esbarro em um corpo ao meu lado, me fazendo berrar e cair de bunda no chão.

- Você tá bem? – Kim corre até mim e me ajuda a levantar, ficando um pouco sem graça por saber que vou ficar extremamente estressado a qualquer momento.

- Que bosta tá acontecendo?! – Grito e logo coloco as mãos na cabeça por ainda sentir a mesma doer. – Responde Kim, ele tá fazendo o que no meu quarto?

- Calmo Jack, ele tá aqui por um bom motivo. – Kim tenta explicar calmamente, mas sei que se demorar muito eu posso até morrer do coração. – O empresário dele não fez a reserva adequadamente, acabou perdendo a vaga. Eu tive a ideia de colocar ele no mesmo quarto que você pelo fato de que vai ser coisa de dias, vocês irão mesmo tá no mesmo palco, então eu pensei que talvez não tivesse problema.

- Claro que tem problema, tem todos os problemas!

- Seria melhor trazer ele junto com você por causa da dor de vocês dois. Não foi só você que desmaiou. Arthur também sentiu o mesmo que você. – Respiro fundo para não perder o controle e ficar mais estressado do que já estava, então apenas começo a caminhar por toda a cobertura, finalmente encontrando um banheiro limpinho e agradável.

- Aonde você vai?

- Já são 19h00m, tá na hora de acordar sua princesinha pra ela não chegar transadinha no show.